SEUL, 16 Jan (Reuters) – A Coreia do Norte exigiu que a Coreia do Sul e os Estados Unidos suspendam exercícios militares anuais, marcados para fevereiro e março, alegando que representam uma provocação direta — uma declaração que sugere uma repetição da escalada das tensões ocorrida no ano passado.
Em 2013, a Coreia do Norte prometeu retaliar eventuais hostilidades com ataques aos Estados Unidos, à Coreia do Sul e ao Japão. Por causa disso, a península da Coreia registrou a maior mobilização militar das últimas décadas.
“Nós alertamos firmemente as autoridades dos EUA e da Coreia do Sul para que parem os perigosos exercícios militares que podem levar a situação da península e os laços Norte-Sul para uma catástrofe”, disse um órgão norte-coreano encarregado de buscar a reunificação da Coreia, segundo a agência estatal de notícias KCNA.
A Coreia do Sul disse que os exercícios serão mantidos. Apesar das ameaças, não houve relatos de atividades militares excepcionais na Coreia do Norte.
“Se a Coreia do Norte realmente se comprometer com a agressão militar com o pretexto do que é um exercício normal que conduzimos como preparação para uma emergência, nossos militares vão puni-los de forma inclemente e decidida”, disse Kim Min-seok, porta-voz do ministério sul-coreano da Defesa.
As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra, já que seu conflito de 1950 a 1953 foi encerrado apenas com um armistício, não com um tratado de paz.
A China, única aliada relevante da Coreia do Norte, se mostra alarmada com as provocações de ambas as partes e pediu moderação.
“Todos os lados têm uma responsabilidade de manter a paz e a estabilidade na península coreana, e isso está de acordo com os interesses de todos os lados”, disse Hong Lei, porta-voz da chancelaria, em uma entrevista coletiva diária.
Analistas dizem que, apesar das ameaças, a Coreia do Norte não pode correr o risco de dar início a um confronto armado, já que quase certamente sairia derrotada.
Mas muitos observadores acreditam que o isolado regime comunista norte-coreano poderia novamente disparar um foguete de longo alcance ou testar uma arma nuclear. O país já testou três bombas atômicas, a última delas em fevereiro de 2013.
Outra possibilidade seria um ataque de artilharia contra o território sul-coreano, como ocorreu em 2010, o que poderia motivar uma retaliação de Seul e um conflito mais amplo.
(Reportagem de David Chance; Reportagem adicional de Ben Blanchard em Pequim)