Donald Trump condenou, neste domingo, o teste nuclear “hostil” da Coreia do Norte e alertou todos os países que fazem “negócios” com Pyongyang, enquanto o Pentágono prometeu “uma resposta militar maciça” em caso de ameaça aos Estados Unidos.
Neste domingo, Trump denunciou ações “muito hostis e perigosas para os Estados Unidos” por parte de Pyongyang, antes de liderar uma reunião com sua equipe de segurança nacional, incluindo o secretário de Defesa, Jim Mattis, e vários chefes militares na Casa Branca.
Ao final da reunião, Mattis lançou novas advertências à Coreia do Norte: “Qualquer ameaça aos Estados Unidos ou seus territórios, inclusive Guam, ou aos nossos aliados será rebatida com uma resposta militar maciça”, disse.
“Não estamos buscando a aniquilação total de um país, a saber, a Coreia do Norte, mas, como eu disse, temos muitas opções para fazer isso”, continuou o também chefe do Pentágono, junto com o general Joe Dunford, chefe do Estado-Maior Conjunto das forças armadas. “Temos uma série de opções militares e o presidente queria estar informado sobre cada uma delas”, apontou Mattis.
Mais cedo, o presidente americano disse no Twitter que os “Estados Unidos estão considerando, além de outras opções, encerrar todo o comércio com os países que tenham negócios com a Coreia do Norte”.
A televisão norte-coreana chamou o ensaio nuclear de um “sucesso perfeito”, e pouco antes o governo difundiu imagens do líder Kim Jong-Un inspecionando o que foi apresentado como uma bomba H (de hidrogênio) capaz de ser instalada sobre o novo míssil balístico intercontinental que o país possui.
Reação sul-coreana
A explosão subterrânea, que parece ter excedido a magnitude da bomba atômica de Hiroshima (Japão), foi o sexto e mais potente teste nuclear da Coreia do Norte até hoje.
A Coreia do Norte nunca escondeu que seus programas têm como objetivo desenvolver mísseis balísticos intercontinentais capazes de alcançar o continente americano. “A Coreia do Norte realizou um teste nuclear de envergadura”, Trump tinha escrito mais cedo no Twitter. “A Coreia do Sul está percebendo, como eu disse, que o seu discurso de apaziguamento com a Coreia do Norte não funciona, eles só entendem uma coisa!”, acrescentou.
Seul realizou neste domingo um exercício com mísseis balísticos “do tipo Hyunmoo e aviões de combate F-15K”, indicou a agência de notícias estatal Yonhap.
O exército sul-coreano disse que o alcance dos alvos simulados era equivalente à distância do local de testes nucleares de Punggye-ri na Coreia do Norte.
Advertência a Pequim
China, Rússia, Japão, Coreia do Sul e França condenaram rapidamente esta nova violação das múltiplas resoluções da ONU que exigem o fim dos programas nuclear e balístico da Coreia do Norte. Moscou fez, além disso, um chamado à calma.
O Conselho de Segurança da ONU vai realizar uma reunião de emergência nesta segunda-feira para discutir uma resposta internacional ao incidente, que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, denunciou como “profundamente desestabilizador”. O presidente sul-coreano, Moon Jae-In, que havia defendido um diálogo com a Coreia do Norte, pediu “o castigo mais forte” contra Pyongyang.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, são favoráveis a um “endurecimento” das sanções da União Europeia contra o regime de Kim Jong-Un. Mas o líder russo, Vladimir Putin, pediu em uma conversa telefônica ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, “não ceder à emoção, agir de forma calma e ponderada”.
Uma opção militar contra o regime de Kim Jong-Un é extremamente arriscada porque poderia gerar uma reação em cadeia e um grave conflito regional, estimam especialistas.
Trump não deu detalhes sobre sua advertência comercial, mas o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse à Fox News que preparava um “pacote de sanções” para que “aqueles que façam negócios com eles (Coreia do Norte) não possam fazer conosco”. “Trabalharemos junto com nossos aliados. Trabalharemos com a China”, apontou. Porém, o peso das sanções esboçadas por Trump e Mnuchin recairiam fortemente sobre a China, o único aliado de Pyongyang e comprador de 90% das exportações norte-coreanas.
Muito mais potente
A televisão estatal norte-coreana divulgou uma imagem da ordem manuscrita de Kim Jong-Un, na que pedia que o teste fosse realizado em 3 de setembro ao meio-dia. As bombas H são muito mais potentes que as bombas atômicas que a Coreia do Norte já havia testado anteriormente.
Segundo especialistas sul-coreanos, a potência do tremor detectado foi entre cinco e seis vezes maior que a do teste nuclear de setembro de 2016, quando a Coreia do Norte fez explodir uma bomba de 10 quilotons. Em qualquer caso, Jeffrey Lewis, do site armscontrolwonk.com, considerou que se tratava de uma arma termonuclear, o que significaria um progresso notável nos programas nuclear e balístico norte-coreanos, proibidos pela comunidade internacional.
A situação na península já estava tensa em julho passado, quando Pyongyang realizou dois testes bem-sucedidos de um míssil balístico intercontinental, que colocaria o território americano ao alcance de um ataque norte-coreano.
FONTE: AFP
FOTOS: Ilustrativas