O Brasil avança na construção de um núcleo da artilharia e no desenvolvimento de tecnologias de armas de defesa dominadas por apenas uma dezena de países do mundo.
Por Andréa Barretto
Até outubro de 2018, o Exército Brasileiro (EB) vai receber oito viaturas modernizadas MK3M, capazes de disparar, de um único lançador, um míssil e quatro diferentes tipos de foguetes. Esse será o quarto e último lote de entregas realizadas pela empresa brasileira Avibras, contratada em 2012 para operacionalizar a atualização tecnológica de 38 viaturas das versões MK2 e MK3 empregadas pelo 6º Grupo de Mísseis e Foguetes (GMF).
Com isso, o programa estratégico ASTROS 2020 concluirá mais uma etapa de seu desenvolvimento. Em 2018, outros passos fundamentais já foram dados. Em 25 de janeiro e em 1º de fevereiro, foram inaugurados, respectivamente, o Centro de Instrução e o Centro de Logística do ASTROS 2020. As novas estruturas já estão em operação e fazem parte do complexo do Forte Santa Bárbara, conglomerado de organizações militares que está sendo erguido na cidade de Formosa, em Goiás, região central do Brasil.
“É uma realização pessoal comandar uma organização militar de logística, por eu ser um oficial de material bélico e, particularmente essa instalação, com um sistema de armas que exige de nós um conhecimento profissional aprofundado e o trabalho com ferramentas gerenciais complexas”, afirmou o Tenente-Coronel do EB Giovani Siqueira, que assumiu o comando do Centro de Logística, durante o evento de inauguração.
“Estamos construindo o núcleo da artilharia de mísseis e foguetes do EB”, resumiu o General-de-Brigada do EB José Júlio Dias Barreto, gerente do ASTROS 2020, em entrevista exclusiva para a Diálogo em Brasília. Além da modernização de equipamentos e da construção de instalações, o programa contempla projetos de pesquisa e desenvolvimento e de aquisição de novos veículos. “A expectativa é a de que o programa como um todo esteja finalizado em 2023, se não houver atrasos por conta de cortes orçamentários.”
Grupo seleto
Na área de pesquisa e desenvolvimento, o ASTROS 2020 busca criar e fabricar o Míssil Tático de Cruzeiro (MTC-300), o foguete guiado SS-40G e o Sistema Integrado de Simulação (SIS-ASTROS). O MTC-300 é inédito nas Forças Armadas Brasileiras. Sua concepção teve início em 2005. Em março de 2018, a arma entrou em sua fase final de desenvolvimento, quando foram retomados os voos de teste.
O míssil tem alcance de 300 quilômetros e precisão numa escala de 50 metros. Sua navegação inteligente é orientada por GPS, associado a outras tecnologias. Por meio de um sensor ótico-eletrônico, é capaz de acompanhar o terreno e corrigir sua trajetória em função de coordenadas inseridas em seu computador de bordo antes do lançamento. O desenvolvimento do MTC-300 permite ao Brasil inserir-se entre as sete nações detentoras dessa tecnologia, segundo informações do EPEX.
Sendo uma arma de defesa de longo alcance e com alto índice de precisão, o MTC-300 poderá ser usado em missões de destruição de grandes infraestruturas, a exemplo de usinas hidrelétricas e refinarias de petróleo. O EB encomendou inicialmente 100 unidades do míssil, a serem entregues entre 2020 e 2023.
O foguete guiado SS-40G é outra munição desenvolvida no bojo do programa ASTROS 2020. Trata-se da evolução do modelo de foguete SS-40, que chega a 40 km de alcance e já é utilizado pelo sistema ASTROS. Tecnologias aplicadas ao foguete permitem que a nova versão tenha um ganho de precisão e consequentemente uma redução dos danos colaterais.
“Atualmente, a artilharia do mundo funciona segundo uma estratégia de saturação. A tendência é a de que isso mude e passe a seguir uma estratégia de precisão. Assim, o foguete e outras armas passam a ser guiados e vão em cima do alvo. A dispersão é muito reduzida”, explicou o Gen Bda Barreto.
É com o objetivo de proporcionar uma formação mais adequada aos militares que irão empregar os novos equipamentos do sistema ASTROS que está sendo desenvolvido o SIS-ASTROS. Por se tratar de um sistema, ele reúne vários tipos de simuladores, além de softwares para treinamento baseado em computador. O projeto do SIS-ASTROS está sendo elaborado numa parceria entre o EB e a Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A previsão é de que o projeto fique pronto em 2019, quando será entregue à empresa Avibras, responsável pela fabricação do conjunto de simuladores. Uma vez concluído, o SIS-ASTROS será instalado no Centro de Instrução do ASTROS 2020, no Forte Santa Bárbara, em Formosa, Goiás.
Múltiplas funções
O sistema de artilharia do ASTROS 2020 foi criado para conferir ao EB apoio de fogo de longo alcance, recurso que permite uma maior capacidade de dissuasão, quer dizer, maior capacidade de enfraquecer e desencorajar ataques e ameaças por parte de forças inimigas. A formação básica de uma bateria do sistema ASTROS 2020 inclui um total de 13 viaturas, com diferentes funções. São seis viaturas lançadoras de míssil e foguetes e três viaturas remuniciadoras. Há também um blindado de comando e controle e um carro-radar de tiro, o qual registra informações sobre o lançamento, usadas para o aperfeiçoamento dos tiros posteriores. Há ainda um veículo-estação meteorológica – que faz a leitura das condições meteorológicas – e um carro de transporte de pessoal, que serve igualmente para fazer manutenções em outras viaturas enquanto estão em operação no terreno.
O 6º e o 16º GMF são as organizações do EB que empregam o sistema ASTROS 2020. As viaturas modernizadas e as viaturas novas adquiridas pelo programa estão sendo entregues pouco a pouco às duas estruturas militares. De acordo com o Gen Bda Barreto, os veículos modernizados, que ganharam a nomenclatura de MK3M, e os novos, da versão MK6, são exatamente iguais, porque a modernização proporcionou que as viaturas antigas fossem dotadas das mesmas tecnologias que as novas.
FONTE: Diálogo Américas
Precisaremos de cobertura anti-aérea para nossos Astros 2020 e artilharia AP! Seria muito bom se pudéssemos adquirir mais Gepards e MANPADs para a proteção desses grupos e ver também os grupos de defesa anti-aérea da FAB utilizando o ASTROS anti-aéreo! Seria uma fantástica evolução partindo do atual uso do IGLA por esses grupos.
Os fuzileiros navais possuem uma bateria de 6 lançadores MK6, o que é muito pouco comentado. Estão próximos da costa e podem vir a usar estas novas munições inteligentes.
Recentemente o EB manifestou estar interessado em unidades do Cobra, que estão em estoques americanos !
Antes disso, o EB deveria dotar a Avex de uma unidade munida de drones Falcão da Avibrás.
O mesmo serviria para esclarecimento pés ataque, busca de alvos, travamento de alvos (caso a Avibrás dote o MT-300 com uma cabeça laser, semelhante ao Tomawalk americano), inteligência, Comint, Elint etc,,
Essa medida em apoio a unidade de mísseis e foguetes do EB, expandiria e muito a capacidade da arma terrestre.
Em relação a aquisição dos Cobras, julgo ledo engano tático, pois além de não serem desenvolvidos para uma força terrestre, também não possuímos os sistemas de armas do mesmo.
Nesse caso a melhor opção e desenvolver ou nacionalizar o sistema de armas de helicópteros de ataque, e após isso, adquirir a plataforma, evitando assim embargos em caso de necessidade.
Nesse sentido as opções seriam nacionalizar o míssil Mokapa Sul Africano, ou desenvolver o M.A.S 5.1 ( versão aero lançada do MSS 1.2), versão aérea da Remax com canhão de 20 ou 30mm.
A curtíssimo prazo temos a opção do MPM da Avibrás, porém com pequenas modificações como dotação de câmera multi espectral ( HD, IR diurno/ noturno), estabilizadores cruciformes e xformes dobráveis etc.
Uma das limitações desse míssil reside na plataforma lançadora ter que ficar parada até o impacto com o alvo ( devido a seu controle via fibra óptica), uma solução seria um míssil dispare e esqueça mesmo.
O mesmo poderá ser utilizado em uma versão armada do Esquilo ( semelhante ao Kiowa Warrior ou Fire Bird), BH ( semelhante ao projeto Harpia Colombiano), super puma etc..
Chegará a hora e a vez de se adquirir o Pantsyr ou outro sistema AAA de médio alcance.
Concordo com os colegas , esse sistema precisa ter uma proteção Anti-aérea . Os FN deveriam adquirir as dezenas também por causa do nosso litoral .
O Exército possui Brigadas Antiaéreas que atuam em duas faixas de altura Cleber, que vai de 0 a 15.000 metros de altitude divididos em duas camadas: de baixa altura que vai de 0 a 3.000 metros onde são empregados canhões e mísseis; e de 3.000m até 15.000m chamado de média altura. Por enquanto o Gepard pode executar essa proteção já que ele foi comprado para proteger os Leopard. Empresta alguns para o ASTROS.
Além disso a Força Aérea já tem a missão de dominar o espaço aéreo nacional com o Comdabra: Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro com o uso de plataformas como o E99 e outros sistemas táticos de vigilância móvel ou fixos, pelo menos no que se refere a uma proteção a longa distância já que como mencionei o Exército tem camadas definidas.
A Marinha também pode dar apoio ao Astros com a coordenação do Comdabra em uma zona costeira onde o raio de alcance das escoltas permitam proteger a artilharia, lembrando que a própria Marinha também possui o Astros (fuzileiros). Se o Atlântico viesse com o Phalanx o apoio dele também ajudaria em uma operação do Astros como defesa de ponto dentro do raio de operação da arma, claro, já que ele também precisa de escolta.
Gostaria de saber do sistema de defesa anti-aerea baseada na plataforma ASTROS2020 . Alguém pode me informar?
E que venha o nosso Tomahawk.
Forte santa barbara em florianopolis, Santa Catarina ??? Acho que o editor se enganou, estou certo ?
Jorge vc está correto. A autora se enganou ao colocar o forte Santa Bárbara em Santa Catarina. Eu corrigi o texto.
Obrigado.
Concordo Rafa_positron (18/05/2018 21:32), tem que ter um guarda chuva apesar da mobilidade das baterias
Um sistema desses sem uma proteção AAA por perto é um risco