Por Rafael Esteves
Na passagem do século XIX para o XX, os Estados Unidos se consolidaram como potência regional das Américas. Por situar-se entre os oceanos Atlântico e Pacífico, e por ter vizinhos com menor poderio militar e econômico, o único acesso geoestratégico por atores extrarregionais nas Américas seria por meio do Caribe, sendo esse espaço o motivo da preocupação dos EUA na região.
Durante os anos 2000, o sistema internacional acompanhou uma série de mudanças estruturais que ocasionaram a perda de influência estadunidense, inclusive na região caribenha, levando os governos do país a desenvolverem estratégias para reverter a situação. Desse modo, quais as atuais movimentações para retomada de influência dos EUA no Mar do Caribe?
As mudanças estruturais do sistema internacional, aliado ao avanço da iniciativa chinesa Belt and Road, notadamente o investimento de pelo menos US$ 10 bilhões na região, fizeram os Estados Unidos desenvolverem estratégias para não perder sua influência no Caribe. Nesse contexto, em 8 de maio de 2021, a Marinha dos EUA realizou um exercício bilateral com a Guarda Costeira da Jamaica com o navio de guerra USS Sioux City. A mesma embarcação fora utilizada no final do mês em exercício com a Marinha da República Dominicana.
Tais iniciativas destacam uma tentativa dos EUA de manterem sua projeção de poder na região, através da cooperação, principalmente no âmbito da segurança e defesa. Ademais, também é do interesse estadunidense ajudar os países caribenhos no combate ao narcotráfico, já que a região é rota de passagem de drogas oriundas da América do Sul para os EUA, problema securitário regional.
Ressalta-se ainda que tais iniciativas vão além da cooperação militar, demonstrando certas tendências nas políticas externas desses países. No caso dos EUA, pode-se perceber a procura pela retomada do prestígio estadunidense na comunidade internacional por meio do multilateralismo. Por outro lado, os países caribenhos vislumbram a busca de apoio das potências para a superação de seus problemas, como os de cunho securitário e econômico.
Assim, nota-se a importância histórica do Mar do Caribe para Washington e a sua preocupação com o aumento da influência de potências adversárias na região. É possível verificar que a realização de exercícios navais se configura como uma das estratégias para contenção de possíveis rivais extrarregionais e, ao mesmo tempo, apoiar aos países caribenhos no combate de seus próprios problemas securitários que, de alguma forma, podem transbordar para os EUA. Vale lembrar que é do interesse de alguns Estados da região essa reaproximação com os EUA.
FONTE: Boletim Geocorrente