Uma empresa de tecnologia militar chinesa surpreendeu a militares e físicos de todo o mundo esta semana quando anunciou que havia desenvolvido um novo radar capaz de detectar aviões stealth à 100 quilômetros de distância.
O avanço se baseia em um fenômeno conhecido como entrelaçamento quântico, que Albert Einstein chamou de “ação fantasma à distância”.
China Electronics Technology Group Corporation (CETC), um dos grupos industriais militares “Top 10”, controlado diretamente pelo governo central, disse no domingo que os fótons emaranhados do novo sistema de radar, detectou alvos à 100 quilômetros de distância em um teste de campo recente. Isso é cinco vezes a “faixa de potencial” de um protótipo de laboratório desenvolvido em conjunto por pesquisadores do Canadá, Alemanha, Grã-Bretanha e Estados Unidos no ano passado.
Segundo informações da Agência de Investigação de Projetos Avançados de Defensa dos Estados Unidos, a Lockheed Martin também está desenvolvendo sistemas de radar com entrelaçamento quântico para fins de combate, de acordo com relatos da mídia, mas é desconhecido o status atual deste projeto militar.
Em um comunicado publicado em seu site no domingo, o CETC o novo sistema terá valores importantes na aplicação militar. O professor da Universidade de Nanjing, Ma Xiaosong, que estudou o radar quântico, disse que “não tinha visto nada como isso em um relatório aberto.”
“O alcance efetivo relatado pela comunidade científica internacional está muito aquém de 100 km”, disse ele. Um militar pesquisador de uma universidade no noroeste da China disse que o alcance real do novo radar poderia ser ainda maior do que aquele anunciado pelo CETC.
A física quântica diz que se um par de fótons é criado entrelaçado, dividindo o fóton original com um cristal, uma mudança com fótons emaranhados afetam imediatamente o seu gêmeo, independentemente da distância entre eles. Um radar quântico, gerando um grande número de pares de fótons emaranhados e disparando um ar duplo, seria capaz de receber informações importantes sobre um objeto, incluindo a sua forma, localização, velocidade, temperatura e mesmo a composição química da pintura, com o retorno dos fótons.
Isso soa como um radar normal, que usa ondas de rádio, mas o radar quântico seria muito melhor para detectar aviões stealth, que usam materiais e revestimentos especiais para reduzir as ondas de rádio que se desviam, tornando-os indetectáveis no ambiente. Em teoria, um radar quântico poderia detectar a composição de um alvo, posição e velocidade, mesmo sem conseguir recuperar um único fóton de volta, sendo capaz de capturar o ruído de fundo do retorno dos fótons, porque as ações de ligação com seu fóton gêmeo, facilitariam a identificação.
FONTE: CNBC
Muito interessante Ricardo Godinho… grato pela explanação
Primeiro vamos esclarecer uma coisa: fóton é uma partícula subatômica sem massa, portadora da força eletromagnética (isto é, ela transmite uma quantidade dessa força gerada num ponto material a outro ponto material). A sua emissão é discreta, no sentido matemático, isto é, a fonte “arremessa” pacotes de fótons separados entre si. Não é como esticar uma corda de um ponto a outro, é como disparar zilhões de bolhas entre os pontos.
Para a física, toda emissão eletromagnética é “luz”, e sujeita aos efeitos óticos que conhecemos mais comumente nas faixas da luz visível. Então, toda onda eletromagnética, que nada mais é do que a emissão de fótons se deslocando no tempo e no espaço, pode ser detectada, modificada, manipulada como a luz visível. Há, neste exato momento, dezenas de pesquisas em curso para determinar quais materiais são mais adequados para tal ou qual faixa de frequência, do Infravermelho extremo (ondas de até um milimetro de comprimento) até os raios gama de alta energia, na casa dos quatrilionésimos de milimetro.
Dito isto, a tecnologia padrão de radar consiste em iluminar um objeto com feixe razoavelmente concentrado de ondas eletromagnéticas e, aproveitando as propriedades inerentes à luz, captar o reflexo dessas ondas. A tecnologia stealth se baseia em reduzir ao máximo o reflexo, seja pelo uso da geometria da superfície do objeto, seja pelo uso de materiais que absorvam as ondas ou produzam uma reflexão “desviada”.
Há uma corrida feroz em busca de novos materiais “sintéticos”, chamados de metamateriais, que produziriam uma absorção completa das ondas, ou as guiariam ao longo da superfície do objeto. Todas as grandes potências, e algumas médias, como a Coréia do Sul, já produziram algum progresso nessa direção, mas, via de regra, o metamaterial sob funciona bem em condições criogênicas, em temperaturas quase sempre próximas do zero absoluto. Obtido um metamaterial que pudesse tornar o objeto “invisível” à radiação eletromagnética, a tecnologia de radar, tal como existe hoje, seria absolutamente inútil.
Partículas, no nível subatômico, possuem propriedades diversas. A mais popularmente conhecida é o spin, espécie de direção da rotação da partícula. Quando duas partículas são entrelaçadas quanticamente, uma dessas propriedades é, por assim dizer, cravada em ambas. Tomando grosseiramente o spin como exemplo, se uma o apresenta orientado para a direita, a outra também o terá. Se essa propriedade for alterada em uma, não importa a que distância se encontrem, mesmo que estejam cada uma numa “borda” do universo, a outra terá a propriedade modificada do mesmo modo.
Um radar de entrelaçamento, portanto, não depende do reflexo da onda. Depende de emitir um par de partículas entrelaçadas, separá-las, enviar uma em um feixe e outra a um dispositivo de detecção da propriedade usada para entrelaçá-las. E de um software que possa separar os desenlaçamentos decorrentes do choque da partícula com o ar, os pombos, os urubus, etc, daqueles ocorridos por contato com um objeto de interesse da detecção.
Considerando que a manutenção do entrelaçamento fora das condições controladas do laboratório é extremamente difícil, um alcance de 100 km é absolutamente extraordinário, mas talvez inútil diante de armas de alta velocidade, como mísseis hipersônicos de cruzeiro com capacidade de manobra, se a velocidade de reação do sistema de defesa não for bastante elevada. Detectar, determinar um curso de interceptação inicial, disparar, monitorar o curso do alvo e corrigir (se for possível) o curso do contraataque, em uma distância tão curta, pode ser fatal. E mais ainda se, ao invés de mísseis de cruzeiro hipersônicos (de velocidades sempre inferiores a 10.000 km/h, nas melhores previsões para os próximos anos), o sistema estiver enfrentando MIRVs reentrando a 18 mil, 24 mil km/h. Essas velocidades deixariam menos de 5 segundos para todo o processo de detecção e reação.
Para finalizar, acho que esse é um blefe tão grande como o dos americanos e seu canhão de laser que não assusta ninguém. Existe, funciona, mas não é nada prático em um campo de batalha real…
Stealth não é uma porcaria imprestável. .. lógico que chineses e russos tem interesse… Não é sempre que um radar quântico estará de prontidão para capta-los , mas é claro que deter tanto a tecnologia de furtividade quanto a de detecção é melhor ainda.
Emgraçado que mesmo com esse mirabolante “radar quântico” os chineses continuam investindo no J-20 e no J-31, aeronaves furtivas. E o mesmo se dá com os russos quanto ao T-50….
É por essas e outras que toda vez que vejo o anúncio de alguma maravilhosa tecnologia de detecção de aeronaves furtivas por esses dois países( China e Rússia), eu não consigo conter o riso…
Isso ai daqui a uns anos não será mais novidade
A Russia mesmo já tem radares capazes de detectar aeronaves furtivas
Topol,
Quis dizer tanto artefatos de elevada velocidade quanto os railguns.
Quando os primeiros estiverem verdadeiramente disponíveis ( mísseis hipersônicos ou artefatos suborbitais que utilizam energia da reentrada ), então o ataque estratégico se tornará extremamente difícil de ser evitado. Isso sim pode teoricamente sepultar o stealth como arma estratégica, já que será teoricamente mais barato lançar uma arma de solo pátrio e faze-la chegar ao seu destino.
E quanto aos railguns, quando estiverem disponíveis para sistemas anti-aéreos, isso irá reduzir significativamente o gap de tempo entre o alerta e o tempo de voo do artefato até o alvo ( no caso, a aeronave ), reduzindo a quase zero a “no scape zone”.
Já a tecnologia desse radar de fótons, na teoria é tudo muito “certinho”. Mas na prática não é bem por aí… Até onde sei ( não sou físico… ), propagar fótons pelo ambiente é mais difícil que as próprias ondas EM em si. Há muita dispersão e perda de energia… E tudo, no final, se resume a alcance e precisão… Saber que tem uma coisa lá não significa necessariamente que se pode engaja-la; ainda mais do solo… Mas se chegarem mesmo a um sistema que localize com precisão uma aeronave a mais de 200 km, então já é coisa pra comemorar…
Resumindo, penso que é a junção desses elementos que decretará a “inutilidade” do stealth. 1 – um “radar anti-stealth” funcional com alcance e precisão o bastante para servir para a orientação para direção de tiro a longa distância. 2 – Armas anti aéreas de elevada energia cinética e laser. 3 – Armas de ataque hipersônicas e/ou de voo sub-orbital ( ex: Falcon HTV-2 ). Aliás, esse ultimo item, a arma de voo sub-orbital, pode não somente decretar o fim do uso estratégico do stealth como também das próprias armas nucleares em si…!
“…porta aviões voador do coronel Fury…” kkkkk
A tecnologia do radar quântico é baseada em radiofotonica, que por sua vez é a fusão de radiofrequencia com “ondas óticas”… como sabemos fótons não tem massa e carga, razão pela qual antenas fotonicas serão imunes a impulso eletromagnético e outras técnicas como jammers para embaralhar o sinal…
Pela natureza dos materiais a serem utilizados de imediato se tem uma redução de tamanho e peso de até três vezes em relação aos radares atuais, a velocidade de exploração e a resolução chega a ser dezenas de vezes melhor…
Segundo Vladimir Mikheev (diretor da KRET) o trabalho com este novo radar é projetado para 4 ou 5 anos e será realizado em 5 etapas distintas , a primeira fase foi concluída em 2015 e compreende uma estrutura complexa de engenharia que compreende um laser de alta potencia, fotodetectores, e conversores para transformar uma forma de energia em outra: a partir de ótica a radiação de microondas
Segundo ele um sinal (chamado de ROFAR) de banda ultra larga permite obter quase que uma imagem de TV na faixa de alcance do radar…
ou seja, avião para ser “stealth” com esse novo método de detecção vai ter que ser invisível igual o porta aviões voador do Coronel Fury… e ainda por cima cheiro de material RAM e tecnicas de forma para escapar dos NEBO VHF, ou seja, tchau stealth, foi um prazer conhecê-lo…
RR não entendi o que você quis dizer sobre as “armas de elevada energia cinética”, poderia descrever melhor o raciocínio, está se referindo aos rail guns ?
Sim, Topol. Voar alto e rápido é sim uma solução… Não ouso negar isso…
Ocorre que os mísseis também estão evoluindo… Novos sistemas de propulsão hora em teste permitirão a mísseis BVR subir para além do voo comum com grande eficiência e alcance. Aliás, experiência assim não são novidade… Mísseis como o AIM-54 Phoenix ( 30000 metros de altitude ) e R-37 ( 25000 metros ) dão o tom do que se pode ter apenas com o que já está presente e pronto hoje… Ou seja, na pior das hipóteses, voltamos ao velho jogo dos anos 60.
E mesmo que todos os desafios acerca dessa tecnologia sejam resolvidos, quanto tempo até esse sistema ser adotado em larga escala…? Quanto tempo até haverem caças dotados disso…? E principalmente: quem terá acesso a essa tecnologia…? Eu particularmente acredito que será uma daquelas tecnologias que quem desenvolve, guardará a sete chaves ( louco será quem entregar isso e perder uma clara vantagem tecnológica )…
Por isso mesmo os russos gastam com PAK FA e pensam sério no PAK DA. Pelo menos pelas próximas duas décadas, o stealth deverá permanecer sendo essencial para o equilíbrio de poder. E mesmo assim, ainda será melhor ser stealth que não ser, visto que a maior parte dos sistemas permanecerão sendo os convencionais que conhecemos pelo menos por essa geração tecnológica…
Particularmente, acredito que o dilema somente vai ser resolvido com o desenvolvimento das armas de elevada energia cinética. Aí, pouco vai importar mesmo…
Por essa razão a Rússia investe na reabertura da linha do TU-160 com incremento de potencia para voo na troposfera e velocidade supersônica… compensa mais do que investir em um avião limitado aerodinamicamente e subsônico que no final das contas poderá ser detectado de qualquer forma, sendo assim o melhor a fazer é projetar um avião que seja o mais veloz possível e que voe o mais alto que puder para se livrar de interceptadores, pelo menos os dos EUA que não tem um MIG-31 para colar na rabeira lá em cima !
Estava numa discussão de engenharia numa universidade daqui do Rio, e fi discutido exatamente os avanços da China no campo da física quântica, que apesar de parecer algo novo, já recebe investimentos por lá a anos, e tem resultado em equipamentos como este, inclusive, o primeiro satélite por comunicação quântica foi lançado a pouco tempo pela China, isso deixa claro que os chineses estarão na vanguarda dessa tecnologia pelas próximas décadas.
Topol
“…para defesa de superfície o stealth já perdeu sua eficiência a alguns anos…”
Não creio que se possa afirmar isso categoricamente… Após o F-117, tanto as técnicas de forma quanto os materiais RAM também evoluíram consideravelmente. Há pelo menos duas gerações de evolução em materiais entre o ‘Nighthawk’ e o ‘Lightning II’ e ao menos uma geração no que diz respeito a técnicas de forma. Não é absolutamente possível prever o comportamento da nova geração stealth frente a um radar convencional… Por isso, aliás, tanto trabalho em fótons. A tecnologia de localização por mera emissão de onda é que já deve estar próxima do limite evolutivo, pois praticamente tudo quanto é banda e comprimento de onda já foi explorado…
Seria esse o radar fotonico que está sendo desenvolvido também na Rússia? Para equipar o T-50?
Assim que essa tecnologia estiver madura termina o último campo onde o stealth como o conhecemos ainda reina com todas as vantagens que é a arena ar-ar… pois para defesa de superfície o stealth já perdeu eficiência a alguns anos … em breve poderemos ver alguma forma revolucionária de furtivamente radar, talvez o cancelamento ativo volte a ser estudado mais a fundo… técnicas de forma e materiais RAM já atingiram seu ápice e agora o gap tende a diminuir cada vez mais entre o stealth o radar
A china é um dos lideres em pesquisas de entreleçamento quantico