Conforme assumem posições estratégicas na carreira, é natural que os militares recorram a especializações que os preparem para decisões fundamentadas e para formulação de políticas relacionadas à segurança e à Defesa nacional. Mas o que motiva civis a buscarem tal conhecimento?
Da atual turma do Curso de Altos Estudos em Defesa (CAED), ministrado pela Escola Superior de Defesa (ESD) em Brasília (DF), eles correspondem a 44 dos 107 alunos. Os demais, são Coronéis do Exército e da Força Aérea e Capitães de Mar e Guerra da Marinha do Brasil, além de representantes da Polícia Militar do Distrito Federal, militares do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e convidados de nações amigas, como Argentina, Estados Unidos, Guatemala e Índia.
Após-graduação é focada no trinômio “Segurança, Desenvolvimento e Defesa”, e perpassa as atividades desempenhadas pelas três Forças Armadas. “O tema é de grande relevância para o País, haja vista a necessidade de proteção do povo brasileiro contra a guerra e a violência; melhoria das estruturas econômicas, sociais e políticas da sociedade; e ações para defesa do nosso território, da soberania e interesses do Brasil contra possíveis ameaças”, acredita o servidor federal Robson Ribeiro Vicente Alves.
Emprego dual da tecnologia
Assessor de desembargador no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), Alves é um dos alunos dessa turma, cujas aulas tiveram início em fevereiro deste ano. Na última semana, eles puderam participar da primeira instrução de campo, que se concentrou no Eixo Rio de Janeiro-São Paulo. A viagem permitiu que tivessem uma percepção tangível das atividades desempenhadas pela Marinha do Brasil e sua contribuição para o desenvolvimento nacional, a partir do investimento em ciência, tecnologia e inovação.
Um exemplo foi a instrução na Base de Submarinos da Ilha da Madeira, em Itaguaí (RJ), onde a Força mantém o Complexo Naval responsável pela construção e manutenção dos submarinos de propulsão diesel-elétrica e pela produção do primeiro submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear do País. As pesquisas neste segmento contribuem, indiretamente, para a produção de medicamentos que visam ao tratamento de doenças cardíacas, oncológicas e neurológicas.No local, puderam visualizar as primeiras unidades entregues pelo Programa de Submarinos da Marinha (PROSUB), incluindo o “Tonelero”, lançado em março deste ano, e os avanços da construção do quarto e último meio da Classe “Riachuelo”, batizado de “Angostura”, e do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear, “Álvaro Alberto”, que representará um incremento sem precedentes no Poder Naval brasileiro.
Ajuda humanitária e ações de segurança
O estudo continuou no Complexo Naval da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro (RJ), onde a comitiva esteve a bordo do Navio Doca Multipropósito (NDM) “Bahia”, empregado pela Marinha do Brasil em operações e exercícios de guerra, para transporte de tropas, veículos, helicópteros, equipamentos e provisões. Também puderam verificar a capacidade de ajuda humanitária da embarcação, que possui um complexo hospitalar com 49 leitos, dois centros cirúrgicos, um laboratório e um consultório odontológico.
Eles assistiram, ainda, à demonstração de Fuzileiros Navais, no Comando da Divisão Anfíbia, na Ilha do Governador, também na capital fluminense. Na ocasião, os militares simularam operação em apoio às ações do Estado, como a da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que já atuou na segurança pública do Rio de Janeiro contra o crime organizado e, hoje, trabalha na fiscalização de portos e aeroportos da capital fluminense e de São Paulo, tendo apreendido toneladas de drogas desde novembro do ano passado.
Ao longo da semana, o grupo também esteve em Gavião Peixoto (SP), para conhecer a EMBRAER, fabricante brasileira líder da indústria aeroespacial e de defesa da América Latina, e a linha de montagem dos seus principais produtos: o cargueiro KC-390 e o caça Gripen. Em São José dos Campos (SP), acompanharam as atividades do Departamento de Ciências e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e dos laboratórios do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), da Força Aérea Brasileira, responsáveis por produção científica de ponta na área de robótica e aeronáutica.
Horizonte ampliado
A experiência provocou nos alunos outra compreensão do papel das Forças Armadas para o País. “Os meus conceitos sobre Defesa, com este curso, estão em outro nível de entendimento e aprendemos que a sociedade civil também é responsável pela defesa de nossa nação”, reconhece a representante da Secretaria Municipal de Inovação e Desenvolvimento Econômico de São José dos Campos, Rubiane Heloisa Oliveira. Para o servidor federal Robson Alves, as informações disponibilizadas ao longo do curso irão colaborar para o assessoramento da alta administração do TJDFT. “Os conhecimentos adquiridos me ajudarão a auxiliar os dirigentes do Tribunal de Justiça em suas decisões, estratégias e diretrizes, visando sempre ao cumprimento de sua missão institucional; bem como das metas nacionais e específicas, das diretrizes estratégicas e da política judiciária nacional, tudo estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça”.
Desafios complexos
O curso também é voltado àqueles que já têm algum conhecimento sobre os temas. É o caso do Coordenador-Geral do Departamento de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Daniel Santana Fernandes, que participou da criação da Comissão Mista da Indústria de Defesa, responsável por ações de fomento da Base Industrial de Defesa. “O curso está sendo extremamente apaixonante e importante para minha carreira, agregando de forma exponencial os meus conhecimentos na minha área de atuação”.
Os depoimentos corroboram a avaliação do Diretor-Adjunto do CAED, Coronel do Exército André de Souza Monteiro, que acompanha as instruções de campo. “Os alunos são impactados com os complexos desafios das estruturas das Forças Armadas, no sentido do cumprimento das suas missões constitucionais em todo o País, e o elevado nível de profissionalismo e especialização das empresas que desenvolvem produtos de Defesa para que as Forças cumpram suas missões”, avalia.
Segundo o Diretor-Adjunto, durante o CAED, os participantes também constatam a importância da compreensão da sociedade e dos poderes públicos de proporcionar os meios necessários à Base Industrial de Defesa e para que esta possa dar suporte à Defesa nacional. A próxima instrução prática deve ocorrer na Região Amazônica, onde irão conhecer as instalações do Comando Militar da Amazônia, do Exército Brasileiro, o Centro de Instrução de Guerra na Selva e um Pelotão Especial de Fronteira, além do Comando do 9º Distrito Naval e o Comando da Flotilha do Amazonas, da Marinha do Brasil.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
Muito importante esse curso, em casa turma poderia estar alguns deputados e senadores ou mesmo ministros, quem sabe traria um saber a esse senhores
Boa matéria Padilha 👏