Em gesto inédito de reconciliação, primeiro-ministro do Japão visita a base de Pearl Harbor, no Havaí, e manifesta “sinceras condolências” pelas vítimas do ataque, 75 anos atrás. Líder americano destaca aliança com Tóquio.
Por Gabriela Freire Valente
Em uma histórica visita à base americana de Pearl Harbor, no Havaí, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, fez um apelo para que o espírito de reconciliação e de tolerância cultivados entre Tóquio e Washington se espalhe pelo mundo e não permita que os horrores da guerra se repitam.
A presença do líder asiático no memorial flutuante USS Arizona, que sinaliza o local onde o homônimo navio de guerra dos Estados Unidos foi naufragado pelo ataque surpresa que culminou na entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, há 75 anos, marca a superação de ressentimentos entre os dois países.
“Somos aliados que enfrentarão juntos os muitos desafios que cobrem o globo. Nossa aliança é uma aliança de esperança, que nos levará para o futuro”, afirmou Abe, em discurso transmitido pela internet.
O premiê manifestou suas mais “sinceras condolências” às vítimas da ofensiva japonesa no Havaí e exaltou o respeito demonstrado pelos norte-americanos aos soldados de Tóquio que morreram na ação e ao povo japonês.
“Quando a guerra acabou e o Japão era uma nação queimada em ruínas, foram os EUA e seu bondoso povo que nos enviaram comida e roupas para vestir”, lembrou. “É o meu desejo que as crianças japonesas, as crianças americanas e todas as pessoas ao redor do mundo continuem a lembrar de Pearl Harbor como um símbolo de reconciliação.”
O presidente norte-americano, Barack Obama, considerou que a aliança entre EUA e Japão está “mais forte do que nunca”. “Os Estados Unidos e o Japão escolheram a amizade e a paz. Ao longo de décadas, nossa aliança tornou as nações mais bem-sucedidas”, disse. Lado a lado, os dois líderes depositaram coroas de flores em frente ao painel que lista os nomes dos militares que estavam a bordo do USS Arizona.
Sobriedade
A cerimônia em homenagem aos mortos foi descrita como breve e sóbria. Foi a primeira vez que um líder japonês visitou o memorial flutuante. Segundo a rede de televisão CBS, os dois líderes jogaram flores de tom lilás no mar. Na véspera, Abe visitou o cemitério nacional de Honolulu e prestou rápida homenagem às vítimas do ataque sepultadas ali.
A série de bombardeios completou 75 anos em 7 de dezembro. O plano de Tóquio era desarticular o aparato naval americano com um golpe certeiro em sua principal base no Oceano Pacífico. Na ocasião, mais de 2,4 mil pessoas morreram. O ataque falhou em destruir os poderosos porta-aviões dos Estados Unidos, que não estavam na base.
A visita do premiê retribui a viagem feita por Obama à cidade japonesa de Hiroshima, em maio passado. O local foi atingido por uma das bombas atômicas lançadas pelos EUA em resposta à ofensiva em Pearl Harbor. Obama depositou flores em homenagem aos mortos no bombardeio nuclear e esteve com sobreviventes do ataque. Assim como Abe, embora o americano não tenha apresentado um pedido de desculpas em nome do Estado americano, ele fez votos para que nunca mais o mundo testemunhe uma explosão atômica como as perpetradas por seu próprio país no Japão.
Ao longo dos oito anos de mandato, o democrata investiu na aproximação entre Washington e aliados asiáticos.
Embora o plano batizado de Pivô para a Ásia tenha perdido o protagonismo no governo americano, a Casa Branca considera que as simbólicas visitas não seriam possíveis oito anos atrás. O gesto de reconciliação, no entanto, ocorre em meio a incertezas sobre a política americana para a Ásia com a posse de Donald Trump, marcada para 20 de janeiro.
Abe foi o primeiro líder estrangeiro a se reunir com Trump após a eleição, em novembro.
“Somos aliados que enfrentarão juntos os muitos desafios que cobrem o globo”, disse Shinzo Abe, premiê do Japão. Os Estados Unidos e o Japão escolheram a amizade e a paz”, disse Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.
Conselheiro antiterror
Donald Trump selecionou um antigo funcionário do ex-presidente George W. Bush para ser conselheiro no combate ao terrorismo. Tom Bossert, que trabalhou como vice-conselheiro de Segurança Interna no governo Bush, será o assessor incumbido de ajudar o país a se defender de ameaças extremistas e de ataques cibernéticos.
Segundo a equipe de transição de Trump, as atribuições do conselheiro de Segurança Interna serão expandidas durante a gestão do republicano. Bossert agirá de forma independente do Conselho de Segurança Nacional, que será chefiado pelo general reformado Michael Flynn, e deve se concentrar nas ameaças ao território americano. Flynn, no entanto, cuidará aos desafios internacionais de segurança.
Por meio de um comunicado, Trump ressaltou que Bossert “traz enorme profundidade, conhecimento e experiência na proteção” do país. “Ele lidou com desafios complexos de segurança, contraterrorismo e segurança cibernética. Ele será um valorizado atino na nossa administração”, escreveu o presidente eleito.
Bossert integrava o painel de especialistas em ameaças cibernéticas do Atlantic Council, instituição especializada no estudo de questões relativas à segurança internacional. Na semana passada ele esteve reunido com Trump na residência do empresário em Palm Beach, na Flórida.
FONTE: Correio Braziliense
Muito bonito, mais não reconhece os horrores que fizeram na China e na Coreia, assim como os campos de estrupos coletivos que o exercito mantinham.