No final do último ano, os recém adquiridos Dispositivos de Simulação de Engajamento Táticos (DSET) para tropas blindadas da Saab foram utilizados, pela primeira vez, durante o treinamento que aconteceu no Centro de Adestramento – Sul (CA-Sul), do Exército Brasileiro, em Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Confira a entrevista com o Coronel Marcio Guedes Taveira, Comandante do CA-Sul, que compartilhou suas impressões após o adestramento, e também com o chefe da subseção Live Simulation, Major Andrey Eduardo Rodrigues, Observador e Controlador de Esquadrão de Combate de Carros (OCA), Capitão Maurício Braida do Amaral e o Comandante da Força Treinada, Capitão Eduardo Keys.
Qual é a importância da simulação viva para o adestramento das tropas blindadas e mecanizadas?
Cel. Taveira: A capacidade do CA – Sul para realizar exercícios de adestramento e de certificação para emprego de tropas foi otimizada com a aquisição dos novos DSET. Estes dispositivos, combinados ao controle e gerenciamento do exercício propiciado pelo GAMER Manpack da Saab, permitem a realização das atividades com maior realismo, imersão tática, correção imediata, além de um feedback do adestramento baseado em dados reais e precisos, entre tantas outras vantagens. Antes, estes exercícios de tropas blindadas e mecanizadas, com simulação viva, eram realizados de forma subjetiva, por conta da falta de dispositivos específicos. O recebimento dos DSET e a realização do primeiro exercício de adestramento com ciclo completo de simulação virtual e viva, realizado com uma Força-Tarefa (FT) da 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld), foi um marco histórico na trajetória desta Unidade. Sem dúvida, chegamos a outro nível de qualidade do treinamento realizado por nossas tropas.
Qual é a finalidade de um exercício com emprego de simulação viva?
Cel. Taveira: O exercício presencial teve a duração de duas semanas. Na primeira, a tropa usuária realizou um treinamento com simulação virtual, com atividades inerentes à preparação, emissão de ordens, ensaios e a execução da manobra propriamente dita, por meio de um software específico para o treinamento virtual. Com isso, reduz-se os custos, o desgaste do material, otimiza-se o tempo disponível e é possível repetir e corrigir erros básicos. Na segunda semana, aconteceu o coroamento do adestramento. A Força Adestrada repetiu, no terreno, exatamente aquilo que foi treinado no simulador virtual, dentro das mesmas condições de dificuldade, mas desta vez enfrentando uma Força Oponente (For Op) imbuída. Um dos grandes diferenciais dos DSET individuais, de viaturas, de armamentos leves e dos canhões dos carros de combate é que não se utiliza munição real. Ao final desse ciclo, foi gerado um pacote de dados com as informações, estatísticas e relatórios coletados no período, fundamentais para certificar o nível de prontidão daquela tropa e a sua real condição para emprego.
As expectativas do treinamento com o DSET da Saab foram atendidas?
Cel. Taveira: As expectativas foram superadas. O recebimento dos DSET e o treinamento aplicado pelos especialistas da Saab aos militares do CA-Sul foram muito bem conduzidos, evitando falhas durante o exercício. Sabemos que a expertise será adquirida conforme utilizarmos o material, evitando, assim, pequenas falhas por desconhecimento ou falta de prática. Porém, as metas traçadas para o primeiro exercício, que também serviu como um evento-teste, foram superadas. É importante destacar o apoio do Comando Militar do Sul, da 3ª Divisão de Exército e da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, fundamental para garantir os meios necessários para o recebimento dos DSET e execução do evento-teste.
O senhor antevê a possibilidade de treinamento conjunto com o CA-Leste ou até mesmo com outros usuários de equipamentos da Saab ao redor do mundo?
Cel. Taveira: O Comando de Operações Terrestres (COTER), através da Chefia do Preparo da Força Terrestre, define que os Centros de Adestramento são responsáveis por apoiar a certificação de tropas das Forças de Prontidão do Exército Brasileiro (EB) e o seu adestramento, centralizando os meios necessários. A diferença entre os Centros é a natureza da tropa a ser certificada ou adestrada. Enquanto o CA-Sul é vocacionado para as tropas blindadas e mecanizadas, o CA-Leste abarca as tropas leves. Porém, o complemento das respectivas capacidades já ocorre naturalmente, seja pelo reforço de pessoal para determinado exercício, seja pelo compartilhamento de meios. Além da simulação viva, onde emprega-se os DSET, também na simulação construtiva (jogos de guerra) e na simulação virtual, ambos os Centros são alinhados em metodologia de aplicação de exercícios, tudo conforme as diretrizes e orientações da Chefia do Preparo do COTER. Outro importante parceiro do CA-Sul é o Centro de Instrução de Blindados (CIBld). Como possibilidade, por exemplo, visualiza-se o emprego dos DSET e do pessoal (Observador e Controlador de Adestramento – OCA) do CA-Sul em complemento às capacidades do CIBld em seus Estágios Táticos para oficiais e sargentos.
Qual a importância da parceria com a Saab?
Cel. Taveira: A parceria da Saab foi fundamental para o recebimento do material e para que os militares do Centro pudessem ser capacitados na operação e na manutenção dos equipamentos. Sem dúvida a assistência garantiu o seu correto emprego e a melhor exploração das suas capacidades. O relacionamento foi muito positivo desde a compra da solução, os contatos preliminares sobre a entrega e o esclarecimento das diversas dúvidas sobre o material. O contato dos militares do Centro com os representantes da Saab no Brasil foi sempre cordial e atencioso ao longo de todo o processo.
O time adestrado
O chefe da subseção de simulação viva, Major Andrey Eduardo Rodrigues, contou mais detalhes sobre o adestramento. Para ele, a simulação viva é “a joia da coroa das simulações” e, com isso, é possível atingir o maior grau de realismo no treinamento, muito próximo ao combate real. “Com o emprego dos dispositivos de simulação, aliados a metodologia de aplicação de exercícios utilizada pelo CA-Sul, pudemos adestrar uma tropa real, operando os sistemas reais, considerando armas, viaturas e equipamentos, contra um inimigo também real, em um campo de instrução. A experiência do treinamento com simulação nos proporciona uma evolução muito rápida em relação ao nível de preparação e operacionalidade da tropa que atua em um exercício com simulação viva”, explicou o Major.
Quantos militares participaram do treinamento?
Major Andrey: Participaram deste treinamento, como executantes, um efetivo de 120 militares. Destes, 90 constituíam a Força Adestrada, uma Força-Tarefa (FT) Subunidade (SU) composta pelo seu Comando, um Pelotão de Carros de Combate, um Pelotão de Fuzileiros Blindado e a Seção de Comando da SU. Os outros 30 militares compunham a Força Oponente (For Op), representada por um Pelotão Fuzileiros Blindado e uma Seção de Carro de Combate.
Qual feedback o senhor recebeu de sua tropa depois de realizar um exercício com os DSET da Saab?
Major Andrey: A tropa que realizou o exercício relatou que o emprego do DSET tornou o exercício muito realista, exigindo que todos se preocupassem com a execução correta das Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP), a fim de possibilitar o cumprimento de suas missões de combate com o menor número de baixas.
Expectativas alcançadas com sucesso
O Observador e Controlador de Adestramento (OCA) de Pelotões de Carros de Combate, Capitão Maurício Braida do Amaral contou um pouco mais sobre a experiência do adestramento. “A expectativa era realizar um Módulo Didático de Adestramento com alto índice de realidade, onde fosse possível integrar fogos diretos e indiretos, seus efeitos sobre as tropas de maneira a materializar fidedignamente as baixas e estabelecer nexo entre causa-efeito”, explicou o Capitão. “As expectativas foram atendidas. Já pensamos em como melhorar, cabendo como oportunidade de melhoria a aquisição ou desenvolvimento de um sistema de efeitos pirotécnicos para os carros de combate (CC) Leopard 1A5 Br; os Lança Rojão (Lç Rj) AT-4; e os efeitos das granadas de artilharia e morteiro, a fim de expor a tropa à observação dos efeitos visuais e sonoros de tais munições e armamentos”, completou.
De que forma o BT46 (bidirecional) e o BT47 (unidirecional) tendem a auxiliar no treinamento?
Capitão Braida: Os equipamentos da série BT auxiliam o treinamento por meio da arbitragem objetiva dos engajamentos entre os partidos, agregando instantaneidade na observação dos efeitos, imersão e realismo, proporcionando aos participantes a identificação do resultado da utilização do seu armamento no oponente, e vice-versa.
Como está sendo o suporte e parceria da Saab?
Capitão Braida: O suporte da Saab está sendo realizado muito a contento, com a presença constante das equipes suecas, identificando e sanando qualquer tipo de dúvida.
Experiência real
O Comandante da Força Adestrada, Capitão Eduardo Chaves, afirmou que o exercício foi uma experiência única. “O treinamento foi de extremo realismo e de grande dificuldade por conta do efeito diferenciado que os DSET propiciam sobre a tropa em adestramento”, afirmou. “Essa experiência foi muito diferente se comparada aos nossos exercícios tradicionais”, comentou o Capitão.
De que forma o BT46 (bidirecional) e o BT47 (unidirecional) auxiliaram no treinamento com Simulação Viva?
Capitão Eduardo Chaves: Os DSET fizeram com que os militares da Força Adestrada explorassem ao máximo as Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP) de combate treinadas.
O senhor está mais confiante para quando partir para uma ação real?
Capitão Eduardo Chaves: Sem dúvida, estou muito confiante. Após um exercício como este, todos nós nos sentimos melhor preparados e temos a sensação de ter tido um incremento em nosso adestramento.
FONTE: Saab
FOTOS: CA – Sul
Se agasalhem pro inverno que se aproxima ! Abraços .