Campo Grande (MS) – O Centro de Instrução de Operações no Pantanal iniciou, neste dia 30 de abril, mais um Estágio de Operações no Pantanal para militares do Comando Militar do Oeste. Os treinamentos são realizados nas instalações do 17º Batalhão de Fronteira, em Corumbá (MS).
Durante o Estágio de Operações no Pantanal, oficiais e sargentos são treinados para operar no complexo ambiente pantaneiro. São 572 horas de duração, divididas nas fases Vida no Pantanal, Técnicas Especiais e Operações em Ambiente Pantaneiro.
Os combatentes adquirem técnicas e conhecimentos para aplicação em um dos terrenos mais difíceis para as tropas do Exército Brasileiro, devido a uma faixa de aproximadamente 300 km de fronteira, planície de inundação, clima tropical, entre outros fatores que influenciam no grau de complexidade das operações no bioma.
“As operações em ambiente pantaneiro puderam aprimorar as técnicas de emprego e, com isso, forjar os combatentes do Pantanal numa área que requer criatividade e preparo físico e técnico para sobreviver e vencer as adversidades, em prol da manutenção da integridade territorial, preparo para defesa externa e presença da Força na linha da Fronteira Oeste. Fico feliz em ter participado e, posteriormente, ter sido instrutor, onde pude contribuir para o desenvolvimento de uma nova doutrina no Exército Brasileiro”, enfatizou o Coronel R1 Maurício Bachie Ferreira.
Tudo começou em 1998, com 13 militares que formaram a primeira turma de Operações no Pantanal. O Coronel da Reserva Valdemir de Freitas Guimarães, estagiário da primeira turma, guarda na memória os dias de luta. Ele escreveu a Oração do Guerreiro do Pantanal, em alusão aos desafios específicos do ambiente pantaneiro.
“Escrevi a Oração para criar a mística do Guerreiro do Pantanal, em 1998, com inspiração na fusão da hostilidade do ambiente pantaneiro com o soldado combatente do Pantanal, como autêntico herdeiro de um passado de lutas, na defesa da Fronteira Oeste na Guerra do Paraguai,” explicou o Coronel Freitas.
O ambiente operacional do Pantanal, por suas singularidades, exige do combatente características especiais para suportar, combater e vencer o calor, a friagem e as enchentes que alteram, decisivamente, o emprego da tropa. Pensando em capacitar homens e mulheres para enfrentar essa realidade, foi criado o Estágio de Operações no Pantanal.
O Tenente da Reserva Fábio Ruzicki Conceição foi instrutor no primeiro Estágio de Operações no Pantanal e hoje atua como Inspetor de Polícia, em São Lourenço do Sul (RS). Ele relembra a experiência de criação do Estágio.
“Tivemos muito trabalho para fazer funcionar o primeiro estágio. Fiquei 45 dias destacado em Porto Índio, antes mesmo de começar, montando a área de instrução. Foi um momento marcante, porque todo esforço, suor e sangue derramados tiveram como primordial objetivo criar um combatente capaz de sobreviver e proteger um ambiente que é tão sensível e, ao mesmo tempo, tão inóspito como o Pantanal”.
Atualmente, o Estágio de Operações no Pantanal acontece duas vezes ao ano e já formou cerca de dois mil Guerreiros do Pantanal.