Por Roberto Caiafa
As Forças Armadas Brasileiras querem expandir suas capacidades estratégicas graças ao SGDC, um satélite que em breve irá melhorar as comunicações militares e civis no país. O lançamento desta nova ferramenta de defesa está prevista para o final de 2016 ou início de 2017.
Como foi dito à infodefensa durante a celebração da Eurosatory 2016 em Paris, a planta industrial da Thales Alenia Space (TAS) em Cannes, cidade no sul da França, é o local onde o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) está passando por complexos testes para simular as condições encontradas no espaço. Pesando 5,8 toneladas e medindo cinco metros de altura, ele está sendo testado entre outros procedimentos, montado em um suporte que vibra, imitando as condições de lançamento.
Nos meses de junho e julho estão previstos os testes de comunicações. Dentro de uma câmara anecóica (que não reflete as ondas de rádio), serão avaliadas as qualidades do sistema e das antenas responsáveis por transmitir e receber os sinais.
O primeiro teste feito no satélite, ao final de março, foi de natureza térmica, com o equipamento colocado em uma câmara de vácuo e submetido a temperaturas entre 100°C a 125°C.
As avaliações fazem parte da fase final de preparação para o lançamento previsto para o final de 2016 ou início de 2017, a partir de Kourou (centro de lançamentos da Agência Espacial Europeia), na Guiana Francesa. O SGDC ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra cobrindo o território brasileiro e o oceano Atlântico.
Uma vez em órbita, o satélite vai se comunicar com uma antena de 18 metros de altura, 13 metros de diâmetro e 42 toneladas, localizada em Brasília (DF). Uma segunda antena similar, instalada em um centro de controle secundário (backup de missão) ficará no Rio de Janeiro (RJ).
O projeto, resultado de uma parceria entre os ministérios da Defesa, das Comunicações e da Ciência, Tecnologia e Inovação, é um investimento da ordem de R$ 1,7 bilhão. A expectativa é para que ele entre em serviço no primeiro semestre de 2017, após um período de ajustes, e permaneça ativo durante quinze anos.
Usando a banda Ka, o SGDC poderá transmitir e receber até 54 gigabites de dados por segundo, sendo considerado pelo Governo Federal como prioritário para expandir o acesso à banda larga em regiões remotas do país. Ao mesmo tempo, por meio da banda X, o satélite será utilizado para transmissões militares, como por exemplo, fornecer o sinal de guiamento para as ARPs estratégicas Hermes 900 e Heron/Caçador, operadas respectivamente pela Força Aérea Brasileira e Departamento de Polícia Federal, ou facilitar o enlace de dados e comunicações digitais entre navios e aeronaves da Marinha do Brasil operando no litoral.
Qualificando Recursos Humanos
A participação brasileira na construção, montagem e testes qualifica mão de obra altamente especializada nos procedimentos e também nas dificuldades práticas encontradas em cada área de atuação (térmica, mecânica e comunicações), trazendo ganhos importantes obtidos por meio de transferência de tecnologia.
Cerca de 30 profissionais, egressos da Agência Espacial Brasileira (AEB), Telebras, Visiona (pertencente ao Grupo Embraer), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Ministério da Defesa, que acompanham o processo, dedicamse a uma ou mais áreas específicas. A presença de militares e civis brasileiros faz parte do processo de absorção de tecnologia (ToT) contratado a Thales Alenia Space.
Em março de 2015, e atendendo a esse contrato, foi inaugurado o Centro Tecnológico Espacial da TAS, no Parque Tecnológico de São José dos Campos, região que concentra a maior parte da alta tecnologia aeroespacial brasileira e cidade berço de empresas como a Embraer.
O domínio de uma visão geral sobre o funcionamento, desenvolvimento e fabricação do SGDC é considerado pelas organizações brasileiras como um passo importante para que o Centro de Operações Espaciais (COPE) possa, futuramente, especificar e contratar novos satélites, tanto em relação à infraestrutura de solo como a parte espacial.
O conhecimento detalhado adquirido vai permitir a identificação e resolução de possíveis falhas de funcionamento durante os 15 anos de vida útil do satélite.
A expertise transferida pela Thales Alenia Space também será útil em projetos futuros de novos satélites com capacidades em sensores ópticos e radares.
FONTE: Infodefensa.com
FOTOS: Autor/Thales
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