Os programas do setor avançam rapidamente e vao receber R$ 2,5 bilhões do PAC em 2013.
Os dias são frios e claros na pequena cidade de Halden, no sul da Noruega – menos este ano, na primavera. No dia ío de março, um domingo, a manhã ficou subitamente nublada no antigo condado de 3 mil anos. E no severo Instituto de Tecnologia da. Energia, o IFE, outro fato incomum: o combustível nuclear que vai abastecer o submarino atômico brasileiro funcionou pela primeira vez – como vai funcionar em 2023, quando o navio já estará construído, “Foi emocionante”7, define o comandante André Luis Ferreira Marques, do Programa Nuclear de Marinha (PNM).
A façanha dos especialistas saídos de Iperó, na região de Sorocaba, distante 130 quilômetros de São Paulo, não é pequena. “O ensaio científico é sofisticado e exige qualificação impecável da equipe envolvida”, destaca o oficial. O grupo, ligado ao Centro Aramar, preparou o teste durante três meses – embora cenas providências e decisões tenham sido tomadas até um ano antes disso.
A escolha dos laboratórios de Halden tem a ver com o. fato de o Brasil não dispor, ainda, de um bom reator de pesquisa. Só agora o governo federal está providenciando a construção do modelo nacional, destinado a atender necessidades médicas, do setor agrícola e de energia.
Outro fator determinante, é a atitude do governo norueguês em relação ao PNM, identificado em Oslo como “estritamente pacífico”, logo, com acesso ao complexo de experiências e provas.
Para realizar a “qualificação técnica do combustível nuclear”, o nome oficial do exame, foi” preciso negociar a compra do urânio a ser utilizado. A aquisição foi feita pela Noruega: um lote pequeno, de 20,2 gramas.
O Brasil domina o ciclo do combustível e, sim, tem o material estocado. Todavia, a legislação exige que toda movimentação, saída e entrada no País, seja autorizada pelo Congresso.
A quantidade era pequena e a pressa era grande, uma boa justificativa para o recurso destinado a superar a dificuldade burocrática.
A pastilha de urânio foi desenhada e produzida de acordo com as especificações definidas no GTMSP, o restrito Centro Tecnológico da Marinha, que funciona agregado à Universidade de São Paulo (USP) e mantém o núcleo Aramar, em Iperó. “É um conhecimento limitado, que está sendo desenvolvido no Brasil faz 34 anos” explica Ferreira Marques.
O comandante não estava em Halden, no dia da verificação. Acompanhou o ciclo por meio de relatórios eletrônicos, transmitidos pela equipe.
Fórmula JL Os resultados do teste revelaram que o combustível nuclear poderia fazer o submarino de 100 metros e 4 mil toneladas mergulhar além dos 350 metros, navegar com agilidade esperada e a velocidades na faixa de 50 km/hora, aO combustível de um reator do tipo usado em usinas de geração de energia, trabalha como um caminhão, pesado e forte – o produto criado para abastecer o propulsor de um submarino é um Fórmula 1; rápido, crítico, de respostas imediatas e alto desempenho”, diz o comandante Marques, para quem “todas as metas foram atingidas, e sob condições reais de operação”.
O programa da Marinha avança rapidamente. No Centro Aramar o cronograma apertado corre de forma integrada com o. do Pro Sub, focado na construção, em Itaguaí, no litoral sul do Rio de Janeiro, de um estaleiro, uma base, e o primeiro lote de novos submarinos, quatro convencionais diesel-elétricos, e um de propulsão nuclear. A execução está contratada com a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), associada com a paraestatal DGNS, da França, parceira na transferência de tecnologia. Ambos os empreendimentos, o PNM e o Pro Sub, vão receber a o longo desse ano, R$ 2,5 bilhões.
Nos 90 mil metros quadrados que integram a área de Aramar, acabou a fase em. que o local era tratado como Sítio da Marinha e, sem dinheiro, as atividades eram limitadas apenas à manutenção dos prédios e à produção lenta das ultracentrífugas, as máquinas que transformam o urânio energeticamente “pobre” no elemento do tipo “rico”, mais vigoroso e adequado a alimentação de reatores (para movimentar navios, o enriquecimento fica no limite de 4%, o padrão do Brasil para armas, o índice é superior a 90%; o processo nacional é permanentemente inspecionado por agências internacionais).
Depois da entrega da Usina de Gás, a Usexa, em 2012, todas as prioridades estão concentradas na obra do LabGene, o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica. É um conjunto de onze prédios, cinco dos quais ancorados diretamente na rocha de base, capazes de resistir a terremotos, tomados e inundações. Neles, serão exercidas as atividades com elementos radioativos. O LabGene implica o maior contrato do sistema – vai custar R$ 220 milhões. O PNM consumiu, desde 1979, cerca de US$ 1,6 bilhão. Virtualmente suspenso na administração de Kernando Collor de Mello, voltou a atividade em 2007, por decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O valor destinado até 2015 é de R$ 1.040 bilhão em 7 parcelas atualizadas. Com isso, o LabGene estará pronto para operar em 2016. No conjunto, em meio ao cerrado, a Marinha vai aprender coisas importantes como a montagem e a troca das varas de combustível – e também a técnica de integração entre o reator e sua célula, no navio.
A longo prazo o Pro-Sub é ambicioso. Prevê, até 2047, uma frota formidável, com seis submarinos nucleares e 20 convencionais – 15 novos e mais cinco outros revitalizados. O custo estimado de cada navio atômico passa pouco dos €550 milhões, o primeiro sairá por € 2 bilhões, consideradas a transferência da tecnologia, e a capacitação do País para projetar essa classe de embarcação militar.
Em março, na outra ponta do programa, a presidente Dilma Rousseff inaugurou em Itaguaí a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas com 57 mil mrde área útil, 45 edifícios 5 subestações elétricas, Ali serão montados os submarinos. Dilma ganhou rosas e declarou que o Brasil “tem o mérito de viver em paz (…), porém inserido de forma dissuasória no cenário internacional”.
FONTE: O Estado de São Paulo
NOTA DO EDITOR: Cabe retificar alguns equívocos contidos neste artigo.
– CTMSP é o correto e não GTMSP com está no texto.
– No lugar de 100 metros e 4 mil toneladas o correto é:
“O SNB Álvaro Alberto (SN 10) deslocará 6.000 toneladas, terá a capacidade de mergulhar até 350 metros ou mais e desenvolverá uma velocidade máxima em torno de 24 nós, podendo chegar a 26 nós. “ Retirado do nosso artigo: “Submarino Nuclear Brasileiro ‘Alvaro Alberto’ (SN 10)”
– O CTMSP não fica no “meio do cerrado”, o correto é: No interior do estado de São Paulo.
– No artigo podemos ler que “até 2047 teremos um frota de submarinos formidável com 6 SBNs e 20 convencionais, sendo 5 “revitalizados”.
Cabe informar aos nossos leitores que a classe Tupi e Tikuna, ainda que modernizada pela MB, não terá todos os 5 submarinos, em funcionamento até 2047. Apenas o Tikuna deverá estar na ativa nesta data.
Esse submarino nuclear que MB construindo a tecnologia embarcada vai ser da década de 90 ou MB vai desenvolver novas tecnologias baseado nos novos submarinos que vao ser lançados na mesma época desse ou vai sair submarino nuclear a meia boca
Mauricio, o nosso programa de submarino nuclear visa antes de tudo, ter a confiabilidade do mesmo e opera-lo o máximo possível. Em termos de sistemas ele terá o que houver no mercado à época. Hoje será o Subtics e acredito que deva ser o mesmo com suas devidas atualizações. Portanto, não há como o nosso SBN, agora chamado de SBNBR, ser “meia boca”. OK?
abs
Padilha