Por Luiz Padilha
O Defesa Aérea & Naval recebe diariamente solicitações de informações sobre os planos da Marinha do Brasil quanto ao seu reaparelhamento. Para atender à essas solicitações de nossos leitores, solicitamos uma entrevista com o Almirante de Esquadra Luiz Henrique Caroli, Diretor Geral do Material da Marinha, que gentilmente me recebeu em seu gabinete e concedeu a entrevista que esperamos atenda os anseios de nossos leitores sobre o futuro dos meios da esquadra. A entrevista por ser muito longa, será divida por tópicos, facilitando sua leitura.
PRONAE
DAN – No momento não é possível visualizar no horizonte, quando a Marinha poderá implementar a construção de seu novo e importantíssimo navio aeródromo. Este programa está sendo desenvolvido pela Marinha através de seu Centro de Projetos de Navios? A Marinha pensa em ter a participação de algum estaleiro internacional para acompanha-la nesse programa?
AE Caroli – Com base nas capacidades operativas pretendidas pela Marinha do Brasil, para o meio a ser obtido, são elaborados os Requisitos de Estado-Maior (REM), que serão integralmente elaborados pelo pessoal da MB. Após a elaboração dos Requisitos de Alto Nível de Sistemas (RANS), o Centro de Projeto de Navios (CPN) conduzirá os Estudos de Exequibilidade para o futuro Navio-Aeródromo. Como os estudos ainda são embrionários, a MB ainda não analisou a possibilidade da participação de estaleiro internacional neste programa.
DAN – Este é um programa de longo tempo de maturação e mesmo em países como a Inglaterra e França, normalmente são gastos cerca de cinco a seis anos só para especificações e projetos preliminares. Qual o atual estágio do PRONAE?
AE Caroli – O PRONAE encontra-se em fase de elaboração de subsídios para novos Requisitos, os denominados Requisitos de Estado-Maior (REM), primeiro passo deste Programa. Nesta fase, ainda não é possível estimar os custos e o percentual de conteúdo nacional, que deverão ser delineadas nas fases posteriores do Programa. Na fase seguinte, após a aprovação dos REM, serão elaborados os Requisitos de Alto Nível de Sistemas (RANS), onde são definidos os requisitos de capacidade de cada sistema do meio (aviação; máquinas – propulsão e sistemas auxiliares; controle de avarias; defesa QBN, entre outras), suas características, atributos de performance e capacidade, a filosofia de manutenção e o apoio logístico pretendido.
DAN – Considerando que o Gripen já estará definitivamente inserido na Força Aérea Brasileira, seria o Gripen Marine (antigo Sea Gripen) o futuro caça da Marinha? Esta possibilidade está sendo considerada pela Marinha nos estudos sobre o nosso futuro Navio Aeródromo?
AE Caroli – A Marinha está conduzindo estudos quanto às características e requisitos do próximo Navio Aeródromo (NAe) e de sua ala aérea, os quais têm que ser considerados de maneira integrada. Esses estudos concluirão, por exemplo, se o NAe utilizará ou não catapultas, aparelho de parada, aeronaves de decolagem curta/vertical, entre outras especificações. Assim, enquanto não forem estabelecidas as características do futuro NAe, não se poderá definir qual será o futuro caça da MB. No seu atual estágio, os estudos da MB não descartaram, previamente, qualquer tipo ou modelo de aeronave.
DAN – Podemos considerar o NAe São Paulo efetivamente descartado, ou existe alguma possibilidade do mesmo vir a receber uma pequena modernização com nova motorização à diesel e cumprir o papel de um Porta Helicópteros para a Esquadra, já que para essa função, o mesmo não teria a necessidade de desenvolver altas velocidades e nem possuir catapultas aparelhos e rede de vapor?
AE Caroli – Após uma análise criteriosa, dos estudos de viabilidade para modernização dos sistemas de aviação (principalmente catapultas, aparelho de parada, elevadores de aeronaves e sistema óptico de pouso), dos resultados dos Estudos de Exequibilidade (envolvendo a substituição da planta propulsora, instalação de um novo sistema de vapor para as catapultas e modernização de sensores) para o Período de Modernização do NAe São Paulo, do período necessário para a execução dos serviços se contrapor ao tempo de vida útil das aeronaves AF-1, e ainda ao elevado montante de recursos necessários, aliado ao alto risco envolvido na obra, a Alta Administração Naval decidiu pela desmobilização do NAe São Paulo, nos próximos três anos. Uma possível utilização do Navio apenas como Porta-Helicópteros, além da necessidade de um elevado dispêndio de recursos, ainda carregaria riscos inerentes a substituição de sua propulsão já apontados nos Estudos de Exequibilidade, assim como a compatibilização de equipamentos antigos (equipamentos originais) com os novos.
DAN – Hoje, o mercado de navios aeródromos convencionais (CATOBAR/STOBAR) se restringem ao Reino Unido, França, Espanha, Índia, Rússia e China, que ou possuem a capacidade ou estão nesse momento a construir unidades para suas Armadas. A MB tem mantido algum tipo de contato com algum desses países, visando alguma futura parceria/assessoria técnica para a construção do nosso futuro NAe?
AE Caroli – Ainda que se pretenda manter, no futuro, contatos com outras Marinhas, a fase atual do PRONAE, que contempla a elaboração dos Requisitos de Estado-Maior, ainda não demanda consultas específicas.
DAN – Face a cada vez mais restrita a oferta de catapultas a vapor para navios aeródromos, a MB está considerando, assim como outros países já o fizeram, em adotar o modelo STOBAR (Short Take-Off But Arrested Recovery) para o seu futuro NAe, bem como aquisição de aeronaves V/STOL (Vertical/Short Take-Off and Landing)?
AE Caroli – Pelos motivos observados na pergunta, a adoção do modelo STOBAR ou a aquisição de aeronaves V/STOL devem ser consideradas e não podem ser descartadas na elaboração dos Requisitos de Estado-Maior, para um futuro Navio Aeródromo.
Forças Distritais
DAN – Existe algum estudo para a aquisição de novos meios (lanchas e NPaFlu), para equipar o 6º DN e o 9º DN?
AE Caroli – Não existem estudos para aquisição de NPaFlu para o 6º e 9º DN. Encontra-se em andamento, apenas, a licitação para a aquisição de uma Lancha Balizadora de 20 metros para o Serviço de Sinalização Náutica do Noroeste (SSN-9).
DAN – Os Esquadrões Distritais poderão receber as aeronaves que hoje equipam o HU-1? Existe a possibilidade de serem equipadas com os UH-14 do HU-2?
AE Caroli – O Projeto UHP trabalha, originalmente, com a substituição dos helicópteros tanto do HU-1 como dos esquadrões distritais, não prevendo, portanto, a redistribuição das aeronaves daquele Esquadrão. Entretanto, dependendo da forma como o Projeto vier a ser implementado, no futuro, poderá haver a necessidade de adaptações que incluam o remanejamento de aeronaves. No momento, porém, não há qualquer planejamento para a redistribuição das aeronaves do Esquadrão HU-1. Quanto à possibilidade de redistribuir os UH-14, permanecem válidas as considerações da resposta no tópico da Aviação Naval desta entrevista.
Bardini, não é só “aço”, é um conjunto de equipamentos que devem ser maiores, mais potentes, ocupando espaço maior, requisitando mais combustível, mais energização, mais pessoal, mais manutenção.
Agora , de certa forma eu concordo contigo, as Tamandarés são uma cruza de quero quero com tatu mulita, ou seja, não são nem um, nem outro.
Defendo a bastante tempo que em um momento econômico mais propício, a MB reabra o Prosuper com fragatas de 4.500 tons, divididas em EG e AS, e num segundo momento adquiras pelo menos três navios especializados em AA.
Sim Marujo, é por aí… Já que vai gastar de qualquer jeito, colocar pouca coisa a mais e faz um casco maior e mais útil.
Todo estes 3 NAe geraria muitos empregos na construção, operação e manutenção. Seria algo impressionante.
Sem misturar as coisas. Pois a matéria é sobre o NAE, não sobre outro tipo de embarcação.
E não estou pondo o NAe como prioridade.
Mas o Brasil devido ao seu tananho, digino de continente. No meu ver deveria planejar e adiquerir 3 porta aviões.
Dois mini e um grande.
Algo com 20 aeronaves de asas fixas mais uns 10 helicopteros, capacidades de sobrevivencia anti aerea. E com alguma capacidade de transporte de 100 fuzileiros.
Dois mine porta aviões no intuito de sempre temos ao menos 1 operacional.
E um de porte maior, com a capacidade de operar variados tipos de aeronaves 50 de asas fixa e 20 helicopteros (logistica, alerta, caça, caça bombardeiro, helicopeteros de ataque, transporte, anti navio e anti submarino, sar)
Um verdadeiro NAe, que seja respeitavel com boa capacidade de sobrevivência.
Este o maior deveria ser construido primeiro.
Mas ha a necessidade dos outros para os periodos de manutenção do maior.
Assim teriamos um respeitavel poder naval, e sustentado mesmo em periodos de manutenção.
E logisticamente seria muito bom poder ter um pequeno baseado no norte do pais um no sul e o maior no Rio de Janeiro.
Tendo assim 3 esquadras.
Abraços
Uma simples maquete desta da foto não sai por menos de R$100.000,00.
Numa coisa o Bardini está certo: padronizar a esquadra com um casco de 4.500t. São apenas 1.800 toneladas a mais e em uma belonave, o aço é o que há de mais barato. Uma belonave deste porte vai mais longe, fica mais tempo no mar e carrega uma gama maior de armamentos, ainda que a princípio receba apenas os que estão previstos para as Tamandarés. A solução ideal para o núcleo da esquadra são mesmo as escoltas de 6 mil toneladas, como querem os almirantes. mas num momento de restrições orçamentárias…Mas não justifica,porém, a construção de mini fragatas (corvetas) que não são capazes de ir longe no litoral brasileiro ou próximo ao alto mar.
Caro Andre, o que propus foi arranjar um parceiro que entenda do assunto para nacionalizar um projeto, e tudo pensando justamente na padronização da esquadra com um único casco, na casa das 4.500t. Facilita logística, nacionalização, custos e etc.
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Um Porta Aviões como o que queriam, convencional, CATOBAR, para embarcar 24 caças multifunção, sairia por menos de U$ 5 bilhões?
R: Nem a Pau.
Toda o componente aéreo que precisa ser comprado, sairia por menos de U$ 5 bilhões?
R: Nem a pau.
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Lá se vai U$ 10bi em um sonho surrealista. O futuro é o NPM.
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Quanto ao Navio de Apoio Logístico, concordo. É um meio extremamente útil. Mais útil qq ue este “Ocean” aí…
Da até nervoso ler estas entrevistas. As resposta são sempre.. não sei.. ainda não tem nada decidido.. e por ai vai..
Caro Bardine, desculpe discordar de seu parecer mas acho que não é tão simples assim.
A palavra que o almirante mais usou nessas explicações foi estudo, além de análise criteriosa. O que inclui o fator econômico de viabilidade custo-benefício. O projeto das Tamandarés por exemplo é uma evolução da Barroso, então existe um conceito já definido de corveta que a Marinha quer seguir e aperfeiçoar – lembrando que o navio deve ser capaz de enfrentar nossas águas e não ser uma adaptação de outros planos que não sejam confiáveis do ponto de vista de um oceano como o nosso. Nisso entra o estaleiro que também precisa ser modernizado para que não fiquemos dependentes de outros países, acho inclusive que esses projetos devem levar em consideração a estrutura do estaleiro de Itaguaí para navios do porte de fragata (ou pelo menos de corveta como é o caso) para baixo, desde que seja compatível com a capacidade do elevador do estaleiro (8.000t). Isso é racional!
O barato sai caro se tiver que levar o navio para fazer a manutenção nesse outro país onde eles é quem detém os sobressalentes necessários; o que envolve mais custo, mais burocracia, mais dependência e uma logística mais trabalhosa. Se tiver que importar então! Aliás você não mencionou logística na sua solução, porquê? Isso conta muito. O navio logístico é uma coisa, suporte logístico de construção é outra coisa, só para ficar claro que me refiro á manutenção. Em relação ao porta-avião de U$10b de dólares parecia que você falava do Ford! A Marinha não pode construir um navio tão grande assim!
Mas também mencionei em outro post dessa série e em outras ocasiões que sou mais favorável ao navio de apoio logístico do que o Ocean, e não é difícil entender porquê: este tipo de navio está longe de ser um mero fornecedor de combustível como geralmente se pensa ao falar dessa categoria. Ele fornece não apenas combustível bem como não apenas combustível só para os navios mas também para as aeronaves, peças sobressalentes, mantimentos e essencialmente são o principal meio para se manter uma esquadra bem longe de sua base, sem o qual não seria viável enviar uma frota em escala de longo curso.
Esse “NAe” tem de ser um NPM…
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Um bom par de NPMs e uma dúzia de F-35B, pra operar meia dúzia embarcado de vez em quando e deu… Tá bom demais da conta, pra quem não tem nada. Com este NPM se faz diversas e diversas missões e resolve a necessidade por novas docas.
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Um NAe seria melhor? Seria… óbvio. Mas nos custaria coisa de U$ 10 bilhões, contando ala aérea, atrasos e o cascalho que correria por fora. E pra manter seria o inferno dos infernos.
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Com esse dinheiro, modernizamos boa parte da Força de Superfície. Com U$ 5 Bi podemos ter dois bons NPM e algumas aeronaves… Os outros U$ 5 bi compram no mínimo, 5 Escoltas “medianas”…
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Vamos pensar pra frente, Marinha do Brasil…
#Escoltas: Chutem a Tamandaré pra escanteio. Peguem um Estaleiro estrangeiro decente e responsável para “abrasileirar” um projeto de Escolta na casa das ~4.500 tons. Padronizem a linha de frente com esse casco, pelo amor de Deus! É muito mais racional e barato no longo prazo. Querem os 18 Escoltas, não? Se sim, é a melhor saída de vocês, para ter, operar e manter…
#NPM: Esqueçam o NAe. Façam um “Juan Carlos” da vida “abrasileirado”, junto dos Espanhóis. O projeto dos Turcos já está levando em conta operações com F-35B… O navio tem escala… Cobre varias e varias necessidades da MB e CFN.
#NApLog: Muito mais útil que rasgar dinheiro com o “Ocean”, que vai vir pra operar na Gambiarra. Coloquem dinheiro desse “Ocean” nisso. É necessário, extremamente útil em várias missões e não é caro de manter!
#NPa: Optem por um projeto mais “policial” e barato… Larguem mão desse NPa 500t BR, não precisa de tudo isso pra fazer função de polícia.
#NApOc: Parem de sonhar com Corveta EG… Foquem nesse tipo de navio. Com os Quase U$ 2 bi das Tamandarés da pra fazer coisa na casa de 8 NApOc… É disso que se precisa. Não querem formar uma indústria naval??? Esse é o navio ideal, juntamente de um NPa, que seja mais barato de ser adquirido que o que projetaram.
# Submarinos: Se for para nacionalizar alguma coisa, que se coloque o dinheiro aqui… É o melhor custo x benefício no nosso TO.
O futuro NAe da MB vai ser o Charles De Gaulle quando os franceses aposentar ele vendem barato para gente.
Provavelmente esse NAe só existirá na década de 2030 e sendo muito otimista!