A Rosoboronexport está consolidando as suas posições no mercado mundial de armamentos: em 2013, os volumes das exportações atingiram 13,2 bilhões de dólares.
A geografia do mercado de exportações de armamento russo é bastante variada e por ela, tal como pelas exportações dos maiores fornecedores mundiais, podemos estudar o “mapa-múndi militar”.
Consolidação de posições
Os fornecedores de armas russos mantêm as posições que conquistaram, estando solidamente em segundo lugar depois dos EUA. Entretanto as múltiplas previsões, que surgiram nos anos anteriores, sobre a iminente queda dos volumes das exportações de armas russas não foram confirmadas: apesar de o seu crescimento ter parado, por comparação com o ano passado, os seus volumes estabilizaram num valor superior a 13 bilhões de dólares. A carteira total de encomendas está avaliada em 38 bilhões.
A maior quota de encomendas cabe à aeronáutica – os aviões e helicópteros representam 38,3% do total dos contratos assinados, 26% correspondem aos sistemas antiaéreos e 17% ao material naval. Os equipamentos e armamentos para tropas terrestres representam 14,2%.
A atual situação das exportações de armas e equipamentos militares russos se caracteriza por, depois de um longo período, os contratos de exportação terem deixado de predominar na composição das receitas das empresas da indústria militar como acontecia na segunda metade dos anos 90 e início dos anos 2000. Das consequências mais importantes dessa alteração vale a pena destacar os seguintes fatores:
Em primeiro lugar, a Rússia obteve a possibilidade de aperfeiçoar os novos sistemas e modelos, com um interesse potencial para os compradores estrangeiros, enquanto eram produzidos para consumo interno, o que permite apresentar ao mercado produtos acabados em vez de produtos semi-fabricados. Além disso, numa série de casos o fabrico prioritário para a satisfação das necessidades internas é necessário para se obterem armas modernas num prazo mais curto (como, por exemplo, os mísseis antiaéreos S-400).
Em segundo lugar, os volumes consideráveis das encomendas feitas pelo Estado à indústria de defesa permitem que não se apressem as exportações dos armamentos mais modernos, se obtendo assim condições mais vantajosas. Um exemplo: as negociações com a China acerca de possíveis fornecimentos de caças Su-35 que duram há já mais de dois anos.
Em terceiro lugar, um fabrico em série para as suas próprias forças armadas eleva consideravelmente o estatuto de um sistema oferecido no mercado externo aos olhos dos seus potenciais compradores, o que facilita a negociação.
Atualmente o volume de fabrico de armamentos e equipamentos militares para as forças armadas russas já é bastante superior ao volume das exportações e nos próximos anos essa diferença deverá aumentar – até 2016-2017 a compra de armamentos ao abrigo do Programa Estatal de Armamento para 2011-2020, no valor total de 20 trilhões de rublos, irão atingir o seu pico máximo.
A geografia das exportações
Podemos estudar perfeitamente a geografia política pelas exportações de armamentos realizadas pelos seus fornecedores mais importantes, não sendo a Rússia uma exceção. Os líderes das importações de material russo são a Índia, a China e o Vietnã, além disso, também cabem volumes importantes à Indonésia, à Malásia e à Argélia. Fora do Sudeste Asiático e do Norte de África o único grande comprador é apenas a Venezuela. No sul de África não é de excluir que também Angola venha a sê-lo, se o contrato recentemente celebrado para o fornecimento de diversos tipos de armamento no valor de 1 bilhão de dólares tiver continuidade.
O regresso da Rússia ao mercado do Oriente Médio pode ser considerado o grande avanço dos últimos dois anos. O contrato com o Iraque no valor de 4,2 bilhões, o recomeço dos fornecimentos à Líbia ao abrigo dos contratos celebrados ainda com o governo de Kadhafi, a posição firme na guerra da Síria que permite contar com uma vitória final do governo legítimo e no aumento do volume da cooperação, as negociações com o Egito – tudo isso permite confiar que será ultrapassado o efeito político negativo dos acontecimentos da última década.
O contrato com o Iraque é nesse aspecto especialmente sintomático, visto que foi celebrado com um país que ainda há pouco tempo era totalmente controlado pelos EUA e estava na realidade sob ocupação militar. No entanto, ao alcançar a possibilidade de tomar as suas próprias decisões, o governo iraquiano avançou com a normalização das suas relações com o Irã e com o restabelecimento da cooperação técnico-militar com a Rússia. Os volumes do contrato permitem supor que nos anos mais próximos o Iraque irá entrar para a lista dos principais importadores de armas e outro material militar russo.
O atual mapa das exportações confirma que o mercado asiático, sobretudo a região do Sudeste Asiático, se está transformando no novo centro da competição mundial e numa zona de potenciais conflitos armados. Também se mantém a probabilidade de conflitos no Oriente Médio e aumenta visivelmente a tensão em África, onde se confrontam tanto os interesses das grandes potências, como os das forças políticas locais, incluindo as de inspiração externa. Nessas condições, não deverá acontecer qualquer quebra na procura de armamentos e muito menos das armas russas, tendo em conta a sua reputação.
Fonte: Voz da Rússia
Tivemos tantas previsões idiotas no início deste século e as duas mais furadas é que o mundo iria acabar em 2012 e a outra é que a Russia não seria capaz de produzir e exportar armas sofisticadas…. afff… cada coisa que falam por ai!
Isso é uma política de estado consistente que resulta em tais ganhos, esse negócio de softpower que era falado é coisa “pra boi dormir” e enganar os cegos de mente. Quer ter valor, capacidade de voz e política neste mundo aja como os 5 países do Conselho de Segurança Permanente. Estrategistas brasileiros que tentam ir contra isto são uns ignóbeis!
Concordo plenamente.
Com as vendas internas a Rússia financia a evolução técnica do mercado interno e gera um ciclo continuo de ganho do estado, empresas, cidadãos e os clientes.
Nos EUA os avanços são subsidiados pelo governo, o que não é qualquer país do mundo que pode fazer pós guerra fria.