Por Luiz Padilha
A organização da Colombiamar 2023 realizou fóruns de debates durante a exposição e um deles contou com a participação do VA (RM1-IM) Edésio Teixeira Lima Júnior, Diretor-presidente da EMGEPRON.
Abaixo seguem as questões levantadas durante o fórum de debates:
1. Como você define competitividade e transformação digital? Que relação você encontra entre eles?
VA Edésio – Competição significa fazer melhor (qualidade), com maior produtividade (otimização dos fatores de produção disponíveis) e ao menor custo possível. Transformação digital é o domínio das tecnologias da quarta revolução industrial (indústria 4.0: análise de dados, inteligência artificial, automação, realidade aumentada etc) aplicadas aos ambientes de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, gerenciais, de governança e de produção.
Eu compreendo como uma correlação positiva, uma relação de causa e efeito. Quanto maior a transformação digital maior será a competitividade.
2. Quais são os fatores mais críticos associados à competitividade da indústria naval que requerem intervenção imediata? E como você acha que eles devem ser intervencionados?
VA Edésio – O estabelecimento de uma estrutura de gerenciamento e governança de projetos, voltada para a integração e coordenação das atividades de acompanhamento do valor agregado (custos e cronograma), engenharia (requisitos técnicos e logísticos, projeto básico, projeto detalhado, modelo 3D e transferência da engenharia do projeto para o ambiente de produção), estratégia de construção e montagem no ambiente de produção e gerenciamento da respectiva cadeia de suprimentos, notadamente durante a execução das três etapas iniciais da metodologia do gerenciamento do ciclo de vida: concepção, desenvolvimento e produção.
É importante também que o projeto seja orientado para o apoio logístico e operação do navio durante o ciclo de vida, considerando o nível de disponibilidade definido para a plataforma. Outro aspecto importante abrange a preparação e a qualificação da força de trabalho, principalmente na atualização em relação às novas tecnologias e métodos da indústria naval 4.0.
3. Quais são as estratégias sugeridas para continuar avançando nas organizações rumo à transformação digital e atingir o patamar necessário?
VA Edésio – Investir em metodologias integradas de governança e gestão de projetos, com base na tecnologia da informação, notadamente no que se refere ao projeto de engenharia por meio da abordagem dos gêmeos digitais e da digitalização dos processos de produção, garantia da qualidade, fiscalização e controle.
Estruturar um ambiente de gerenciamento do conhecimento durante todo o ciclo de vida, investir na educação e qualificação da força de trabalho, em todos os níveis, no que se refere ao conhecimento e aplicação das tecnologias relativas à indústria naval 4.0 e por último, criar um ambiente permanente de inovação de processos industriais e gerenciais.
4. Quais estratégias seu país tem para promover o desenvolvimento tecnológico rumo à transformação digital e à indústria naval? Que tipo de iniciativas e programas especiais existem para isso? Ou como o Estado deve ser incorporado a esse tipo de processo?
VA Edésio – A formulação de políticas públicas destinadas ao fortalecimento da indústria naval, principalmente buscando a inovação tecnológica com base na indústria 4.0, negociando a transferência de tecnologias e a maior participação do conteúdo local nos investimentos do governo, como no caso das Fragatas Classe Tamandaré, por meio da parceria estabelecida com a thyssenKrupp Marine Systems. Outra estratégia é considerar os efeitos multiplicadores, em termos de aumento da renda, oferta de empregos e transbordamento de tecnologias que tais tipos de investimento trazem para a economia nacional, pois envolvem cadeias produtivas muito abrangentes.
Como iniciativa, eu cito a estruturação do Cluster Tecnológico Naval do Rio de Janeiro, destinado ao desenvolvimento da Economia do Mar, onde a defesa é um dos setores considerados, envolvendo a indústria, o governo e o ambiente acadêmico das universidades e centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. O projeto do USV “SUPPRESSOR”, é um exemplo de um projeto de inovação tecnológica nascido no Cluster mediante a associação entre uma empresa pública, a EMGEPRON, e uma startup que desenvolveu todo a tecnologia de automação. Adicionalmente também posso citar projetos em geração de energia eólica offshore, uma outra iniciativa estratégica do governo brasileiro.
O Estado deve ter atuação reguladora estabelecendo um ambiente de segurança jurídica e econômica, criando as condições de fomento para que o capital privado também seja atraído a investir.
5. O que você acha que vem depois da transformação digital E você acha que a quinta revolução industrial está próxima? Você está se preparando para isso?
VA Edésio – Eu acredito que a quinta revolução industrial já se faz presente, sob a forma da computação quântica e do seu impacto sobre a inteligência artificial, biotecnologia e a robótica, o que transformará totalmente as atuais estruturas econômicas, sociais, geopolíticas e, certamente, militares. Creio que ninguém está preparado para tal nível de disrupção.
Bom dia Padilha a Emgepron vai construir 12 navios patrulha BR 500?
2 Padilha o Mattoso Maia voltará para o setor operativo?
Obrigado
Abraço.
A vontade é essa. Mas até o momento só há verba para o 1º.
O Mattoso Maia vai voltar sim. Quando? Sé depende de $$$$ para finalizar sua revisão.
Nossas forças armadas são ótimas em fóruns de discussão e trocas de experiência. Também tem alta proficiência em cerimoniais, condecorações e desfiles. Uma área também em que elas tem alta capacitação é na aquisição de equipamento em baixa quantidade para formação doutrinária.