O Defesa Aérea & Naval (DAN), entrevistou o Almirante de Esquadra José Augusto Vieira da Cunha de Menezes, diretor na Diretoria Geral de Material da Marinha.
Os editores do DAN, desde já agradecem ao AE Cunha, e sua equipe, pela possibilidade de realizarmos esta entrevista.
Fragata Classe Tamandaré
Defesa Aérea & Naval – O programa se encontra na reta final para a assinatura do contrato entre a EMGEPRON e a empresa SPE que será criada pelo consórcio capitaneado pela Thyssenkrupp Marine Systems e a Embraer. Muitas empresas revisaram suas propostas durante a negociação com a Embraer. O senhor pode nos dizer se há alguma novidade no que diz respeito aos equipamentos que irão equipar a Fragata Tamandaré ou se mantiveram os mesmos anunciados durante o anúncio do consórcio vencedor?
AE Cunha – A configuração dos equipamentos da Fragata Classe Tamandaré foi definida durante o período compreendido entre a seleção da melhor oferta (BAFO) e a assinatura formal dos contratos. Contudo, a SPE encontra-se em formalização contratual com os diversos fornecedores de sistemas envolvidos no projeto.
DAN – Estamos prestes a construir uma nova classe de navios que será a espinha dorsal da Marinha do Brasil (MB), e ao ver a Marinha chilena modernizando suas fragatas usadas Type 23 com radares 4D, enquanto no RFP, a MB pediu um radar 3D, não seria o caso de optarmos por um radar mais moderno, apesar de trabalharem em bandas diferentes? Caso seja uma opção, a MB pode optar pelo radar mais moderno?
AE Cunha – Tanto o 3D quanto o 4D são radares de busca volumétrica e atendem às necessidades operativas da MB. O radar a ser escolhido será aquele que melhor cumprir os aspectos técnicos, logísticos e financeiros.
DAN – Recentemente foi publicado no portal seekingalpha.com que a Thyssenkrupp Marine Systems estaria prestes a ser vendida, após a perda de mais de € 5.27 bilhões do programa MKS 180 da Marinha alemã. Até onde essa venda, caso ocorra, poderá afetar o andamento da construção das fragatas Tamandaré?
AE Cunha – A EMGEPRON, desde o início do processo de negociação do contrato de construção, procurou esgotar todas as possibilidades para resguardar e garantir o processo de construção.
DAN – O off-set que prevê a modernização da corveta Barroso (V 34) está mantido?
AE Cunha – Durante o processo de negociação para assinatura do contrato, foram efetuados estudos pertinentes aos riscos técnicos envolvidos no projeto de compensação da corveta Barroso e verificou-se que havia uma grande probabilidade de não ser bem sucedido, devido às modificações que seriam necessárias para sua adaptação aos Sistemas de Armas e ao Sistema de Combate a serem utilizados na Fragata Classe Tamandaré. Dessa forma, o projeto de compensação da Barroso foi substituído por outros de interesse da Marinha, conforme previsto na RFP nº 4005/2017-001.
DAN – A Marinha já pensa em um número adicional de encomendas para recompor o número ideal de escoltas?
AE Cunha – Sim. Conforme o andamento do Programa Classe Tamandaré, podemos chegar ao quinto ou sexto navio da classe.
Navio de Apoio Antártico – NApAnt
DAN – Esse é um projeto de grande importância como foi mencionado pelo Comandante da Marinha durante a inauguração da Estação Antártica. O senhor pode nos atualizar em que estágio esse projeto se encontra?
AE Cunha – O projeto do Navio de Apoio Antártico encontra-se na fase de RFI (Request for Information).
DAN – O navio será construído no Brasil, com projeto nacional ou estrangeiro?
AE Cunha – O Navio de Apoio Antártico será construído no Brasil e terá por base um projeto de Navio de Propriedade Intelectual da Proponente (NAPIP), com as customizações necessárias para o atendimento dos requisitos especificados no documento de solicitação de proposta.
DAN – Existe uma estimativa concreta para anunciar e assinar o contrato deste navio único?
AE Cunha – Até o presente momento, não há estimativa concreta para anunciar e assinar o contrato.
DAN – A EMGEPRON também participará do programa NApAnt como no programa Tamandaré?
AE Cunha – A EMGEPRON participará do programa.
Força de Submarinos
DAN – Com a nova classe de submarinos Riachuelo chegando, e a idade avançada do NSS Felinto Perry (K 11), a Marinha realizou uma compra de oportunidade e adquiriu o MV Adams Challenge, que na Marinha, quando comissionado, se chamará NSS Guillobel (K 12). Com uma capacidade maior para atuar em um eventual acidente, a Marinha prevê a aquisição de um mini-submarino de resgate?
AE Cunha – Não. A Marinha estuda a adequação do NSS Guillobel para utilização de um sino de resgate.
DAN – Com o anúncio de que temos 2 submarinos com possibilidades de serem negociados (Tamoio e Tapajó), como ficará a Força de Submarinos se temos o Tamoio em PMG e o Tikuna em manutenção? Essa venda realmente é a melhor opção?
AE Cunha – Até o presente momento, não há informações sobre o assunto.
Escoltas
DAN – Com a instalação da nova versão do Siconta da CONSUB em 3 fragatas da classe Niterói, entende-se que mais 2 fragatas classe Niterói irão dar baixa em breve. As fragatas classe Greenhalgh e a corveta Júlio de Noronha (V 32), estão no fim de suas vidas úteis. Como a Marinha irá lidar com a redução no número de escoltas?
AE Cunha – Há planejamento de baixa de duas fragatas classe Niterói, as duas fragatas classe Greenhalgh e da Corveta Júlio de Noronha até 2023. Sendo assim, a MB vem adotando medidas para manter o núcleo do seu Poder Naval, por meio da construção de escoltas (Fragatas classe Tamandaré) e aquisição por oportunidade, dependendo da disponibilidade orçamentária.
DAN – Aguardar a entrega de 4 novas fragatas classe Tamandaré irá suprir o ‘gap’ para a Marinha manter seu Poder Naval?
AE Cunha – A Marinha, na dimensão do tempo, vem adotando medidas visando manter e suprir o seu Poder Naval, por meio de escoltas construídos ou adquiridos por oportunidade, dependendo da disponibilidade orçamentária.
DAN – Existe algum estudo real para reposição dos escoltas? Existem opções para uma eventual compra de oportunidade?
AE Cunha – Sim, por meio da construção das Fragatas Classe Tamandaré. Em relação a eventuais compras de oportunidade, até o presente momento, não há informações sobre o assunto.
Navio de Apoio Logístico – NApLog
DAN – A Marinha recentemente deu baixa em alguns navios que davam suporte logístico à Esquadra. Sabe-se que há um estudo para a construção de um NApLog no Brasil, porém, devido a situação econômica do país, essa não é uma opção para médio prazo. A Marinha procurou ou tem alguma oferta para a aquisição de um NApLog, através de uma compra de oportunidade?
AE Cunha – Até o presente momento, não há informações sobre o assunto.
Navio de Patrulha Oceânico – OPV
DAN – O Programa de Obtenção de Meios de Superfície – PROSUPER, previa a construção no país de 5 OPVs, mas com a opção de aquisição dos 3 OPVs da classe Amazonas, a Marinha possui hoje excelentes navios para a função a que se destinam, em alguns casos, cumprindo até funções não previstas como a participação em exercícios internacionais na África. A Marinha pretende construir Navios de Patrulha Oceânico no país? O número ideal continua sendo 5 ou com a chegada dos navios da classe Amazonas a Marinha deseja possuir mais unidades deste tipo?
AE Cunha – Sim. O Projeto de Obtenção do Navio-Patrulha Oceânico Brasileiro (NPaOc-BR) atualmente se encontra na fase de Estudos de Exequibilidade pelo Centro de Projeto de Navios (CPN). Atualmente, a MB prevê a dotação de cinco NPaOc.
DAN – Foi informado que a BAE Systems teria passado a Marinha o projeto para construção local da classe River Batch I (NPaOcs Amazonas, Apa e Araguari). Caso seja verdadeira essa informação, seria esse o caminho a seguir, face a satisfação da Marinha com a qualidade do projeto?
AE Cunha – A Diretoria de Gestão de Programas da Marinha (DGePM) não dispõe do projeto relativo à classe River Batch I, de lavra da BAE Systems. A prioridade da Marinha, até o presente momento, é a construção do NPa500-BR, a partir do projeto de engenharia a ser concebido pelo CPN.
Navio Patrulha de 500 toneladas
DAN – A EMGEPRON possui um projeto novo para a construção de novos Navios Patrulha. Após a conclusão dos 2 ou 3 oriundos do falido estaleiro EISA, a Marinha pretende fabricar mais NPa de 500 toneladas? Se afirmativo, qual o número de unidades necessárias?
AE Cunha – Sim. A Marinha está elaborando um projeto para construção de Navios-patrulha de 500 toneladas (NPa-500BR), por meio do Centro de Projetos de Navios (CPN). A sua eventual construção dependerá de decisão da Alta Administração Naval e previsão orçamentária. Por ser um projeto ainda em elaboração, não há decisão acerca da quantidade de navios a ser construída.
Caça Minas/Varredores
DAN – Nossa Força de Minagem e Varredura (ForMinVar), mantém nossos varredores com muito esmero, porém, devido a sua idade avançada, os mesmos em breve terão que dar baixa. Quais os planos da Marinha para reequipar a ForMinVar?
AE Cunha – Existem estudos em andamento sobre a aquisição de Navios de Contra Medidas de Minagem (Suecos, Italianos, Holandeses e Americanos).
DAN – Com a chegada dos novos submarinos, inclusive do nuclear, a Marinha pensa em transferir ou criar outra base para ter novos meios próximos a Base de Itaguaí?
AE Cunha – A Marinha realizou estudos para criar um Comando de Esquadrão de Contra Medidas de Minagem na região de Itaguaí. Contudo, por falta de perspectiva orçamentária, até a presente data não foi criado empreendimento modular para desenvolver o projeto.
DAN – A Marinha pretende adquirir ROVs para auxiliar os futuros caça minas?
AE Cunha – Até o presente momento, não há esta demanda. Os ROVs costumam ser parte integrante dos Navios Caça Minas. Todavia, a despeito do menor custo dos Sistemas Não Tripulados, ainda persistem deficiências para a sua plena operação, como a capacidade analítica para a identificação e classificação dos alvos, algoritmos em fase de testes, pequena autonomia, além do fato de não serem capazes de substituir completamente os demais vetores da CMM (Navios Caça Minas, Navios Varredores e mergulhadores).
PRONAE
DAN – Com a baixa do porta aviões São Paulo, a Marinha deixou temporariamente de ter sua aviação de asa fixa embarcada. Como está o estudo para a construção de um novo porta aviões para a Marinha? A Marinha possui um projeto próprio ou pretende adquirir um projeto estrangeiro?
AE Cunha – Os Requisitos de Estado-Maior (REM) foram aprovados pelo EMA em novembro de 2017. Até o presente momento, não foram tomadas ações subsequentes e não há aporte financeiro para continuidade do projeto.
Aviação Naval
DAN – A Marinha estuda rever o número de aeronaves UH-15 restantes, trocando-as por helicópteros H125 novos, dado que os nossos UH-12 estão entre os mais antigos em operação no país?
AE Cunha – O Ministério da Defesa está negociando com a HELIBRAS a redução de uma aeronave por Força do Projeto H-XBR. A substituição/modernização das aeronaves UH-12 é objeto de estudo independente, referente ao Projeto de Aquisição de Helicópteros de Emprego Geral de Pequeno Porte (Projeto UHP), que aguarda espaço orçamentário para a sua implementação.
DAN – Após o primeiro voo da aeronave KC-2 COD nos EUA previsto para Março/Abril deste ano, sua entrada em serviço está prevista para 2020?
AE Cunha – O Contrato do Programa KC-2 prevê a entrega das aeronaves no final de 2021.
DAN – A Marinha pretende no futuro aumentar sua capacidade logística, adquirindo uma aeronave de asa fixa com maior capacidade de carga?
AE Cunha – Até o presente momento, não há programa estratégico na MB para aquisição de aeronaves de asa fixa com capacidade de carga maior que as aeronaves KC-2 (Turbo Trader).
Parabéns Padilha sabemos que não foi mais completa (a parte informal da entrevista) por causa do vírus, mas faltou só uma perguntinha e os F-18?
Não perguntei porque essa notícia que saiu na mídia é FAKE.
Parabéns ao DAN pela entrevista. Bem esclarecedoras, dentro do possível, as respostas do AE. Dois destaques: o radar das FCT e o projeto da BAE.
o AE Cunha também fez a parte dele. Respondeu o que podia ser respondido. Com ou sem verba, nenhuma nação expõe seus negócios; só os expõe quando já estão viabilizadas e concretizadas as ações e acordos.
Fazia tempo que não via um entrevistado não tinha quase nada a dizer. Esse superou o estoque de perguntas sem respostas…
Entrevista onde não se respondeu nada, ou estava de má vontade pelas respostas curtas e vazias ou não se tem plano algum não sabe de nada mesmo.
“Há estudo”, “há planejamento”, “a Marinha planeja”, “a Marinha está estudando”… sei que não é culpa do entrevistado, mas a conclusão disso é que somos e continuaremos a ser o eterno 3° mundo mesmo.
Senhores, na vida militar é assim: nem sempre sabemos tudo, preferimos afirmar apenas o que sabemos do que “chutar” o que desconhecemos. Às vezes, sabemos coisas que, por sua natureza, são sigilosas (e isto não é raro quando se fala em armamento) e, por isto, não podem ser divulgadas fora da salvaguarda prevista em lei. Simples assim. Quem lida com militares precisa se acostumar com isto. Conheço o AE Cunha, servi com ele e tenho convicção da qualidade do seu trabalho. Se ele divulgou o que divulgou é porque o que foi divulgado é aquilo que temos a necessidade de conhecer. Faço votos que os meus prezados colegas compreendam as peculiaridades da carreira (militar) que abraçamos em 1977. Um abraço a todos.
muito boa entrevista PADILHA pena que o AE estava com o texto pronto e decorado :não há informações sobre o assunto.
O Corona Virus não permitiu a entrevista pessoalmente. Infelizmente o virus atrapalhou.
As perguntas foram excelentes, respostas foram algumas evasivas, naturalmente, pois o grande problema resume-se a uma simples palavra, “orçamento”. Sem verba, os planos não se tornam projetos.
Parabéns, Padilha.
Uma dica: p/ agradar certos leitores, sugiro na próxima vez levar consigo uma boa dose de Escopolamina ou Pentotal p/ arrancar todas as informações por eles desejadas.
PS: quem já assistiu muitos filmes sobre 2ªGM sabe que essas, entre outras substâncias, eram chamadas de soros da verdade.
Um grande abraço, virtual, p/ não correr risco de contágio, rs.
Ótimo trabalho Padilha, mt boas perguntas,obrigado.
O diretor geral fez com vc e suas perguntas igual o Terry Crews(o Latrel de “As Branquelas”) na propaganda de desodorante. Só na base do “bloqueia , bloqueia, bloqueia a cada pergunta !!!rs
Mas a entrevista foi top, parabéns e boas e pontuais perguntas .
Resumindo as respostas sobre novidades:
Até o presente momento, não há informações sobre o assunto.
Fiz a minha parte. Perguntei.
Hauhauhauhauhau, exatamente!!!