O ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, anunciou nesta sexta-feira (10) a assinatura de um contrato com a empresa Dassault Aviation no valor de 1 bilhão de euros (R$ 3,23 bilhões). A aeronave militar francesa ainda não conseguiu ter sucesso no mercado externo.
Depois do fracasso da assinatura de um contrato com o Brasil, que preferiu o sueco Gripen, o governo francês anunciou uma ajuda substancial para modernizar os caças Rafale que, até hoje, não foram vendidos para nenhum governo estrangeiro.
“Esse é um sinal claro da nossa vontade de investir no Rafale e em um setor estratégico como o da aeronáutica de combate. “[O objetivo] é manter o Rafale no melhor nível mundial”, disse Le Drian. O ministro da Defesa declarou ainda que o investimento na modernização da aeronave vai atender à demanda do mercado externo.
A atualização da aeronave militar vai equipá-la com o futuro míssil ar-ar europeu Meteor, considerado o mais avançado do mundo na categoria. O míssel também integra os caças europeus Eurofighter e os caças suecos da Gripen. Com as inovações, a fabricante Dassault espera que o Rafale seja mais competitivo internacionalmente.
O investimento do governo francês também deve servir para reduzir o impacto da queda do ritmo de encomendas da Dassault. A empresa fornecia 11 caças Rafale por ano para as Forças Armadas francesas. Mas, com o novo orçamento, serão apenas 26 caças para os próximos seis anos.
A entrega dos primeiros Rafale de nova geração, conhecidos como “F3-R”, está prevista para 2018. A primeira versão do caça foi lançada em 2004.
FONTE: RFI
Amigos,
Sobre as operações do Rafale em combate, vejam o resumo que segue:
AS OPERAÇÕES DE COMBATE DO RAFALE
Afeganistão, Líbia e agora Mali: o Rafale atuou com sucesso em todos os conflitos em que as Forças Armadas francesas participaram desde 2002.
Os Rafales da Marinha francesa voaram primeiro no Afeganistão no início de 2002 e, desde então, tiveram um papel essencial nos conflitos na Líbia e no Mali. O caça omnirole, com sua impressionante capacidade de transporte de carga, seu raio de ação extremamente longo, seus potentes motores turbofan, seu estupendo desempenho aerodinâmico e com o seu conjunto de sensores no “estado da arte”, tornou-se uma das mais eficientes aeronaves de combate até hoje projetadas, como demonstrou em ação.
Afeganistão
De 2002 a 2011, os Rafales da Marinha e da Força Aérea francesas cumpriram vários deslocamentos para operar no cenário Afegão, tanto a partir do porta-aviões Charles de Gaulle como a partir das bases avançadas no Tajiquistão e no Afeganistão.
O padrão F1 do Rafale da Marinha francesa foi o primeiro a operar na área, quando o Charles de Gaulle posicionou-se no Oceano Índico em 2002, 2004 e 2006. Mas foi somente em 2007, com a chegada dos Rafales do padrão F2 da Força Aérea e da Aeronaval, municiados com bombas guiadas a laser GBU-12, que as primeiras armas de precisão foram usadas em combate.
Os Rafales da Força Aérea Francesa foram inicialmente baseados em Dushanbe, no Tajiquistão; mas, nas campanhas subsequentes, os Rafales da Força Aérea foram para Kandahar, para diminuir o deslocamento e reduzir o tempo de resposta. Os Rafales franceses não tiveram dificuldades para se integrar às redes de combate lideradas pelos americanos, e as tripulações usaram os enlaces de dados Link 16 para compartilhar informações com outras forças. Centenas de demonstrações de força foram realizadas, e dúzias de bombas guiadas a laser GBU-12 e armas de precisão HAMMER foram lançadas sobre as forças Talibãs. O canhão 30M791 provou também ser uma arma ar-solo muito poderosa, e milhares de obuses de 30 mm foram disparados com precisão cirúrgica. Durante a operação mais recente do Charles de Gaulle na área, do fim de 2010 ao início de 2011, o pod de reconhecimento Reco NG foi usado operacionalmente pela primeira vez, para ajudar a localizar forças inimigas e alimentar o quadro tático multinacional.
Na Líbia
O Rafale teve papel decisivo na Líbia quando o caça omnirole “abriu o caminho” para permitir aos demais caças aliados operar como quisessem sobre Tripoli e no resto do País. Em 19 de março de 2011, no primeiro dia da Operação Harmattan, oito Rafales da Força Aérea Francesa decolaram de Saint-Dizier e, com apoio de reabastecimento em voo, cumpriram missão com ida e volta à Líbia. A primeira leva foi composta por quatro Rafales em uma configuração ar-ar, cada um com seis mísseis MICA EM/IR e outros dois equipados com o pod de reconhecimento Reco NG e seis mísseis MICA. A segunda leva foi composta de dois Mirages 2000D, quatro Mirages 2000-5F e dois Rafales (com armas de precisão AASM). Naquele dia decisivo, caças omnirole definiram uma zona de exclusão aérea (no-fly zone), lançaram armas de precisão contra veículos blindados e coletaram dados de inteligência para atualizar bases de dados conjuntas e bibliotecas de ameaças.
Durante os dias seguintes das operações aéreas aliadas, os Rafales cumpriram inúmeras missões de Contraofensiva Aérea (OCA – Offensive Counter Air) para alcançar superioridade aérea, impedindo que os caças e helicópteros fiéis ao governo da Líbia decolassem de suas próprias bases. A ameaça ar-ar foi então avaliada pela OTAN como muito baixa ou insignificante, mas os pilotos do Rafale ainda poderia ser atacados em uma última tentativa líbia de recuperar a superioridade aérea. Os Rafales B e C da Força Aérea logo vieram a ser acompanhados dos Rafale M, que operavam a partir do navio-capitânia da Marinha Francesa, o porta-aviões Charles de Gaulle.
ISTAR e SCAR
Uma vez estabelecida a superioridade aérea, as missões se voltaram para Informações, Vigilância, Aquisição Tática e Reconhecimento (Intelligence, Surveillance, Tactical Acquisition and Reconnaissance – ISTAR) e para a Coordenação de Ataque e Reconhecimento (Strike Coordination And Reconnaissance – SCAR). Ataques planejados contra alvos chave também eram realizados para destruir a infraestrutura e as redes de comando das forças leais ao governo líbio. Rafales voando em missões de reconhecimento ou de ataque sobre a Líbia permaneceram completamente capazes de dar apoio ar-ar com seus mísseis MICA. Em várias ocasiões, foram redirecionados em voo para investigar e identificar alvos aéreos detectados nas proximidades de suas áreas de responsabilidade. As missões de ataque e reconhecimento do Rafale sempre foram conduzidas sem nenhuma escolta dedicada (os Rafales voaram as chamadas “missões de autoescolta”). O radar RBE2, o Link 16, a Optrônica do Setor Frontal – OSF e o sistema de eletrônica SPECTRA ajudavam os pilotos a manter uma excelente consciência situacional de todo o cenário. Assim, os Rafales permaneceram o tempo todo prontos para contra-atacar e engajar caças inimigos. Caso fossem interceptados, poderiam destruir a ameaça aérea com seus MICA durante a própria missão, tendo a capacidade de passar instantaneamente de uma missão ar-solo para ar-ar, o que provou ser uma vantagem decisiva. Usando o enlace Link 16 para gerenciamento de batalha, sequenciamento e desconflito de voos, as tripulações do Rafale compartilhavam dados em tempo real com outras forças no campo de batalha, para construir um quadro tático geral e inequívoco. O SPECTRA também permitiu às tripulações do Rafale identificar, localizar e designar sistemas de defesa aérea, e várias baterias fixas e móveis de SAM foram atacadas e destruídas pelas armas de precisão AASM.
Ataques com Scalp
Apresentando-se com sensores e armas de última geração, o Rafale causou devastação nas forças aliadas ao governo líbio, e novas armas foram usadas pela primeira vez, incluindo os mísseis de cruzeiro Scalp. Em 23 de março de 2011, dois Mirages 2000 D de Nancy; dois Rafales B (Força Aérea) de Saint-Dizier; e dois Rafales M (Aeronaval) do porta-aviões Charles de Gaulle voaram uma missão conjunta de força mista de ataque em profundidade contra um aeródromo no distante interior do território líbio. Cada um dos dois Rafales B carregava dois Scalps, quatro MICA e dois tanques subalares de 2.000 litros; enquanto cada Rafale M carregava apenas um Scalp sob a estação central, mas também portava os mísseis MICA e tanques de combustível.
O Scalps foram usados em mais dois ataques: em 27 de março, dois Rafales B e dois M lançaram quatro mísseis em outro aeródromo, ainda mais distante, no deserto da Líbia. Em 10 de agosto de 2011, dois Rafales da Força Aérea voaram uma missão conjunta com quatro tornados italianos e da RAF armados com mísseis de cruzeiro Storm Shadow. No total, quatorze Scalps foram lançados pelos Rafales na Líbia, com precisão devastadora.
Identificando forças inimigas
As forças da coalizão passaram dias em busca de inimigos furtivos, mas, com o Pod Reco NG, os caças Rafale foram capazes de identificar incontáveis unidades inimigas. O Rafale é a primeira aeronave de combate francesa capaz de executar uma missão de reconhecimento e disseminar os dados pelo campo de batalha quase em tempo real. Além de diminuir o ciclo sensor-atirador (sensor to shooter loop), o Pod Reco NG, em última análise, aumenta a capacidade de seleção e reconhecimento de alvos durante a missão, uma vez que o piloto e o operador do sistema de armamento podem reproduzir, voltar e editar as imagens estáticas e os vídeos gravados durante o voo. Ao autor do artigo foram mostradas imagens adquiridas pelo Rafale M da Marinha francesa, mostrando uma bateria de canhões autopropulsados Palmeria, de 155 mm, que estava bombardeando civis a partir de posições bem escondidas em um subúrbio. Rastros na areia ajudaram os analistas de fotos da Marinha francesa a localizarem os canhões, e os Rafales armados com AASM logo foram capazes de destruí-los e acabar com a matança.
Em 19 de março, a Força Aérea francesa começou a estabelecer uma base operacional em Solenzara, na Córsega, para diminuir o tempo de trânsito até o teatro de operações. De Solenzara, os Rafales voavam rotineiramente com três tanques de 2.000 litros para minimizar a demanda sobre a sobrecarregada força de reabastecimento em voo. Uma carga de armamento padrão incluía quatro mísseis MICA e de quarto a seis bombas GBU-12 guiadas a laser ou um número equivalente de AASM. O reabastecimento em voo era um problema menor para a Marinha Nacional, já que o Charles de Gaulle navegava a menos de cem milhas náuticas da costa do Líbano.
Na Líbia, os Rafales das forças Aérea e Aeronaval operaram pela primeira vez em um conflito de alta intensidade e provaram ser incrivelmente versáteis, voando todo o espectro de missões dedicadas à moderna aviação de combate. De acordo com todos os participantes, a aeronave comportou-se exatamente como era esperado e manteve disponibilidade em torno de 95% durante o conflito.
Mali
Quando, em 11 de janeiro de 2013, os jihadistas tentaram forçar pelo norte uma entrada para tomar Bamako, a capital do Mali, os helicópteros das forças especiais francesas reagiram imediatamente e impediram o avanço das colunas ‘técnicas’. No dia seguinte, os caças Mirage 2000D e F1CR decolaram da base operacional avançada de N’Djamena, no Chad, para atacar os jihadistas e apoiar os helicópteros da ALAT (Aviation légère de l’armée de terre – Aviação leve do Exército francês). Mas isso não foi o suficiente, e logo se tomou a decisão de atacar os depósitos de munição do inimigo ao redor de Gao, em um esforço para destruir as bases de suprimento jihadistas. Quatro Rafales, igualmente divididos entre modelos C monopostos e B bipostos, partiram da base aérea de Saint-Dizier, no leste da França, e rumaram para o sul com apoio de aviões de reabastecimento (cinco reabastecimentos em voo foram realizados durante a missão completa). Os caças estavam armados com seis GBU-12 ou seis AASM. Ao todo, quatro alvos principais foram atingidos por 21 bombas antes que os Rafales curvassem para o leste em direção a N’Djamena, onde pousaram com segurança após voarem nada menos que 9h35min.
Tirando vantagem da infraestrutura de apoio existente em N’Djamena, a Força Aérea francesa rapidamente estabeleceu um destacamento de Rafale que logo aumentou para seis e, em seguida, oito aeronaves vindas das bases aéreas de Saint-Dizier e Mont-de-Marsan, mais 100 pessoas, incluindo 20 pilotos e operadores de sistemas de armamento. Esse destacamento ainda executa missões de ataque, interdição aérea, apoio aéreo aproximado e ISTAR.
Como a distância de N’Djamena até a area das operações passa de 2.000 km, o Rafale é o recurso de combate perfeito: graças ao seu grande raio de ação, o caça provou ser ideal para um cenário de combate onde aviões de reabastecimento são escassos, distâncias são muito grandes e alternativas para pouso são poucas e distantes entre si. Operando de N’Djamena, os Rafales voam com três tanques de 2.000 litros, um pod de designação Damoclès, dois mísseis ar-ar Mica e quatro ou seis armas de precisão, sejam GBU-12 ou AASM. As missões são voadas com o apoio de aviões de reabastecimento franceses baseados também em N’Djamena ou em Abidjan (Costa do Marfim); ou ainda, de reabastecedores KC-135R da Força Aérea Americana baseados em Moron (Espanha); demonstrando assim, mais uma vez, uma total interoperabilidade com as forças americanas. As missões típicas geralmente duram de cinco a oito horas, e as armas são regularmente lançadas contra uma variedade de alvos, às vezes em apoio direto a combatentes aliados no solo. Os Rafales também se tornaram importantes provedores de imagem aérea e de informação vital para as forças aliadas na África, graças ao Pod Reco NG. Esse sistema é totalmente capaz de fotografar alvos pequenos e em trânsito a partir de longas distâncias, enquanto realiza reconhecimento de pré-ataque, avaliação de danos de batalha e reconhecimento por vídeo. Com seus sensores precisos, o Rafale agora assumiu definitivamente a tarefa de reconhecimento na África, no lugar do desatualizado Mirage F1CR.
Abraços,
Justin