Os militares das Forças Armadas (FA) nunca tiveram e não têm um regime previdenciário estatuído, seja no âmbito constitucional, seja na esfera da legislação ordinária. Assim, define a Constituição Federal, em seu art. 142, § 3º, inciso X, que a lei disporá sobre ingresso, limite de idade, estabilidade, transferência para inatividade, remuneração do pessoal etc., respeitadas as peculiaridades das suas atividades.
Historicamente, por mais de uma vez, o Congresso Nacional refutou essa existência. Em 1996, por exemplo, a Comissão Especial constituída para a discussão da PEC 338-A/96 rejeitou as sugestões de referências explícitas a regimes previdenciários próprios dos militares. As Emendas Constitucionais 18 e 20, ambas de 1998, consolidaram a separação dos militares das Forças Armadas em relação aos servidores públicos, inclusive em matéria previdenciária.
Em 2003, o Relatório do então Deputado José Pimentel sobre a PEC 40-A foi objetivo ao afirmar que “Os militares federais não se vinculam a um regime previdenciário em que os benefícios devam ter por fundamento as contribuições vertidas ao regime. Ao contrário, as próprias peculiaridades da carreira militar inviabilizam a sujeição de seus integrantes a um regime de caráter estritamente contributivo”.
As peculiaridades da carreira sempre levaram os militares a terem um tratamento diferenciado, o que não significa privilegiado. Os militares não usufruem de uma série de direitos de um trabalhador em geral ou de um servidor público. Aos militares não é permitido receber horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, FGTS; ocupar cargos de direção e assessoramento superior (DAS) ou funções comissionadas ou gratificadas.
O “contrato social” com o Estado garante a sua disponibilidade permanente e dedicação exclusiva, impedindo-o de exercer outras atividades de caráter remuneratório. A União teria uma despesa anual adicional da ordem de, pelo menos, R$ 25 bilhões se tivesse que pagar os direitos que os demais trabalhadores e servidores públicos têm. Somente com horas extras e adicionais noturnos, essa despesa alcançaria cerca de R$ 18,8 bilhões anuais, considerando apenas os serviços de escala de 24 horas, as manobras e os exercícios militares contínuos, os dias no mar, entre outros. Não estão computadas as horas que o militar fica após o expediente até que a missão recebida seja cumprida.
Para compreender a dimensão desses números, basta uma simples correlação com os valores referentes às despesas com inativos militares, apontadas como um dos principais problemas do déficit da previdência e alvo de diversas críticas. De acordo com dados extraídos da Lei Orçamentária Anual – 2017, o total das despesas com inativos militares é da ordem de R$ 21,4 bilhões, ou seja, valor inferior ao da economia proporcionada à União por não estar previsto o pagamento de horas extras e adicionais noturnos aos militares das Forças Armadas.
Ao não fazer jus aos mesmos direitos remuneratórios dos demais trabalhadores e servidores públicos, os militares das Forças Armadas geram uma economia significativa à União. Se forem computadas outras economias proporcionadas com o emprego das Forças Armadas em atividades como a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos, o apoio em desastres naturais e situações de calamidade, o combate à dengue, o fornecimento de água à população da Região Nordeste, entre outras, chega-se à conclusão que as despesas assumidas pelo Tesouro Nacional com pessoal militar das Forças Armadas estão dentro de um contexto totalmente sustentável, devido às especificidades verificadas somente nessa categoria profissional.
Os militares contam com um Sistema de Proteção Social, a partir de instrumentos legais e ações permanentes e interativas que envolvem remuneração, saúde e assistência social. O objetivo é assegurar o amparo e a dignidade aos militares das Forças Armadas e a seus dependentes, haja vista as peculiaridades da carreira militar.
A contribuição para o Sistema de Proteção Social pode chegar a 12,5% da remuneração bruta – 7,5 % para a pensão militar, 3,5% para a assistência médico-hospitalar e social, e mais 1,5% daqueles que ingressaram antes de 2001 e optaram por deixar a pensão para as filhas. Além dessas contribuições, o militar desconta uma parcela de 20% do total da despesa de qualquer tratamento médico a que ele ou seus dependentes são submetidos.
Dentre as peculiaridades da carreira, a disponibilidade permanente e a dedicação exclusiva merecem destaque. É a disponibilidade permanente que permite o pronto emprego de tropas a qualquer hora, para qualquer missão, em todo o território nacional. Foi assim que as Forças Armadas empregaram mais de 24 mil militares na segurança dos Jogos Olímpicos e, ao mesmo tempo, deslocaram, em 24 horas, outros 1.200 militares para o Rio Grande do Norte para conter a onda de violência.
O trabalho recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), denominado “As Forças Armadas e a PEC da Previdência”, divulgado no mês de dezembro, exprime muito bem essa ideia: “A profissão militar das Forças Armadas engloba funções exclusivas de Estado, e não de qualquer governo, de provimento da Defesa Nacional, e ações de Garantia da Lei e da Ordem. São necessários anos para formar um militar. Existem especificidades sem similar no meio civil, com regras de dedicação e de comprometimento compatíveis com essa missão, genérica de lugar e de tempo, que implicam a disponibilidade permanente sem remuneração extra, as mudanças constantes para toda a família, o risco da própria vida, além da restrição de direitos sociais e políticos.
Nos últimos meses, especialistas em previdência pública têm feito afirmações com um total desconhecimento da carreira militar. Nem o antigo Ministério da Previdência, nem o INSS conhecem o regramento que envolve os militares. Desconhecem que a “Reforma da Previdência” dos militares ocorreu com a edição da MP 2.131, de 28 de dezembro de 2000 – atual MP 2.215-10, de 31 Ago 2001 –, quando foram suprimidos direitos, acarretando um achatamento salarial entre pensionistas, inativos e pessoal da ativa. Estima-se que esse achatamento, somente no tocante aos inativos e pensionistas, alcance algo em torno de R$ 96,3 bilhões para o período 2001-2015.
Há um desconhecimento de que os militares contribuem, em média, durante 62 anos para a pensão militar. Esse conceito de contribuição, mesmo na reserva, vem desde a criação do Montepio Militar, em 1795, e não apenas de um passado recente. A contribuição para a assistência médico-hospitalar e social é feita até o falecimento do beneficiário da pensão.
A regra, conforme listagem do trabalho da FGV, é a de os militares não terem regime de previdência. Os militares estão sujeitos a um regime previdenciário somente em oito países do mundo: Laos, Síria, Kuwait, Vietnã, Bulgária, Lituânia, Luxemburgo e Romênia.
A FGV retrata bem a razão da impossibilidade do militar ficar sujeito a um regime previdenciário: “As propostas recentemente veiculadas, favoráveis à inclusão dos militares das Forças Armadas na PEC da Previdência, criariam distorções de grande impacto, se implementadas. Parece haver um desconhecimento das especificidades acerca da profissão e da carreira militar. Ao se realizar tais mudanças, gerar-se-ia grave aumento do desequilíbrio já vigente, podendo implicar a redução acentuada da capacidade operacional das Forças Armadas a curto prazo. Se as características da vida militar não forem levadas em conta, serão criadas, certamente, condições desagregadoras, possivelmente irreversíveis, a médio prazo.”
O Brasil precisa de Forças Armadas capacitadas, remuneradas como uma carreira de Estado, motivadas e em condições de garantir a soberania do País e a manutenção para as futuras gerações de seu imenso território e de suas riquezas.
Gen Ex Antônio Hamilton Martins Mourão
FONTE:EBlog
Prezado Celso, se o você escreve que somos iguais perante a Constituição, guardadas as características da atividade, sinceramente, deveria aceitar as diferenças entre civis e militares por ocasião da aposentadoria… porque, quando um militar fala do salário na ativa, comparado com os demais do Poder Executivo, a maioria desdenha ??? Mas quando se fala em tempo de serviço, salário na inatividade… aí é só pedrada…
Sinceridade, enquanto tiver civil achando que a nossa grama é.mais verde, esse debate terá sempre esse viés… privilégio e não direito…
Espero apenas que a redução e reestruturação seja o início de uma fase de maior e sadia interação entre nós e aqueles a quem servimos…
Prezado XO, eu sei, vc sabe mas ainda nao percebeu e toda a torcidinha do corinthias tbm sabe……desde a proclamacao da republica e nunca interrompida, os privilegios dos militares das FAS nunca cessou. Sao sim verdadeiras castas e q como bom detentores do poder ate 1985, negociaram e muito bem estes privilegios. SAO POLICIAIS ou sao MILITARES………….se escolheram ser militares, c certeza o foram conscientes de suas obrigacoes e ou eventuais sacrificios, bem como os salarios q receberiam e por qto tempo. Ai esta uma das excrecencias q estes militares criaram e q agora fica impossivel resolver c a politicalha ora em Brasilia. Vcs mesmos sao responsaveis por criarem este tio de conflito c a sociedade e da qual nao tem apoio irrestrito. Estas milicias fardadas tarjadas como militares e nao policiais, sente-se no direito de ter estas mesmas regalias q as FAs tem e isso eh ultrajante e um verdadeiro tapa na cara do contribuinte q nao recebe de seu lado a devida protecao q tem direito. Estas pseudo greves costumeiramente impregnados q estao por distintos interesses sindicais e politicos, nao eh e nao sera apoiad nunca pela populacao, estao dando um tiro no pe, assim como o EB….Este tipo de confronto so sao possiveis gracas ao conluio destas instituicoes q sabem ser isso impossivel sob grave risco ao estado, pois afinal todos estao armados e tbm tem autorizacao para portar fuzis e outras armas de enfrentamento , entao nome correto eh MOTIM . Pqe eh q o exercito nao lhes da voz de prisao e exige a imediata deposicao de suas armas ja q nao as querem colocar a disposicao da populacao………..Estes policiais tem q ser extirpados imediatamente da policia.. Nossa policia tem q voltar a ser somente CIVIL. Seus direitos..ora bolas XO, nem tente confundir, a constituicao sendo boa ou nao nos coloca em igualdade de direitos guardadas caracteristicas proprias no exercicio de atividadeses……desenha-se uma tragedia, quem assisitiu a tv e viu estes soldados mal equipados em frente ao quartel da policia do ES e onde os policiais em franca postura de enfrentamento e arrogancia c seus revolveres no coldre se deu conta do q poderia acontecer. Lembre-se de fato identico acontecido em MG a alguns atras. A aposentadoria das FAs quer vc entenda ou nao eh sim muito generosa e a maioria absoluta da populacao mal chegara a ganhar 30 % desse valor apos 35 anos de trabalho e contribuicao. Vc pensa q quem paga o salario eh o espirito santo….nao eh nao, eh exatamente esta maioria q quer justica e mais igualdade.. A contribuicao q vc acreditam q pagam, tbm sai do mesmo cofre e dos absurdos impostos q todos nos pagamos, mas onde so vcs sao beneficiados…..eu tbm quero a aposentadoria q vcs reclamam.. No mais tbm sou ferrenho ADEPTO do enxugamento e profissionalizaao das FAs, assim como melhoria substancial na qualidade de seus equipamentos para o exercicio real da defesa DA SOBERANIA E TERRITORIO. Chega desse papo q ao exercito cabem dezenas de responsabilidade q na verdade sao das instituicoes civis. em suas organizacoes e q tem obrigacao de atender……eles q se virem em cumprir suas obrigacoes para os quais foram eleitos, a nos cabe cobrar e muito. Sem NOS vcs nao serao nada….entendam isso e as coisas irao melhorar e muito para todos. Se eu e milhoes aqui pudessemos ter o direito a porte de arma, voces nem precisariam sair dos quarteis pra este espetaculo midiatico e inutil alem de engracado, vcs estao se prestando a piadas e nao podem resolver bulhufas. A Policia nao tem o direito a greve, tem si a obrigacao de exercer suas funcoes q eh a de manter a lei e a ordem. Fizessem isso sempre de forma correta e honesta q c certeza a populacao apoiaria . Usaram da arma mais torpe colocando seus familiares na linha de frente para enfrentar o EB…….arghhhhh. Sds
Cada um é responsável por suas escolhas… eu não fico fazendo mimimi por FGTS, pois escolhi ser militar… os civis, como o são também por opção, deveriam fazer o mesmo….
O problema, na minha humilde visão, é essa questão de achar que militar é casta… colocam-nos no mesmo bolo do funcionário público… acho que isso só começará a melhorar com a redução e efetiva profissionalização das FFAA…
Por fim, essa “lengalenga” do autor é pra fazer frente à “lengalenga” do civil que só vê “privilégio” (quais são mesmo ???) onde nós enxergamos direitos…
Agora, a próxima vez que a PM fizer greve ou cair uma ponte em Deus dará, que os críticos arregacem as mangas e vão fazer algo ao invés de convocar os militares… boa sorte…
Nem acabei de ler tudo, mas somente uma pequena coisa ja saltou os olhos……este repeteco de q ficam aquartelados dias seguidos, horas extras, e outras abobrinhas ja encheram o saco. Todos tem q se lembrar q estes periodos nunca passam de 72 hs em tempos de paz. Em todos os meses do ano, estes ditos trabalhadores q suam a camisa, tbm adquiriram o habito de tirar folgas remuneradas a qualquer momento e nao nos esquecamos q tbm tem o direito a ferias. Duvido q a partir de qualquer sargento, todos os oficias fiquem la em seus quarteis 30 dias direto e a disposicao e ate mesmo aqueles onde existam VILAS DE OFICIAIS, nunca q todos estao la a disposicao. So por isso nem perdi meu tempo, com certeza eh a mesmice de sempre e verborreia pro povinho engulir. Mudancas tem e devem ser feitas sempre para o aperfeicoamento do sistema, mas dai a querer manter SUAS CASTAS………ta dificil. Dito popular citado pelo Jobson…farinha pouca, meu pirao primeiro. A conta …ora bolas, o povinho engole como sempre. Nao sao estas as FAS que o Brasil quer ou merece. Sds
Belo texto, esclareceu muitas dúvidas.
Não deveria haver reforma alguma.
Ou só haver cortando os excessos.
O governo está pegando pesado ao usar na voz do Brasil gente de 67 anos dizendo que ainda trabalha.
Na verdade, Temer tem 75 anos e trabalha (mas também tem aposentadoria – se não recebesse ajudaria a previdência…).
Se for para ser todo mundo, acho que devem incluir os militares.
Não concordo com o teto do INSS.
A cada ano , o teto se aproxima do salário mínimo.
Vão acabar fazendo a reforma e, daqui a dez anos, dizer que ainda há déficit…
Pois é,
se quiserem igualar o regime previdenciário dos militares com o de outros servidores públicos, então vão ter que aturar quando as forças armas entrarem em greve por melhores salários, justamente em ocasiões de crises em que elas se façam necessárias…
O que não quer dizer que todo o sistema de gastos das F.A. não seja revisado e otimizado, algo que inclusive deve ser feito periodicamente.
A velha história. Farinha pouca, meu pirão primeiro….