Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (6) que começaram a montar um escudo antimísseis na Coreia do Sul, um dia depois que o regime norte-coreano disparou quatro mísseis balísticos contra o mar do Japão.
O comandante da divisão do Pacífico das Forças Armadas dos EUA, Harry Harris, disse que o ataque do regime de Kim Jong-un só reforçou a necessidade do sistema de destruição de foguetes.
As primeiras peças chegaram nesta terça (noite de segunda no Brasil) à base militar de Osan, a 64 km de Seul, e deverão ser levadas para Seongju, onde será instalado.
O chamado THAAD é capaz de destruir mísseis em um raio de até 200 km de sua localização, o que poderá proteger sul-coreanos e também japoneses de potenciais investidas norte-coreanas.
O sistema antimísseis, no entanto, pode levar os EUA a uma crise militar também com a China e com a Rússia.
Na semana passada, Pequim fechou 20 lojas de departamento de um grupo sul-coreano em retaliação à aprovação pelas autoridades de Seul da instalação do escudo.
ENSAIO
A chegada do THAAD deverá aumentar mais a tensão às vésperas dos exercícios militares dos EUA com a Coreia do Sul. Nesta terça (7), a Coreia do Norte anunciou que o teste de mísseis foi um ensaio para um eventual ataque às bases americanas no Japão.
A agência de notícias estatal KCNA confirmou se tratar de uma retaliação. “No coração dos homens da artilharia havia o desejo ardente de retaliar sem misericórdia os belicistas que fazem seus exercícios conjuntos de guerra.”
Segundo a agência, o ditador Kim Jong-un supervisionou o teste. Horas mais tarde, o embaixador do país na ONU, Ja Song-nam, disse que os exercícios “levarão a Península Coreana e o nordeste da Ásia ao desastre nuclear”.
Para ele, o uso de submarinos e bombardeiros nucleares pelos americanos “podem levar a uma guerra real” e deixam a região “à beira de uma guerra nuclear”. O representante pediu ainda que a ONU condene os exercícios militares.
Este é o segundo teste de mísseis balísticos norte-coreano em menos de um mês. A reincidência fez com que EUA e Japão pedissem uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, que deverá acontecer na próxima quarta (8).
A intenção é aprovar novas sanções ao regime por descumprir a resolução que impede o país de realizar estes ataques. O último reforço nas punições ocorreu em novembro, dois meses depois do último teste nuclear de Pyongyang.
Outro agravante pode ser se for provado que o país produziu o gás VX, uma arma química de destruição em massa, para matar Kim Jong-nam, meio-irmão do ditador, na Malásia.
A reação à nova ameaça de Kim Jong-un foi discutida pelo presidente americano, Donald Trump, em telefonemas ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e ao presidente em exercício da Coreia do Sul, Hwang Kyo-ahn.
FONTE: Folha de São Paulo