Novos projetos do governo brasileiro elevam a expectativa de investimentos no setor de Defesa Brasileiro de US$ 40 bilhões para US$ 100 bilhões nos próximos vinte anos.
Em cerimônia realizada na sede do 8º Distrito Naval em São Paulo nesta quinta feira, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) deu posse a seu novo presidente, Sami Youssef Hassuani, e a nova diretoria. A entidade representa mais de 180 empresas da Base Industrial de Defesa (BID) brasileira, e vem tendo um papel importante em diversas conquistas do segmento, especialmente após a introdução da Estratégia Nacional de Defesa (END) em 2008. Na mesma ocasião, o Sindicato Nacional das Indústrias de Defesa (SIMDE) realizou a troca de comando na presidência da instituição. Saiu Carlos Frederico Queiroz de Aguiar (que também entregou o cargo na ABIMDE) e assumiu em seu lugar Carlos Erane de Aguiar, seu pai.
Dentre as autoridades presentes, o comandante da Força Aérea Brasileira, brigadeiro-do-ar Juniti Saito, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general-de-exército José Carlos de Nardi (representando o Ministro da Defesa), o chefe do Estado Maior da FAB, brigadeiro-do-ar Aprígio Azevedo, o comandante do 8º Distrito Naval, vice-almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão, o chefe do Departamento de Produto de Defesa (Deprod), do Ministério da Defesa, general Aderico Mattioli, a deputada federal Maria Perpétua Almeida, da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN), o prefeito de São Bernardo do Campo, Senhor Luis Marinho, além de empresários da Base Industrial de Defesa, militares, civis convidados e a imprensa especializada.
Carlos Frederico Aguiar destacou no seu discurso de entrega do cargo o amadurecimento da ABIMDE, citando como exemplos recentes a participação de empresas da Base Industrial de Defesa em oito grandes feiras internacionais, resultado de uma parceria com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX Brasil); a participação em mais de vinte fóruns em diversos estados do país; a realização do evento BID Brasil no Distrito Federal, as negociações e gestões junto ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA) e a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) visando à regulamentação de emprego e uso de veículos aéreos não tripulados (VANT); a introdução e adoção de novos sistemas de simulação para treinamento militar no País, a visita de 13 delegações estrangeiras interessadas em conhecer os produtos de defesa brasileiros; a definição de uma agenda constantemente renovada entre a ABIMDE e o Ministério da Defesa; a intensa integração da ABIMDE com os diversos órgãos do governo federal na esfera econômica e política para o estabelecimento de uma gestão político-governamental para o setor de Defesa; e a mobilização pela regulamentação da lei nº 12.598 (lei que versa sobre as licitações e contratações de produtos e serviços estratégicos de defesa, restritos a empresas credenciadas como empresa estratégica de defesa – EED).
Ao falar pela primeira vez como novo presidente, Sami Hassuani defendeu como linha de ação de sua gestão a consolidação da ABIMDE nas relações entre o setor de Defesa e a classe política nacional, visando à recuperação da capacidade de investimentos estratégicos do Estado Brasileiro e a criação de tecnologia nacional. O dirigente ressaltou o enorme potencial de geração de spin offs (tecnologias de uso dual militar e civil), os avanços em educação através da capacitação de mão de obra altamente qualificada, gerando alto valor agregado ao produto de Defesa, especialmente na sua exportação; e a necessidade de uma maior integração entre os órgãos federais e forças políticas de projeção nacional visando a obtenção de recursos para a BID.
Segundo Hassuani “O momento é único. Temos de entender que a parte econômica do governo da presidente Dilma está alinhado a parte estratégica, responsável por pensar todo o aparato de Defesa Nacional”. E continua “As dificuldades nas áreas técnica, legislativa e política estão sendo elencadas pelo projeto Diagnóstico da BID, um mapeamento de toda a cadeia produtiva do setor através de questionários enviados as empresas, trabalho realizado em parceria com a Universidade Federal Fluminense, está ajudando na construção do relacionamento cada vez mais integrado com o Ministério da Defesa, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Essas ações, somadas a busca pela regulamentação do Regime Tributário das Indústrias de Defesa, o RTID, que desonera as companhias do setor nas vendas de produtos e serviços para o governo, serão as bases da minha gestão a frente da ABIMDE”.
O setor de Defesa Brasileiro
Segundo a ABIMDE, as companhias que atuam no mercado de Defesa geram juntas na atualidade cerca de 30 mil empregos diretos e 120 mil indiretos, movimentando US$ quatro bilhões por ano entre importações e exportações. Em 20 anos, se todos os investimentos previstos no setor de Defesa se concretizarem (US$ 180 bilhões), o número de empregos deverá mais que dobrar (60 mil empregos diretos e 240mil indiretos) para garantir os programas voltados para vigilância de fronteiras marítimas, aéreas e terrestres como SISFRON – Sistema de Vigilância de Fronteiras, o SISGAAZ – Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, e o novo Programa PROTEGER, que visa a defesa de instalações críticas da infraestrutura nacional em terra e no mar com investimentos anunciados de US$ 30 bilhões, o PROSUPER e a obtenção pela Marinha de novos meios de superfície como escoltas, patrulhas e um navio anfíbio multipropósito, O FX-2 e a escolha do novo vetor de combate da Força Aérea Brasileira, uma encomenda inicial de 36 unidades, e o PROSUB, que vai dar ao país uma nova arma, o submarino nuclear de ataque de tecnologia nacional e quatro belonaves do tipo convencional baseadas no projeto Scorpenne, mais uma base e estaleiro naval especialmente construída para a operação destes meios.
FONTE: T&D
FOTOS: Roberto Caiafa