Por: Viviane da Rocha
As relações entre a Marinha chinesa e a estadunidense têm refletido um paradoxo: por um lado, houve acirramento quanto às ações (e decisões) no Mar do Sul da China; por outro, Pequim foi novamente convidada a participar do Rim of the Pacific (RIMPAC) 2016, cujo anfitrião são os Estados Unidos.
Ao longo de 2015, os exercícios chineses para autoafirmação na região de seu mar meridional diminuíram as chances de ser ela convidada pela segunda vez. Todavia, contrariando expectativas, Washington D.C. manteve o convite no intuito de sustentar o discurso que alicerça o RIMPAC: o de aprofundamento da cooperação entre Marinhas.
Tal iniciativa estadunidense pôde novamente ser verificada com o recente encontro entre os Almirantes John Richardson e Wu Shengli em Pequim, apenas uma semana após a deliberação unânime da Corte de Arbitragem de Haia em favor das Filipinas no litígio que ela mantém com a China. Segundo o pronunciamento final, Pequim violou inúmeras partes da Convenção para o Direito do Mar de 1982, além da Zona Econômica Exclusiva das Filipinas. Ainda assim, nesse mesmo encontro, o almirante chinês afirmou que “nós nunca iremos parar de construir nas ilhas Nansha”, pois “são parte do território inerente a Pequim”.
Porquanto a China atue em exercícios e operações militares internacionais em prol do combate à pirataria e maior segurança nos mares, também a temos conduzindo uma política assertiva de reivindicação territorial que tem promovido instabilidade regional. O futuro das relações entre os dois gigantes do sistema internacional é imprevisível, mas, até lá, precisamos nos acostumar a ver os navios dos dois países, ora em treinamentos conjuntos pacíficos ora em patrulhas não muito amistosas em áreas estratégicas para ambos.
FONTE: Boletim Geocorrente