Os militares russos declararam no início de agosto que estão se preparando para incluir os primeiros modelos de armas a laser em seu arsenal. Segundo analistas, o projeto poderá abrir uma nova página na história das Forças Armadas e alterar os rumos da guerra no futuro.
O planejado sistema de laser aerotransportado A-60 é o mesmo que surgiu ainda na era soviética, embora aperfeiçoado na Rússia atual, e um análogo do projeto da Boeing – um laboratório de laser instalado a bordo de um avião de carga.
O projeto foi retomado pelo consórcio Almaz-Antey, após mais de 10 anos de esquecimento, e os testes realizados em 2009 foram bem-sucedidos, segundo os desenvolvedores.
Além de o laser do A-60 ter alcançado um satélite que pairava a 1.500 km de altura do solo, também foi capaz de atingir qualquer alvo em voo, incluindo drones e mísseis balísticos.
Da mente à realidade
Os autores de ficção científica descreveram o mecanismo de ação das armas a laser muito antes de as primeiras hipóteses sobre como utilizar os feixes direcionais de radiação eletromagnética para fins práticos terem nascido nas mentes dos cientistas.
A principal dificuldade consistia no fato de que para criar um laser com alguma capacidade de combate era preciso ter uma fonte de energia com uma potência correspondente. Até meados do século 20 não existia uma solução técnica para esse problema.
Desde então, porém, a ciência deu um grande passo à frente. Os lasers estão sendo utilizados em todas as áreas, especialmente na medicina e na indústria. Também na esfera militar, as armas a laser deixaram de ser vistas apenas como fantásticas “armas do futuro” há muito tempo.
O laser de estado sólido, que funciona com base em diodos especiais, é visto pelos militares dos países mais influentes do mundo como o recurso mais eficaz contra os mísseis balísticos e de cruzeiro.
Instalado a bordo do avião, ele é capaz de atingir alvos no espaço exterior e, além disso, praticamente toda gama de alvos aéreos em movimento. O laser de raios X é até mesmo capaz de impactar objetos que estão ocultos atrás de barreiras maciças.
Sua ação leva à ruptura da estrutura interna do alvo atingido e à sua efetiva desintegração. O disparo de laser pode ser completamente invisível ao olho humano, mas seu efeito impactante é bastante significativo. Dependendo da potência do raio e do objeto exposto a ele, o alvo pode se desmanchar em pedaços, perder a orientação no espaço ou explodir.
Know-how estrangeiro
Durante os anos de Guerra Fria, as superpotências começaram a pensar em armas a laser.
A famosa Iniciativa de Defesa Estratégica (SDI, na sigla em inglês), um programa militar lançado na década de 1980 pelo governo norte-americano e conhecido informalmente como “Guerra nas Estrelas”, previa uma ativa utilização de lasers no combate aos mísseis balísticos soviéticos. Considerando o nível técnico da época, porém, essa ideia parecia ser de difícil concretização.
Com o tempo, a Boeing passou a ser reconhecida como líder no desenvolvimento de armas a laser no exterior. Hoje, os lasers que seus engenheiros instalam a bordo de aviões são capazes de muitas coisas: desde destruição de mísseis até ação pontual sobre objetos terrestres.
Os EUA veem o laser como a última palavra no desenvolvimento de armas de alta precisão, por ser capaz de destruir um alvo sem causar o menor dano aos objetos que estão ao seu redor.
A Marinha norte-americana também se mostra interessada na tecnologia. Testes recentes revelaram que o canhão laser é a arma mais eficaz contra navios, submarinos, aviões e drones inimigos.
Resposta russa
A União Soviética não ficava atrás de seus concorrentes norte-americanos. Tecnologias de destruição de satélites espiões com base no laser também eram desenvolvidas na URSS.
Um canhão laser de enorme potência foi instalado em uma plataforma flutuante, e vários testes foram realizados. Também eram discutidos projetos que visavam equipar os satélites com armas a laser.
Antes do colapso do regime, foi concebida a plataforma orbital especial de combate chamada “Skif”, e o projeto “Terra” previa a criação de um sistema laser de defesa contra mísseis.
Depois de 1991, a maioria desses projetos foi congelada, mas parte significativa do trabalho acabou sendo conservada – e é justamente esse legado que os armeiros russos estão utilizando atualmente.
FONTE: Gazeta russa