Seminário sobre indústria aeroespacial na Metodista tratou das oportunidades com a chegada do caça sueco Gripen
A indústria da defesa é oportunidade única para acelerar uma economia em estagnação ou crise. Quando se adquire uma aeronave compra-se junto uma nuvem de oportunidades equivalentes a 2 ou 4 vezes o investimento realizado, seja na forma de inovação, novos negócios, bens e serviços de proteção, seja como transferência ou desenvolvimento de tecnologias relacionadas com o produto central. Sem contar o transbordamento desse investimento para pessoas treinadas e capacitadas, além da geração de valor social.
“Essa cadeia tem uma cultura particular, que é a cultura colaborativa. A indústria aeronáutica é uma cadeia de muitos parceiros, pois desenvolve projetos integrados. Um jato tem vida útil de até 50 anos. Portanto, vai demandar encomendas e atualizações frequentes dos fornecedores”, afirmou a economista e consultora em engenharia de processos Ana Teresa Fuzzo de Lima, da LAB Consultoria, que falou na manhã de 15 de outubro sobre “Defesa como investimento social: transbordamentos tecnológicos do Gripen”, em seminário na Universidade Metodista de São Paulo com o tema Indústria Aeroespacial, Desenvolvimento Regional e Oportunidades de Negócio. No mundo, a cadeia aeronáutica movimentou US$ 1,7 trilhão em 2.013.
O seminário tratou do potencial de desenvolvimento que os 36 caças suecos Gripen NG podem trazer às empresas brasileiras, um negócio avaliado em R$ 9,1 bilhões fechado entre a FAB (Força Aérea Brasileira) e SAAB e que devem começar a ser entregues a partir de 2019. “Ao contrário de 40 anos atrás, quando montávamos o Xavante sob licença na forma de kits desmontados, o Brasil tem hoje domínio para desenvolver modernos aviões a jato e capacidade para evoluções futuras como o Gripen”, testemunhou Jairo Cândido, diretor do Departamento da Indústria de Defesa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Comdefesa), cuja exposição abordou “Conteúdo Nacional”.
Transferência de tecnologia
A exemplo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que abriu o encontro enfatizando no acordo com a SAAB a transferência de tecnologia para o Brasil, Jairo Cândido detalhou a importância da produção cooperativa do Gripen. Entre 2015 e 2021, 357 profissionais brasileiros vão trabalhar na Suécia para atuar desde o desenvolvimento da aeronave até testes de protótipo e construção. Das 36 aeronaves, 13 serão fabricadas por suecos, 8 por brasileiros na Suécia e 15 no Brasil.
Além da Embraer, que será a célula central do processo, as brasileiras beneficiadas com transferência de tecnologia são Akaer (conjuntos estruturais em metais e materiais compostos), Grupo Inbra (produção de conjuntos e estruturas em metais), AEL (design e suporte à aviônica da aeronave), Mectron (manutenção do radar e sistema de comunicação entre os caças e o solo), Atech (suporte e simuladores), além do DCTA (que será o certificador final da aeronave). Serão gerados 2,3 mil empregos diretos e 14.650 incluindo outros setores econômicos.
“Investir em defesa é fundamental para a soberania nacional. Cada real aplicado em programa de defesa gera um multiplicador de 9,8 em valor do PIB. O faturamento já contratado pela Embraer equivale a 900 anos de financiamentos da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado de São Paulo”, citou o diretor do Comdefesa, apontando para estudo recém-concluído pela FIPE indicando que o mercado de defesa e segurança no Brasil representa 3,7% do Produto Interno Bruto nacional, cresceu em média 9,4% entre 2009 e 2014 e movimentou R$ 202 bilhões no ano passado.
Transbordamento social
Mesmo com características bastante peculiares como ter poucos ou às vezes um único cliente (geralmente governos) e elevada demanda tecnológica, a indústria aeroespacial estende tentáculos por inúmeros setores. Tomando como referência estudo sobre o Gripen de 1980 a 2000, a consultora Ana Lima citou que na África do Sul, onde a SAAB fixou acordo de cooperação para compra de 26 modelos JAS em 1994, a joint-venture SAAB Denet passou a fornecer componentes também para Airbus e Rolls Royce, além de sua marca Volvo ter fechado 8 novos negócios para a indústria automotiva e caminhões de carga. Na Hungria, por meio de um contrato de leasing de 14 Gripens em que 110% do valor deveriam ser investidos em empresas húngaras que exportassem para a Suécia, foram gerados 10 mil empregos diretos e a Electrolux passou a produzir 90% dos produtos da marca vendidos em toda a Europa.
“A cadeia SAAB é bastante horizontalizada, com participação crescente dos fornecedores em todo o processo de desenvolvimento e produção. Além disso, a padronização de parte dessa produção permite formar uma base consolidada de fornecimento por pelo menos 30 anos”, incentivou Ana Lima para a plateia de empresários que lotou o Auditório Sigma da Metodista. Outro diferencial é que o fornecedor do Gripen NG acabará guarnecendo a SAAB em todos os países onde a empresa atua.
A Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, braço executivo do Consórcio de Prefeitos das sete cidades da região, já identificou 28 empresas que fornecem para a cadeia de defesa e segurança e outras 199 com capacidade para vir a fornecer, segundo o secretário-executivo Giovanni Rocco. Já está criado um APL (Arranjo Produtivo Local) de Defesa do Grande ABC para adensar essa cadeia produtiva. O objetivo é não só atuar diretamente com o Gripen, mas criar uma expertise local que abasteça outros setores econômicos a partir de tecnologias afins.
São Bernardo do Campo está projetada para sediar empresas que farão partes e componentes do caça sueco. Tanto o prefeito Luiz Marinho quanto o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Hitoshi Hyodo, destacaram a busca de novas matrizes econômicas para o munícipio, até agora dependente da indústria automotiva e que perde empresas dentro dos programas globais de reestruturação.
Marinho descreveu vários investimentos em andamento para tornar a cidade atraente em infraestrutura, logística, educação e qualidade de vida e reforçou a promessa de que resiste à especulação imobiliária, que quer erguer prédios residenciais onde há galpões de indústrias que foram embora. “Onde houve um polo gerador de empregos só pode se instalar outro empreendimento que traga novos empregos e riqueza”, assegurou.
Novo curso gratuito
O seminário Indústria Aeroespacial, Desenvolvimento Regional e Oportunidades de Negócio foi promovido pela Universidade Metodista e Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC com apoio do CISB (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro), AIAB (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil), Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP – São Bernardo do Campo), Grupo INBRA e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.
Na abertura do evento, o reitor da Metodista, Márcio Moraes, saudou o Dia do Professor e a importância da academia para formar mão-de-obra qualificada, gerar pesquisa e desenvolvimento. Atenta ao potencial produtivo que o Gripen vai possibilitar, a Metodista prepara cursos de especialização na área, com ênfase em gestão e logística. Na próxima semana dará início a um curso gratuito de três encontros sobre “Oportunidades de Negócios na Indústria Aeroespacial”. As aulas acontecem no campus Rudge Ramos das 19h às 22h dias 20, 22 e 27 de outubro. Inscrições pelo curtaduracao@metodista.br
FONTE: Universidade Metodista de São Paulo
Temos aqui um exemplo de planejamento e política pública, voltados à área de desenvolvimento industrial, com grande potencial de causar um salta tecnológico e início de novo ciclo panorâmico ao perfil industrial brasileiro.
Neste projeto do FX2, do Prosub, do KC390, Guarani, VLS, SISFRON, SISGAAZ, etc, etc, a classe política tem que entender que eles são meros coadjuvantes, e não protagonistas, o que muitas vezes prejudica o desenvolvimento do Brasil. Devem criar condições da iniciativa privada fazer o que sabem fazer de melhor: Tornar algo lucrativo e criar evoluções em todos os segmentos produtivos. As brigas políticas devem afetar apenas os políticos, e não o setor produtivo e a economia.
Os empresários precisam saber de quanto é a seriedade nestes projetos, e quanto devem ou podem investir nos projetos futuros, os quais muitos são desenvolvimentos de médio e longo prazos. Se não houver uma estratégia e uma política industrial clara e bem definida, haverá insegurança e dúvidas quanto ao planejamento e investimento.
As políticas econômicas e a estratégia de mercado, a médio e longo prazo, devem ser o tronco principal dessa estrutura, que vai gerar os frutos desejados. Mas um tronco frágil, gera frutos indesejáveis (isso quando gera). Não se pode investir no desenvolvimento de um produto ou equipamento na área de defesa, por exemplo, sem saber se o governante sucessor vai manter a mesma política e planejamento industrial, se vai manter o orçamento e as contratações. Isso atrapalha desenvolvimentos de produtos altamente tecnológicos, mas que exigem até anos de pesquisa e desenvolvimento, consequentemente, capital.
A classe governante deve dar condições aos empresários do setor saberem que o exemplo da Engesa/Osório foi um erro já corrigido, mais sem paternalismos. E o sucesso da Embraer não será uma exceção, mais sim, um padrão.
O Congresso e o GF deveriam ser compostos de seres humanos capazes de entender que eles só estão lá porque delegamos a eles a administração do país, mas são funcionários nossos que podemos demitir ao final de sua experiência. Mas, passam uma impressão que são iguais a estrelas POP, os quais devemos o prazer de termos seus autógrafos e criações artísticas.
Temos aqui um exemplo de planejamento e política pública, voltados à área de desenvolvimento industrial, com grande potencial de causar um salta tecnológico e início de novo ciclo panorâmico ao perfil industrial brasileiro.
Neste projeto do FX2, do Prosub, do KC390, Guarani, VLS, SISFRON, SISGAAZ, etc, etc, a classe política tem que entender que eles são meros coadjuvantes, e não protagonistas, o que muitas vezes prejudica o desenvolvimento do Brasil. Devem criar condições da iniciativa privada fazer o que sabem fazer de melhor: Tornar algo lucrativo e criar evoluções em todos os segmentos produtivos. As brigas políticas devem afetar apenas os políticos, e não o setor produtivo e a economia.
Os empresários precisam saber de quanto é a seriedade nestes projetos, e quanto devem ou podem investir nos projetos futuros, os quais muitos são desenvolvimentos de médio e longo prazos. Se não houver uma estratégia e uma política industrial clara e bem definida, haverá insegurança e dúvidas quanto ao planejamento e investimento.
As políticas econômicas e a estratégia de mercado, a médio e longo prazo, devem ser o tronco principal dessa estrutura, que vai gerar os frutos desejados. Mas um tronco frágil, gera frutos indesejáveis (isso quando gera). Não se pode investir no desenvolvimento de um produto ou equipamento na área de defesa, por exemplo, sem saber se o governante sucessor vai manter a mesma política e planejamento industrial, se vai manter o orçamento e as contratações. Isso atrapalha desenvolvimentos de produtos altamente tecnológicos, mas que exigem até anos de pesquisa e desenvolvimento, consequentemente, capital.
A classe governante deve dar condições aos empresários do setor saberem que o exemplo da Engesa/Osório foi um erro já corrigido, mais sem paternalismos. E o sucesso da Embraer não será uma exceção, mais sim, um padrão.
O Congresso e o GF deveriam ser compostos de seres humanos capazes de entender que eles só estão lá porque delegamos a eles a administração do país, mas são funcionários nossos que podemos demitir ao final de sua experiência. Mas, passam uma impressão que são iguais a estrelas POP, os quais devemos o prazer de termos seus autógrafos e criações artísticas.
É incontestável o esforço que vem sendo empreendido por certos organismos públicos e privados no sentido de consolidar o conceito da macro importância de se investir maciçamente na cadeia de desenvolvimento da indústria aeronáutica deste país.
Mesmo tendo que enfrentar o ceticismo dos investidores em razão da falta de uma cultura apropriada, de um parque tecnológico específico e consolidado, da escassez de mão de obra qualificada, da concorrência desleal e sobretudo, em razão da miopia e da efetiva falta de destinação de recursos para apoio as pesquisas e inovação, bem como a aquisição de parte considerável dos itens produzidos, observa-se que os paradigmas estão sendo ultrapassados e que as conquistas estão ocorrendo paulatinamente, mesmo diante da crise econômica, política e moral que atravessamos. Ainda existe um fio de esperança.
Durante uma palestra da NASA, que tive a oportunidade de prestigiar pela universidade, comentou-se, visando uma arrecadação de fundos para a exploração espacial, um estudo dos benefícios gerados a partir dos offsets e o desenvolvimentos causados pelos mesmos a indústria ao longo dos anos… É formidável… Mas parece que no Brasil relega-se todos os investimentos a causas sociais que geram mais votos. Uma falha grave e vergonhosa, que deixa nossa indústria e profissionais reféns da defasagem tecnológica.
Ai necessitamos de contratos como o do Gripen para nos tirar da inércia. Tomara que de certo, mas deve-se olhar para este como um atalho, pois ele não é o caminho que agrega mais ganhos no longo prazo, solidificando as bases da industria nacional e gerando profissionais com renome.
Aplicar dinheiro no setor aeroespacial é investimento, não gasto.
Ps: Para quem se interessar, a NASA disponibiliza um livreto todos os anos em seu site, listando os offsets gerados a partir das pesquisas e experimentos. Há a versão em pdf.
É incontestável o esforço que vem sendo empreendido por certos organismos públicos e privados no sentido de consolidar o conceito da macro importância de se investir maciçamente na cadeia de desenvolvimento da indústria aeronáutica deste país.
Mesmo tendo que enfrentar o ceticismo dos investidores em razão da falta de uma cultura apropriada, de um parque tecnológico específico e consolidado, da escassez de mão de obra qualificada, da concorrência desleal e sobretudo, em razão da miopia e da efetiva falta de destinação de recursos para apoio as pesquisas e inovação, bem como a aquisição de parte considerável dos itens produzidos, observa-se que os paradigmas estão sendo ultrapassados e que as conquistas estão ocorrendo paulatinamente, mesmo diante da crise econômica, política e moral que atravessamos. Ainda existe um fio de esperança.
Durante uma palestra da NASA, que tive a oportunidade de prestigiar pela universidade, comentou-se, visando uma arrecadação de fundos para a exploração espacial, um estudo dos benefícios gerados a partir dos offsets e o desenvolvimentos causados pelos mesmos a indústria ao longo dos anos… É formidável… Mas parece que no Brasil relega-se todos os investimentos a causas sociais que geram mais votos. Uma falha grave e vergonhosa, que deixa nossa indústria e profissionais reféns da defasagem tecnológica.
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Aplicar dinheiro no setor aeroespacial é investimento, não gasto.
Ps: Para quem se interessar, a NASA disponibiliza um livreto todos os anos em seu site, listando os offsets gerados a partir das pesquisas e experimentos. Há a versão em pdf.