Governo alemão avalia como repatriar Boeing 737, que ficou dias nas mãos de terroristas em 1977 com o objetivo de libertar membros da RAF. Aeronave está há quase uma década abandonada em cemitério de aviões em Fortaleza.
O governo alemão estuda como trazer de volta do Brasil o Boeing 737-200 que operava o voo Lufthansa 181, sequestrado em 1977 em um dos capítulos mais marcantes da história recente da Alemanha. A aeronave está no cemitério de aviões do aeroporto de Fortaleza.
A intenção é expor a aeronave num museu. A análise partiu de um pedido pessoal do vice-chanceler federal e ministro do Exterior Sigmar Gabriel, que disse que o “Landshut” – como é chamado o avião na Alemanha – é simbólico para a memória de um tempo difícil e importante no país.
“Os restos do Landshut estão no nordeste do Brasil e enferrujam sob o sol. Muitos, não só no ministério, acreditam que ele mereça talvez um destino melhor, por representar uma parte importante da história alemã”, afirmou Martin Schäfer, porta-voz do Ministério do Exterior.
A aeronave foi sequestrada, com mais de 90 pessoas a bordo, por quatro integrantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina, que, para liberar os reféns, pedia a soltura de membros da Fração do Exército Vermelho (RAF) presos na Alemanha.
O sequestro é um dos episódios mais marcantes do chamado Outono Alemão, período entre setembro e outubro de 1977 em que as operações da RAF, organização guerrilheira alemã de extrema esquerda, atingiram o auge do radicalismo.
Depois do sequestro, a aeronave continuou transportando passageiros da Lufthansa até ser vendida pela empresa alemã em 1985. O Landshut teve vários proprietários e passou a levar cargas. Até 2008, ele voou pela TAF, de Fortaleza.
Devido a pendências judiciais da empresa, o avião foi penhorado e há nove anos está parado no cemitério de aviões da capital cearense.
O sequestro
No dia 13 de outubro, a aeronave partiu de Palma de Mallorca, na Espanha, com destino ao aeroporto de Frankfurt. Ao entrar no espaço aéreo francês, os extremistas, armados com pistolas e granadas, anunciaram o sequestro e deram início à jornada de 106 horas que terminaria apenas na Somália.
Para libertar os passageiros, o grupo exigia que o governo alemão soltasse integrantes da RAF presos na Alemanha. O governo alemão se recusou a libertá-los. Antes de pousar em Mogadíscio, durante o sequestro, o avião fez paradas para reabastecer em Roma, Lárnaca, Bahrein, Dubai e Áden.
Após o assassinato do piloto em frente aos passageiros, no dia 16, o copiloto foi obrigado a continuar sozinho a jornada. Na capital somali, forças especiais da polícia federal da Alemanha conseguiram libertar a aeronave.
Três dos quatros sequestradores foram mortos na ofensiva. Depois do fracasso da ação terrorista, Andreas Baader, Jan-Carl Raspe e Gudrun Ensslin, membros destacados da RAF, cometeram suicídio coletivo na prisão.
“A libertação do Landshut representa um momento dramático na história da Alemanha. A ofensiva de violência da RAF pode ser pela primeira vez interrompida graças a circunstâncias afortunadas e a certa determinação do chanceler federal da época e ao risco corrido pelas forças especiais de segurança”, lembra o cientista político Wolfgang Kraushaar.
Segundo ele, a libertação pode ter sido a mais decisiva na luta contra o terrorismo na época. O Outono Alemão foi marcado também pela intensificação das práticas de controle do Estado e da presença policial no cotidiano da população, algo que dividiu a sociedade.
Repatriação não é unânime
A volta do Landshut para a Alemanha, no entanto, divide especialistas. Kraushaar é contra. Além dos custos envolvidos na repatriação e reforma da aeronave, o cientista político destaca que o atual avião não se parece mais com o da época do sequestro, assim, não faria sentido expor um objeto que perdeu sua autenticidade ao longo dos anos.
O cientista político Alexander Strassner tem uma opinião diferente e defende a volta da aeronave. “O Landshut é uma relíquia viva histórica, resquício de um capítulo dominante da história da Alemanha pós-guerra, seu valor simbólico não é superestimado. Uma repatriação é apenas lógica”, argumenta.
De acordo com a Infraero, o futuro do Landshut depende de uma decisão judicial. A estatal informou que os custos referentes ao “pouso e permanência do avião estão sendo discutidos judicialmente”.
Enquanto a decisão brasileira não sai, o governo alemão avalia cidades que poderiam receber em museus o histórico Landshut. Apesar de o ministério não ter divulgado detalhes, jornais alemães listaram alguns dos possíveis interessados, entre eles está a antiga capital Bonn e a cidade de Flensburg, no norte do país.
FONTE: DW
Pois eh Zorrann…ate ai tudo bem, mas ja se passou tabto tempo q este assunto virou uma temeridade q podera se transformar num desastre completo…..que tal o prezado Padilha buscar um pouco de luz sobre este assunto aqui pra nos aficcionados……..Sds
Celso falta me tempo. Vontade eu tenho, mas tenho que priorizar as pautas em andamento.
Olá Celso!
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Saiu aqui neste site se não e engano, a noticia da possibilidade de se criar um museu na área do campo de marte em SP e levar pra lá o acervo do museu da TAM. Não sei em que pé anda isto aí.
Celso, pensando nisso, nem quero saber q fim irao dar aos avioes do museu Asas de um Sonho…..aquele maravilhoso museu la em Sao Carlos q tive a oportunidade de conhecer…….pra onde foram ou irao…..Brasil, pais de omissos. Sdsu
Lendo o artigo que demonstra a consciência de um país sério com sua história( não só se tratando de aviação) lembrei do museu Eduardo André Matarazzo em Bebedouro, lá existem aviões que fizeram parte importante da aviação comercial no Brasil e agora em situação de total abandono, e entre eles o único exemplar existente no mundo do bimotor Scandia, fabricado pela Saab e que foi utilizado pela VASP , seu estado é lastimável….A Saab tentou compra-lo sem sucesso. É triste, o sentimento de vergonha há muito desapareceu deste país.
Recordar e viver … e aprender . olha o esforço pra q o bicho ai va pra um museu na Alemanha .. enquanto isso no Brasil/ffab .. era uma vez o ”Sucatão” … triste