No dia 10 de abril, comemora-se no Exército Brasileiro o Dia da Arma de Engenharia, elemento de apoio ao combate essencial da Força Terrestre e protagonista dos trabalhos de desenvolvimento e integração do país. A Engenharia possui como missão principal o apoio aos elementos de manobra, proporcionando mobilidade à tropa amiga, contramobilidade à tropa inimiga e proteção. Ao modificar o terreno, a Arma do castelo azul-turquesa é reconhecida como um importante fator multiplicador do poder de combate em nosso Exército.
As origens da Engenharia Militar remontam ao Império Romano, quando as legiões possuíam soldados responsáveis pela execução de trabalhos técnicos como a construção de fortificações e posições defensivas, os chamados Architecti. No Brasil, a Arma de Engenharia é descendente do Real Corpo de Engenheiros do Exército Português, que tinha por missão administrar a construção e a defesa da colônia ultramarina, bem como realizar a demarcação de fronteiras por meio de trabalhos cartográficos, contribuindo para a expansão e formação do território nacional.
Naqueles primórdios da colonização, a saga da Engenharia no Brasil iniciou-se com a construção de inúmeras fortificações para garantir a ocupação lusitana e proteger o território contra invasões de potências estrangeiras. Cumpre destacar a criação, em 1792, da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, precursora do ensino de Engenharia nas Américas. Com a transmigração da corte portuguesa para o nosso país, em 1808, instalou-se no Brasil o Real Corpo de Engenheiros, embrião da Engenharia Militar.
A Arma de Engenharia possui como patrono o Tenente-Coronel João Carlos de Villagran Cabrita, nascido em dezembro de 1820, em Montevidéu, no Uruguai. O Tenente-Coronel Villagran Cabrita destacou-se como comandante do 1º Batalhão de Engenheiros no teatro de operações da Guerra da Tríplice Aliança, onde foi responsável pela transposição do caudaloso rio Paraná. Nesse conflito, ele teve sua vida brutalmente ceifada, ainda aos 46 anos, ao ser atingido por estilhaços de uma granada de artilharia inimiga, enquanto redigia a parte de combate após a conquista da Ilha Da Redenção, fazendo com que essa data, 10 de abril, fosse escolhida como data magna da Arma de Engenharia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Engenharia da Força Expedicionária Brasileira, oriunda do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, sediado em Aquidauana (MS), teve ação exemplar, sendo a primeira tropa brasileira a cumprir uma missão real no teatro de operações italiano, ao construir uma ponte Bailey sobre o rio Arns. O feito, coroado de êxito, deixa marcado o pioneirismo característico da Engenharia. Naquele conflito, deixou grandes marcas de sua atuação no apoio ao movimento, destacando-se pela construção de pontes e por trabalhos de desminagem por meio de seus sapadores, cooperando para o êxito da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária nas conquistas de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese. Os militares integrantes do Batalhão puderam vivenciar uma das situações de combate mais marcantes na atuação do Brasil no conflito: a rendição de toda uma Divisão do Exército Nazista, com a apreensão de uma bandeira alemã, o maior troféu de guerra conquistado pelo Brasil na região de Scodogna, em 1945; troféu esse guardado e exposto, nos dias atuais, no Museu do Expedicionário do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, exaltando o orgulho da vitória de nossos heróis.
Na 2ª Grande Guerra, eram utilizados diversos equipamentos de emprego manual, que requisitavam uma maior quantidade de homens para executarem as tarefas. Atualmente, na era da informação e imersos no contexto dos conflitos bélicos de amplo espectro, diversos equipamentos eletroeletrônicos e de motores a combustão compõem a caixa de sapador, como o sonar para o reconhecimento de cursos d’água, o multímetro, o explosor digital, a motosserra, os cortadores abrasivos, o kit de potabilidade de água e a perfuratriz portátil, que aumentam a gama de tarefas ao mesmo tempo que reduzem o seu tempo de execução. Na mesma direção, a evolução dos equipamentos pesados de engenharia não foi diferente: os equipamentos, antes movidos a cabos, hoje são hidráulicos, com comandos automatizados e com cabine climatizada, o que concede uma maior eficiência.
No entanto, tudo isso exige uma maior qualificação dos militares para operarem os novos equipamentos; qualificação que muitas vezes utiliza modernos simuladores, evidenciando ainda mais a necessidade de especialização do militar de Engenharia. Nesse mister, em 2005, foi criado o Centro de Instrução de Engenharia, localizado em Araguari (MG), que centraliza diversos cursos e estágios na área de Engenharia para otimizar e melhorar a especialização de seus militares em proveito do Exército Brasileiro.
Atualmente, as unidades de Engenharia encontram-se espalhadas por todo o território nacional e são estruturadas em Grupamentos, Batalhões e Subunidades. Suas tarefas são representadas pelo binômio combate-construção. No combate, a Engenharia Militar conta com os Batalhões e as Companhias de Engenharia de Combate, que, durante as operações ofensivas, têm a missão de prover o deslocamento da tropa amiga, reparando estradas e pontes, transpondo viaturas e tropas em cursos d’água com seus diversos meios. Também neutralizam os obstáculos à progressão, com o uso de explosivos e equipamentos especializados. Nas operações defensivas, atuam com a missão de barrar, canalizar e retardar o movimento do inimigo, utilizando obstáculos contra a tropa a pé e motorizada. Por vezes, lançam campos de minas anticarro e agravam obstáculos naturais que dificultam a mobilidade da tropa inimiga. Na construção, conta com os Batalhões e os Grupamentos de Engenharia e Construção, que contribuem diretamente para o desenvolvimento do país, realizando obras rodoviárias, ferroviárias, aeroviárias e hidroviárias; valorizando o dinheiro público com obras de qualidade; cooperando com o desenvolvimento nacional; e apoiando a defesa civil.
Em sua história, a Engenharia prestou apoio humanitário na remoção de minas na América Central (MARMINCA) e na América do Sul (MARMINAS), bem como nas Missões das Nações Unidas de Verificação em Angola (UNAVEM) e de estabilização do Haiti (MINUSTAH). Nessas últimas, por meio de uma Companhia de Engenharia de Força de Paz (BRAENGCOY), apoiando contingentes de diversos países e atuando na realização de ações cívico-sociais em prol da defesa civil e do desenvolvimento local. Em território nacional, nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem, empenhou-se na desobstrução de vias e na instalação de meios para abrigar e proteger tropas e na construção de abrigos para os deslocados venezuelanos em Boa Vista (RR). Atualmente, a Engenharia brasileira chefia um contingente com dez militares do Exército e cinco da Marinha na Missão de Instrução e Assessoramento à Desminagem Humanitária (MIADH) na Colômbia, ministrando instruções, apoiando o desenvolvimento da doutrina e participando de auditorias internas na execução e no cumprimento das normas internacionais de segurança em desminagem humanitária naquele país amigo.
O chapéu tropical que os militares da Arma azul-turquesa ostentam com orgulho é uma peça do uniforme que foi adotada para representar a audácia, a abnegação, o desprendimento, o estoicismo e o desassombro pelo desconhecido, como os bandeirantes do século XIX. À sombra desse chapéu, nasceram cidades, foram semeadas esperanças, cultivadas riquezas, domadas áreas inóspitas e encurtados os caminhos para o progresso do Brasil. A história do Brasil foi modificada e engrandecida pelos nossos engenheiros.
A Arma de Engenharia tem se mostrado fundamental, tanto no campo de batalha quanto no desenvolvimento nacional. Seu constante aperfeiçoamento permite que o Exército Brasileiro logre êxito em todas as tarefas e manobras. Para a sociedade brasileira, a presença dos combatentes de Engenharia é mais um alívio em meio ao contexto atual, afetado por diversas calamidades que são minimizadas com o apoio de tropas do Exército, principalmente das frações das unidades de Engenharia. Os soldados de Engenharia fazem travessias sobre os alagamentos, levam água aos necessitados no Nordeste, lançam pontes, constroem rodovias de integração e realizam obras de cooperação para o desenvolvimento nacional.
Por todos os anos de abnegação ao longo de suas vidas profissionais, sempre em prol de muito bem cumprir a missão, parabéns aos militares da Arma de Engenharia!
Orgulhem-se de seu passado e dos feitos de seus heróis. Jamais se esqueçam dos valores enraizados na força de seu trabalho e na nobreza de sua missão.
Avante remar, asfaltar e apoiar! Ao Braço Firme!