Os EUA continuam aumentando seu poderio naval no oceano Pacífico. Neste oceano já se encontram 60% dos seus submarinos equipados com armas nucleares.
O reforço da força naval presente nessa região foi planejado já há vários anos, e hoje o oceano Pacífico se está transformando numa arena da competição entre as maiores potências mundiais. Também Moscou dedica uma atenção especial a essa região.
Contenção e ameaça
No mundo moderno a disposição das forças navais mais importantes dos principais países serve de indicador seguro do clima político. Durante praticamente todo o período da guerra fria as principais forças navais dos EUA estavam concentradas no Atlântico, sendo a United States Second Fleet a sua maior força naval. Essa era a frota mais forte pela sua composição até meados dos anos 90, depois ela foi reduzida e, em 2011, foi finalmente desmantelada. A área do Atlântico pela qual a Segunda Frota era responsável foi dividida entre a Sexta Frota, que tem o Mediterrâneo como seu teatro operacional principal, e a Quarta Frota, que controla a área adjacente à América do Sul.
Nesse período a marinha dos EUA já tinha começado a transferir as suas forças principais para o Pacífico, para a zona da responsabilidade da Sétima Frota. O secretário de Estado da Defesa dos EUA Leon Panetta falou publicamente em 2012 sobre os planos para a concentração de forças no Pacífico, tendo referido a proporção desejável da sua distribuição entre os oceanos Pacífico e Atlântico como 60:40.
A marinha é o meio bélico mais flexível à disposição dos EUA, cumprindo tanto missões de dissuasão perante um potencial adversário, como exercendo funções de ameaça. O destinatário dessas ações no oceano Pacífico é evidente – a China, que está executando um programa de reforço importante da sua marinha de guerra que inclui os planos para a constituição de quatro grupos aeronavais. Se considerarmos que os EUA planejam manter no Pacífico seis porta-aviões, parte dos quais irá constantemente virar as suas atenções para o Golfo Pérsico e Oriente Médio em geral, a correlação de forças não parece muito desesperada para a China.
Contudo, o fator de ameaça criado pela marinha dos Estados Unidos continua sendo suficientemente importante de forma a evitar tentativas de desafio ao poderio naval norte-americano. Por seu turno, os EUA tentam colher dividendos da sua posição ao criar a componente naval do sistema de Defesa Antimísseis (DAM), aumentando fortemente a sua mobilidade e flexibilidade. Uma grande parte de navios equipados com mísseis interceptadores SM-3 também se encontra hoje no oceano Pacífico.
O tempo da Rússia
Temos de considerar que no planejamento militar norte-americano a Rússia ocupa hoje um lugar secundário, caso contrário a maior parte da marinha dos EUA continuaria concentrada no Atlântico Norte e no Mediterrâneo. A principal atenção no Extremo Oriente é dedicada à China, com o seu crescente poderio econômico e militar, e à Coreia do Norte, que representa uma ameaça devido à sua imprevisibilidade e a possuir armas nucleares. Foi precisamente o fator norte-coreano que motivou o envio para essa região de um número tão grande de navios do sistema DAM norte-americano.
O mesmo é válido para a Rússia: no planejamento militar russo os EUA deixaram há muito de ter o estatuto de adversário mais provável. Se nos referirmos ao oceano Pacífico, o cenário mais realista para a Rússia é a ameaça de uma possível operação militar por parte do Japão para recuperar os “territórios do norte”. Entretanto, essa possibilidade praticamente exclui um apoio ao Japão por parte dos Estados Unidos – estes precisam de boas relações com a Rússia em caso de uma confrontação com a China.
Já a Rússia está recuperando a sua presença no Extremo Oriente, incluindo com um planejado reforço da sua marinha de guerra. Nos anos mais próximos a marinha irá ser reforçada com novas corvetas e fragatas, submarinos, navios polivalentes de desembarque da classe Mistral e outros navios.
As prioridades da marinha também se alteraram: de uma competição direta com os EUA, a marinha russa alterou as suas missões para o reforço da defesa das Ilhas Curilas e para o combate à pirataria. No futuro, o oceano Pacífico deverá albergar a maior parte dos navios de guerra da Rússia.
Para Moscou a principal garantia de segurança nem são as armas, mas a manutenção de boas relações com os líderes regionais, a Índia e a China. Nessas condições a Rússia pode continuar a desenvolver a sua marinha no Pacífico sem receios de o programa ficar comprometido devido a fatores políticos externos.
Fonte: Voz da Rússia
“A marinha é o meio bélico mais flexível à disposição dos EUA, cumprindo tanto missões de dissuasão perante um potencial adversário, como exercendo funções de ameaça.”
Alguém por aqui deveria lembrar, e de pensar também, nisso na hora de financiar – e estruturar – o PAEMB da marinha. Ou vamos ficar aqui feito bestas nos ‘orgulhando’ eternamente de termos a maior, mais pacífica, e anti-imperialismo tupiniquim, guarda costeira de águas azuis do mundo.
O poder naval brasileiro não pode ser mais referendado nas idéias equivocadas, esquizofrênicas e estapafúrdias de uma mundo ideologizado e ainda dividido no tipo “nós contra eles, porque eles são maus e nós os bonzinhos”, porque simplesmente mais dia, menos dia, esse “eles” poderá ser quem menos esperávamos que fosse.
Um pouco mais de juízo e menos arrogância faria muito bem a algumas cabeças “pensantes” por aqui…