A Indra, uma das principais empresas globais de tecnologia e consultoria, coordena dentro do programa FAMOUS (European Future Highly Mobile Augmented Armoured Systems), que lidera a empresa Patria, o design do Sistema de Missão que permitirá aos blindados europeus da próxima geração impor a sua superioridade no campo de batalha digitalizada, no qual o controle sobre os dados e a informação é o principal.
Somente os exércitos que fazem uso das tecnologias mais avançadas, baseadas na inteligência artificial, a hiperconectividade, a nuvem de combate e o uso de sensores de nova geração, poderão intervir neste tipo de cenário.
O programa FAMOUS, que participam 19 empresas europeias, aborda o design de arquitetura e firmará as bases para o futuro desenvolvimento e fabricação de um offroad e um veículo blindado rápido com rodas para infantaria, que poderiam entrar em operação no final desta década e que estarão dotados de tecnologias inovadoras.
A Indra trabalha na arquitetura eletrônica e lidera, além disso, o desenvolvimento do Sistema de Missão, dentro de um projeto no qual participam as empresas Nexter, Cybernetica, Savox, e LMT. Este sistema é o ‘cérebro de bordo’ que oferecerá ao veículo a consciência situacional e a capacidade para interoperar em tempo real com outras plataformas e soldados pelo terreno. “Operarão em rede, formando um autêntico sistema de sistemas e trocando dados com outras plataformas de forma contínua. Esta coordenação, este trabalho em equipe, é o que multiplica a inteligência e eficácia”, destaca a Indra.
O sistema de missão fará uso da inteligência artificial e a realidade virtual e aumentada para apresentar para a tripulação a informação tática, mostrando de forma contextual dados sobre a posição do adversário, ameaças detectadas ou avanço de unidades próprias e aliadas. “Trata-se de apoiar a tomada de decisões para elevar ao máximo a precisão, aproveitando uma visão que é construída a partir de dados recolhidos por múltiplas plataformas e soldados espalhados por todo o local de operações”, observam.
O nível de inteligência que oferece esta capacidade facilita uma coordenação quase perfeita, algo especialmente crítico em conflitos assimétricos ou híbridos, nos quais o adversário tenta passar despercebido. A Indra aponta que as táticas militares estão sofrendo uma importante mudança com a chegada desses novos sistemas: “uma plataforma adiantada pode facilitar dados de forma imediata para veículos que avançam por outro ramo, oferecendo uma grande vantagem e a possibilidade de surpreender o adversário, por exemplo”.
Esta tecnologia também permitirá aos veículos se moverem junto com plataformas terrestres ou aéreas não tripuladas, que oferecerão apoio e abrirão caminho para evitar ataques com artefatos explosivos improvisados.
A equipe liderada pela Indra assegurará a completa integração de todos os sistemas de defesa eletrônicos, sobrevivência, comunicações e sensores do veículo colocando cada dado a serviço da missão. “Para a tripulação, todas essas melhoras são traduzidas em um maior controle da situação, menor grau de complexidade e mais segurança”, destacam.
A cibersegurança é outro dos fatores que mais estão sendo cuidados desde as primeiras fases do design. Com isso, se certifica a máxima resistência do veículo frente a este tipo de ataque.
Todo o desenvolvimento estará baseado, além do software aberto, em um núcleo que poderá ser adaptado a diferentes veículos de forma simples. Este tipo de subsistemas – entre os quais se encontra o próprio sistema da missão, será adaptável tanto para veículos com anos de serviço como para os modelos mais modernos. Poderiam ser convertidos, desta forma, em um padrão para os blindados europeus, oferecendo economia em futuros desenvolvimentos, fornecimentos ou modernizações.
O objetivo é dotar os veículos com soluções mais avançadas e poder incorporar as tecnologias que vão surgindo de forma simples. “Nos preparamos para uma carreira na qual haverá a integração de novos sistemas de forma cada vez melhor e mais rápida”, acrescenta a empresa.
O domínio dos dados
Operar de forma coordenada e simultânea em todos os domínios da defesa: Terra, Mar, Ar, Ciberespaço e Espaço. Esse é um dos grandes objetivos que a defesa tem para responder a ameaças futuras.
Os sistemas de missão são um dos elementos sobre os quais é constituída esta capacidade, junto com os sistemas de gestão do campo de batalha (BMS). Estes equipamentos permitem interconectar sistemas, sensores e dispositivos para troca de informação entre eles e com o comando. A Indra está implantando o sistema de missão nos veículos 8×8 Dragão do Exército de Terra espanhol e equipou centenas de veículos do Exército de Terra com sistemas BMS.
E empresa trabalha paralelamente com seus superiores para iniciar operações de multidomínio e lidera o que é o projeto mais ambicioso impulsionado pela União Europeia neste terreno: o desenvolvimento do Sistema Estratégico de Comando e Controle para Missões e Operações Conjuntas de Segurança e Defesa (ESC2). Também trabalha no desenvolvimento da Plataforma Europeia para a Ciberconsciência Situacional (ECYSAP) que será encarregada de identificar e avaliar riscos associados ao plano tecnológico de qualquer operação e estimar a propagação e possível impacto de um ciberataque, oferecendo chance de resposta.