A Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (SOBENA), está promovendo o 27º Congresso Internacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore. O congresso abordará assuntos voltados para transporte marítimo em hidrovias, indústria offshore, disseminação de pesquisas, divulgação de estudos tecnológicos, infraestrutura das vias, integração de sistemas logísticos, uso de energias limpas entre outros.
O executivo de vendas da Saab Kockums, Robert Petersson, realizou uma palestra onde compartilhou algumas de suas experiências com a utilização de materiais compostos na construção naval, mostrando os benefícios do uso do material composto (compósitos), na configuração da estrutura chamada de ‘sanduíche’. Petersson explicou que um dos benefícios do compósito, é que ele não sofre com os efeitos de corrosão ou degradação, podendo ser aplicado em superestruturas, em processos de construção, aliado a facilidade de manutenção e a consequente otimização do custo ao longo da vida do navio, proporcionando uma capacidade multimissão por conta de sua leve estrutura não magnética e sua resistência às explosões subaquáticas.
Petersson falou também sobre a transferência de tecnologia que essa inovação possibilita ao operador e a oportunidade da adoção de um negócio sustentável.
Muito se questiona sobre a resistência dos materiais compostos em navios e uma das duvidas paira sobre a resistência do material ao fogo. Petersson explica que o material composto atende aos requisitos de Sociedade de Classificação DNV-GL, como:
• Isolamento de material não combustível
• Isolamento de painéis / pintura restritivos ao fogo
• Reforços estruturais redundantes
• Equivalente aos requisitos do “A60” para o aço
Sistemas de extinção de incêndios
• Sistema para aspersão de névoa de água (“Hi-Fog”)
• Sistema principal de combate a incêndio
• Sistema de CO2 fixo, incluindo em caixas de máquinas
• Sistema externo de “Wash-Down”
• Sistemas portáteis, incluindo jato de água “Cold-Cut Cobra”
Outra dúvida é sobre como reparar esse tipo de material em caso de avaria, e Petersson explicou que o processo passa por uma avaliação dos danos onde o mesmo é classificado dentro de uma escala de A a E. O processo, dependendo da classificação pode necessitar que o navio seja docado ou não. As ferramentas são as mesmas utilizadas na construção e os reparos são feitos com reforços, o que permite ao meio retornar ao mar e continuar navegando sem problemas.
O compósito por ser muito mais leve do que o aço, permite um custo, tanto de construção quanto de manutenção, 30% inferior em comparação a um navio 100% de aço. Mas o uso de compósitos não é restrito apenas a cascos e superestruturas. A Saab por exemplo, usa compósitos em mastros, cúpulas de radar, cúpulas de canhões, corpo de submarinos e frentes de trem, por exemplo.
Fechando sua palestra, Petersson mostrou que a Saab está pronta para realizar a transferência desta tecnologia como fez com outros países que atualmente se utilizam desta tecnologia, como a Dinamarca que em seu programa de um Navio Patrulha multifunção, prevê a construção de 14 cascos. Cingapura para equipar o casco e instalações de sistemas em 4 navios caça minas. O Japão solicitou a transferência completa para desenvolvimento, investimentos e construção de novos MCMVs (Mine Counter Measure Vessels).