Por Alexandre Gonzaga
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, proferiu, na tarde desta quarta-feira, aula magna para alunos do Instituto Rio Branco, em Brasília, que inauguram a disciplina “Defesa, Segurança e Política Externa”. Coube ao diretor-geral do Instituto Rio Branco, embaixador José Estanislau do Amaral Souza Neto, fazer a abertura do evento, ressaltando a estreita relação entre a defesa e a diplomacia brasileira.
Jungmann iniciou sua palestra falando sobre os marcos da Defesa, destacando a criação, em 2008, da Estratégia Nacional de Defesa (END). “É uma ruptura porque além do fato de se tratar de algo muito mais ambicioso e profundo, com a participação, inclusive deste Ministério e outras entidades, insere os militares brasileiros em um projeto nacional de desenvolvimento”, ressaltou. Além dos militares das Forças Armadas, ele ainda citou outros vetores para uma política nacional de defesa como a base industrial de defesa, relações exteriores, tecnologia e inovação.
O Livro Branco de Defesa Nacional foi outro documento lembrado pelo ministro, que foi relator da matéria quando deputado federal na Câmara dos Deputados. Para ele, o documento é muito importante na construção das relações exteriores com os países sul-americanos e também para ampliar as atribuições do Congresso Nacional. Na época, Raul Jungmann foi defensor da atualização e revisão dos documentos a cada quatro anos. “Quando cheguei a analisar, em outros países, a relação dos parlamentos com a defesa, observei que havia uma intensa ligação. Não se dá um passo na defesa nacional sem que haja interveniência dos parlamentos”, acrescentou.
Jungmann mencionou em outros momentos de sua palestra alguns desafios para o País, particularmente, a segurança e defesa do Atlântico Sul, onde passam mais de 80% das exportações brasileiras. Ele elogiou o trabalho diplomático, no passado, das Relações Exteriores em garantir a região livre de conflitos.
Para o ministro não se pode menosprezar a defesa apenas porque o Brasil se encontra em tempos de de paz. “Se nós minimizarmos o papel da defesa e dizer que somos a expressão do soft power ad eternum, em algum momento vamos ter uma surpresa muito amarga”, declarou.
Sobre fronteiras, Jungmann crê que a convergência defesa e diplomacia é crucial para resolver o problema dos crimes transfronteiriços. “Não há menor possibilidade de encararmos os desafios que nós temos nas grandes cidades, se não encontrarmos mecanismos de sinergia, primeiro entre nós, e segundo entre nós e nossos vizinhos.” O ministro ainda comentou sobre o que ele chamou de reunião histórica, ocorrida em outubro do ano passado, quando as principais autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário federais debateram a segurança pública nacional.
No encerramento, Jungmann falou sobre a grandeza e a riqueza do País. “Um país que tem mais de 200 milhões de habitantes, uma área territorial de oito milhões e meio de quilômetros quadrados, além de recursos naturais, é óbvio que tem um destino e vocação global”, argumentou.
Presente ao evento, o secretário-geral das Relações Exteriores, Marcos Bezerra Abbott Galvão, disse que a palestra do ministro Jungmann ocorria em momento de aproximação entre os dois ministérios e não se recordava de um encontro deste porte nos últimos tempos. Já o presidente do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais e Fundação Alexandre Gusmão (IPRI-FUNAG), embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima, ressaltou o projeto editorial e as palestras promovidas pela entidade.
A turma, que inicia a carreira diplomática este ano, tem 32 alunos brasileiros e 7 estrangeiros (dois da Argentina, um da Guiné-Bissau, um da Guiné Equatorial, um de São Tomé e Príncipe, um da Mongólia e um da Palestina). Durante o curso serão abordados conceitos de poder (hard, soft e smart power), política e estratégia, relações entre defesa, diplomacia, desenvolvimento e democracia, segurança, Estado e soberania, guerra e paz, cenários e desarmamento, entre outros temas.
FONTE e FOTO: MD