Depois de 135 anos, a Guerra do Pacífico vai acabar. Na segunda-feira, 27, um tribunal das Nações Unidas divulga a nova fronteira entre o Chile e o Peru.
O redesenho desse pedaço do mapa da América do Sul é o tema político mais relevante e sensível para 57,8 milhões de pessoas que vivem nos territórios a oeste de Brasília. Sinais de acordo são evidentes. “Espero que nunca mais tenhamos um problema de fronteira com o Peru”, disse ontem o presidente chileno Sebastián Piñera, enquanto o líder peruano Ollanta Humalla reafirmava “a convicção nos nossos argumentos, sem que se deva confundir com triunfalismo”.
A guerra começou em 1879. O Chile invadiu o Peru e a Bolívia. O confronto naval e terrestre durou quatro anos. Os chilenos tomaram o porto de Arica – mais tarde devolveram a cidade de Tacna ao Peru – e fecharam a saída boliviana para o mar, deixando o país sem portos.
No rastro da derrota floresceu o desejo de vingança, que balizou a política externa e militar do Peru e da Bolívia – jornais bolivianos ainda publicam editoriais semanais incitando o governo à retomada da rota perdida para o Oceano Pacífico. Foi um fator determinante na corrida armamentista chilena e peruana.
A Guerra do Pacífico chegou ao século XXI nas sombras. Prova viva é o suboficial da Força Aérea do Peru Víctor Ariza Mendoza, de 37 anos. Na pele de “Oscar”, sem físico ou resquício do arquétipo James Bond, ele trabalhou anos em silêncio como espião chileno pago pelos governos socialistas de Ricardo Lagos (2000-2006) e Michele Bachelet (2006-2010) no coração do Departamento de Planos e Operações do comando aéreo peruano, em Lima. Para os chilenos, foi uma fonte valiosa, porque naquela seção transitavam informações sobre os projetos bélicos e as operações de espionagem da Aeronáutica, do Exército e da Marinha peruanos.
Com acesso ao inventário diário do material de guerra, e a detalhes do estado operacional de cada equipamento, sua localização, rotas de transporte e áreas de armazenamento, “Oscar” repassou a Santiago, por exemplo, cópias do “Plan Maldonado”, para reequipamento da Força Aérea peruana com caças MIG-29, Sukhoi-25, Mirage-2000 e Airbus-37B; dados, fotografias e planos das principais bases e posições dos aviões de combate; os códigos diplomáticos da embaixada no Chile; os programas de reparo de aviões e de helicópteros, além das identidades de espiões peruanos.
Por coincidência, no período em que atuou, o Chile alavancou as compras militares. Lagos e Bachelet gastaram quase US$ 10 bilhões no bazar mundial de equipamentos bélicos. Os peruanos Alejandro Toledo (2001-2006) e Alan García (2006-2011) responderam com a duplicação das aquisições. A Venezuela, sob Hugo Chávez, entrou no jogo, multiplicou seus gastos por cinco – e passou a financiar parte do orçamento militar da Bolívia de Evo Morales. O Brasil, por razões domésticas, se conteve no projeto de construção de um submarino nuclear.
Descoberto em 2009, “Oscar” foi condenado a 35 anos de prisão. Em janeiro do ano passado recebeu mais 15 anos, por lavagem de dinheiro (foram localizados US$ 156 mil pagos pelo Chile em suas contas bancárias nos Estados Unidos).
Os governos do Chile e do Peru anunciam um feriado informal para o dia 27, quando se prevê um novo mapa de fronteira. É o fim de uma guerra de 135 anos na América do Sul.
Fonte: O Globo
Só para tirà as minhas duvidas quêm vai paga com tudo isso sem aver nenhuma disputa territorial ? Serà que ñ averà ném um confrito de ambas as partes ? Se aver algum conrito amardo ñ serà apenas ” um Israel contra Palestino disputando territorio” serà um caus.
Notícia espetacular .
Nenhum tiro foi disparado, esse resultado não foi conseguido somente com as partes envolvidas, acredito que reuniões da Unasul tenham discutido essa pendência para um final de consenso, acho que toda a América do Sul ganhou com essa decisão de todos.
Quem não vai gostar são os que torcem contra , trabalham para dividir e governar , a favor de interesses estrangeiros contra interesses regionais .
Parabéns ao continente.
Muito obrigado ao Lionel e FCarvalho.
Novamente se prova porque é através de blogs na internet que a informação é tratada com a devida responsabilidade.
Eu acho que a guerra vai é começar…
Apenas para esclarecimento.
A disputa das fronteiras terrestres entre Chile e Bolívia, na realidade trata-se do pleito boliviano de acesso ao mar.
Este assunto está na pauta do CIJ em Haia e os envolvidos devem apresentar até 17/4/14 Bolívia) e 18/2/15 (Chile) seus respectivos memoriais de defesa e contra defesa, respectivamente.
Ou seja, este outro tema, pela complexidade vai demorar muito.
A matéria do “Globo” parece que misturou dois assuntos absolutamente diferentes.
O tribunal é o Tribunal Internacional de Haia.
A Bolívia tem outros instrumentos de recursos legais sobre este assunto sendo julgados também, em separado, neste mesmo tribunal.
A matéria não explica muita coisa, como de costume na imprensa geral no Brasil, por pura e simples falta de entrosamento/interesse com o tema.
No mais, o jornalista é passional tanto na chamada do texto quanto no conteúdo. Obviamente não tem qualquer intenção de informar, mas meramente dar a conhecer o fato ao público.
Por outro lado, a chamada do texto é equivocada e novamente passional. Não existe qualquer indício de que peruanos e chilenos irão acatar, tranquilamente, o resultado do julgamento, vistos os recentes investimentos feitos em defesa nos anos recentes e o que o Peru vem fazendo também sob a administração atual .do presidente Omalla.
Melhor esperar mais um pouco para se saber realmente se este dia encerrá por vez este conflito, ou se será apenas o início de outro.
A ver.
Parece haver alguma confusão nesta notícia cuja origem seria “O Globo”.
Na segunda-feira, dia 27/01/14 haverá uma sessão na Corte Internacional de Justiça, sediada na cidade de Haia – Holanda, presidida pelo Juiz Peter Tomka, cuja decisão, vinculante e inapelável, instará Peru e Chile a reverem sua disputa de delimitação de fronteira marítima.
Este tribunal é o mais importante órgão jurídico da ONU.
Esta decisão esperada irá propiciar um ganho considerável de área jurisdicional ao Peru.
Não há nenhuma menção à fronteiras terrestres!
Se há esta disputa terrestre na ONU não consegui localizar. Este tema sempre constou da pauta política de Peru e Bolívia. Sempre me pareceu que o Chile não queria conversa sobre isto.
Se o mapa acima tem algum fundamento e expectativa de se concretizar é outra estória, e aí haveria algumas questões geopolíticas para a América do Sul que seriam fantásticas discutir!
Mas que tribunal da ONU é esse que o nome não foi anunciado na matéria? E como esse tribunal , aparentemente, não levou em consideração o envolvimento da Bolívia no mesmo evento de 1879? Aliás O Globo poderia ter, no mínimo, adicionado informações sobre a reação da Bolívia a esse acordo.