Por Igor Gielow
O novo teste nuclear da Coreia do Norte e a suspeita de que a ditadura de Kim Jong-un poderá lançar um novo míssil balístico intercontinental devem acelerar o debate sobre um tabu de 72 anos: a ideia de o Japão ter a bomba atômica. Único país do mundo a ser alvejado com a arma em guerra, no ato que pôs fim à Segunda Guerra Mundial em 1945 com a destruição de Hiroshima e Nagasaki e mais de 100 mil mortes, o Japão oficialmente rejeita ter capacidade nuclear. Mas o assunto continua em pauta.
“O Japão pode virar nuclear do dia para a noite”, disse o então vice-presidente americano Joe Biden ao líder chinês Xi Jinping no ano passado. A fala de Biden foi vista como um recado à China: Tóquio com armas nucleares desestabilizaria a projeção de domínio total de Pequim sobre o leste da Ásia. Tal consideração é militar e política, já que economicamente há grande interdependência. A China é o segundo maior destino de exportações japonesas, e a principal origem de importações do Japão. Avaliação da respeitada Federação de Cientistas Americanos indica que o “dia para a noite” poderia ser cerca de um ano, prazo muito curto mas exequível para uma das nações mais ricas do mundo e que já tem programa nuclear civil sofisticado.
O Japão possui ao menos 9 toneladas de plutônio usado de seus 54 reatores nucleares, 51 deles desativados após o terremoto e tsunami de 2011, que gerou uma catástrofe atômica em Fukushima. Se enriquecidas para uso militar, o que é possível na unidade de Rakkasho, só as reservas locais de plutônio armariam talvez mil ogivas. Ou seja, há matéria-prima e tecnologia à disposição. Para empregar a bomba, o país poderia adaptar seu veículo lançador de satélites M-V. Estima-se que possa ser transformado num míssil intercontinental, ameaçando China e Rússia, além da Coreia do Norte que poderia ser alvejada com foguetes de menor alcance, mais simples. Pyongyang possui modelos com capacidade para atingir o Japão, de médio alcance e provavelmente já aptos a carregar ogivas nucleares.
Grupos nacionalistas japoneses advogam a remilitarização do país, que vive sob tutela americana desde o fim da Segunda Guerra: os EUA têm 47 mil homens no Japão, maior contingente no exterior, além de caças e navios. A Constituição de 1947, em seu artigo nono, veda o Japão a recorrer à guerra como forma de resolução de conflitos externos. Permite apenas a Força de Autodefesa. É uma instituição bem equipada, em especial na Marinha, que conta com submarinos e destróieres, alguns com o sistema antimíssil Aegis, dos EUA. A defesa contra foguetes foi expandida, dadas as ameaças de Kim nos últimos quatro anos, com 120 baterias Patriot remanejadas pelo oeste do arquipélago.
No ano que vem, será instalada uma unidade de alta altitude Aegis Ashore, de uso em terra. Ao mesmo tempo, armas consideradas ofensivas não foram desenvolvidas ou compradas, como mísseis de cruzeiro. Dono de respeitável frota de caças, cujas estrelas são 201 F-15J, o país só tem quatro aviões-tanque, limitando sua autonomia de operação. Nos anos 1960, o governo estudou construir a bomba. Em 1994, o primeiro ministro Tsutomu Hata admitiu que o país tinha a “capacidade de ter armas nucleares”, gerando frisson internacional. Em 2014, o governo do premiê Shinzo Abe ampliou a participação militar em operações no exterior, e vai revisar o artigo nono em 2020. No ano passado, uma comissão de advogados questionou o gabinete se a instância pacifista da Constituição vedaria a posse da bomba. O governo disse que não, tudo seria questão de interpretação. Abe insiste que o Japão não quer ter armas nucleares, mas tem dado os passos para justificar a hipótese.
Para completar, há os EUA de Donald Trump. Candidato, ele disse que seria possível ver um Japão nuclear, já que os americanos estariam cansados de pagar pela defesa de seus aliados. No outro aliado americano na região —a Coreia do Sul, que também desconfia de Trump devido às pressões econômicas a que ele tem recorrido, a discussão no Parlamento é sobre requisitar aos EUA que instalem armas nucleares em seu território.
FONTE: Folha de São Paulo
Já passou da hora pra colocar esse retardado no lugar dele. Uma região com economias tão fortes e que se compartilham, vem um filho de satanás ficar fazendo baderna.
Isto é um perigo ! Japoneses quando infectados pelo nacionalismo doentio são capazes de atrocidades sem tamanho ! Vide o que fizeram na China. Não acho que os chineses permitam o Japão ter bomba nuclear.
Na verdade, os EUA é que ficaram preocupados. Logo a Europa resolve se interessar pelo assunto…
Prezado Karl, eh simples assim mesmo…..vai perder o status de maezona e guardia futura tentando almejar o status atual dos USA e dispensado-os…..assim no equilibrio de forcas tanto o Japao qto a Koreia do sul passam a se sutentar e manter sem essa maezona americana e poe mais pressao mesmo na China…..
A outra opção é desarmar o gordinho esquisito.Mas quem vai isso? EUA, China, Rússia? Ninguém vai!
Então a solução é equilibrar o jogo com o Japão e a Coreia com armas nucleares. A final de contas, armas nucleares foram feitas para a dissuasão, ou seja, desencorajar o seu inimigo a não te atacar. Por exemplo a Índia e o Paquistão, depois que obtiveram suas armas nucleares, nunca mais se envolveram em guerras violentas. A Coreia do Norte já foi longo de mais, saiu fora de controle dos chineses e russos, foram eles que ajudaram os norte coreanos a obter as tecnologias necessárias para obter essas armas nucleares. A China realmente a grande perdedora com um Japão e uma Coreia com como potências nucleares. Todo aquele esforço dos chineses em modernizar suas forças armadas, perde o seu valor quando os seus adversários tem armas nucleares…
Heli Queiro, bom dia. Vamos pensar. Coreia do Norte e Irã estão sempre ameaçando seus vizinhos, Japão e Coreia do Sul não declaram intenção de arrasar com Coréia o Norte, não tem um louco Comunista no poder e sua população não aponham seus governos investirem em armas nucleares. ´Israel esta cercado por inimigos e tem na sua historia recente duas Guerras de coalizão de inimigos , Guerra dos 6 dias e Guerra do Yom Kippur. Mesmo tendo arma nuclear , Israel nunca declarou telas e nem ameaça exterminar seus vizinhos mesmo tendo passado por duas guerras de grande escala com todos eles. Na historia recente temos Iraque atacando com armas químicas seu irmão Irã. A Comunidade internacional sabe o histórico de cada Pais/ Nação. Índia tem dois inimigos nucleares China e Paquistão.
Se Israel pode ter (assim como Paquistao e India), porque Coreia do Norte e Japao (e Irã) não podem ter??? Fica a questao para se pensar…
E agora José? A China pediu por isso e terá ao lado uma Coréia do Norte com armas nucleares o que vai trazer pro time nuclear Coreia do Sul e Japão. Imagine se Taiwan resolvesse criar suas armas nucleares. Qual seria a reação da China?
E acordaram o samurai…
Pessoalmente, vejo como questão de tempo… Apenas uma intervenção maior dos EUA não deixaria que ocorresse…
E eis o efeito final: uma Ásia “nuclearizada”, com um Japão onde os radicais pouco a pouco ganham força…
Quem mais tem a perder com isso é, sem sombra de dúvidas, a China, que verá seu desejo por estender sua influência na Ásia tremendamente limitado…
E se o Japão fabrica a gente tambem teria liberdade de fabricar. ..
Se não fossemos um povo servil e lacaio que carece de civismo, disciplina e sobretudo patriotismo, pais de gente ignorante, corrupta e violenta, que só serve (com raras exceções) pra produzir e exportar prpstitutas e commodities.
Esta é uma excelente opção , a possibilidade de um Japão Nuclear Força a China a mudar de postura em relação a CN, e se coloca Japão e CS Nuclear acaba come esta farra