A Rússia quer o Brasil envolvido na implementação do projeto de controle de armas químicas na Síria. A proposta foi apresentada à diplomacia brasileira, que foi convidada a fornecer inspetores que possam ser enviados para a Síria.
A informação é do número 2 da chancelaria russa, Sergei Ryabkov, que declarou em entrevista exclusiva ao Estado ontem que o Kremlin foi em busca de aliados para a proposta nos últimos dias, Um deles foi o Brasil. “Tivemos a clara impressão de que o Brasil nos apoia na busca por uma solução pacífica para essa crise”, declarou o vice-ministro russo. “Apresentamos nossas ideias aos brasileiros nos últimos dias e a reação que tivemos foi muito positiva,”
O vice-ministro, que ontem acompanhou as negociações entre Moscou e Washington em Genebra, deixou claro que quer o país em uma confeferência de paz sobre a Síria. “Queremos a participação política e material do Brasil nesse processo”, afirmou.
Lahkdar Brahimi, mediador da ONU para o conflito na Síria, deixou a porta aberta para a participação dó Brasil numa eventual conferência de paz. “Falo com o Brasil regularmente”, disse ao Estado. “Mas não sou eu quem decido.”
Além da participação na conferência de paz, Moscou quer uma ação concreta do País na implementação do projeto na sua totalidade. Uma possibilidade seria o uso de inspetores brasileiros paraverificar a existência de armas químicas na Síria, uma das etapas do projeto de desarme do regime de Bashar Assad. “Os brasileiros tem boas relações com russos, americanos e sírios”, disse o vice-chanceler.
Precedentes. Há dois anos, quando o conflito começou, a Síria chegou a receber delegações enviadas pelo governo brasileiro para mantei canais
abertos com Assad. Mas a aproximação jamais resultou em uma influência real sobre o regime sírio.
Na ONU, a entidade escolheu o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro para liderar as investigações sobre crimes na Síria na esperança de colocar alguém que Damasco poderia aceitar.
A própria Organização para a Proibição de Armas Químicas já chegou a ser comandada por um brasileiro, José Maurício Bustani. Mas o diplomata foi expulso por uma ação americana que, na época, começava a retirar entraves para atacar o Iraque sob a justificativa de que Bagdá mantinha um arsenal de armas químicas.
FONTE: Estado de São Paulo – Jamil Chade