Abaixo a entrevista que o ex-presidente e co-fundador da Embraer concedeu a revista ISTO É DINHEIRO, que apesar de não ser recente, mostra bem o cenário que a Embraer está enfrentando.
DINHEIRO – Por que chegamos ao quadro atual de crise nos aeroportos?
OZIRES SILVA – A demanda pelo transporte aéreo no País tem crescido a taxas explosivas, acima dos dois dígitos. Diante disso, temos uma aviação menor do que a que precisamos. Nossas linhas aéreas centrais só vão a 60 cidades, enquanto o Brasil tem mais de cinco mil municípios. Ou seja, enquanto o mundo tem voado mais, temos uma capacidade aérea muito reduzida em número de aeroportos. Vão ser necessários muito mais aeroportos e muito mais aviões. No mundo todo, até 2030, 30 mil novos jatos entrarão em funcionamento. Você pode imaginar o impacto disso para a infraestrutura terrestre. Haja aeroporto.
DINHEIRO – Mas como construir novos terminais no momento em que o governo procura cortar gastos?
SILVA – O mundo está cheio de dinheiro para bons projetos. Mas faltam esses projetos aqui no Brasil. Quando estava nas Nações Unidas, vi a quantidade de dinheiro que ia para a África. Zero para a América do Sul. Perguntei por que isso acontecia. A resposta foi seca e direta: ?Vocês não fazem projeto.? Se fizermos bons projetos de aeroportos, haverá dinheiro para eles.
DINHEIRO – A concessão de aeroportos à iniciativa privada pode ajudar nisso?
SILVA – Em razão da forma como se estabeleceu a atuação estatal, o governo está perdendo sua capacidade gerencial. Então, ele tem de passar o gerenciamento do negócio para outros e assumir os papéis em que, a meu ver, é muito mais útil e eficaz, que são os de legislar, regular e fiscalizar. Acho que temos, sim, que privatizar o sistema e botar o governo como o fiscal disso.
DINHEIRO – É possível imaginar uma privatização da Infraero ou então a sua abertura de capital?
SILVA – Não sei se é possível privatizar, porque a Infraero não tem patrimônio próprio e gerencia o patrimônio do Estado. Aliás, hoje o pessoal culpa muito a Infraero, mas não sei se é justo, porque as restrições gerenciais que pesam sobre a companhia impedem que ela possa prestar o serviço para o qual foi criada. Foi esse um dos fatores que me motivaram a comandar o processo de privatização da Embraer. Todo mundo era contra, mas olha o resultado. Ela se tornou uma companhia livre das amarras e líder em aviação executiva.
DINHEIRO – Como o sr. vê a situação da Embraer hoje?
SILVA – A empresa tem feito um bom trabalho, mas o cenário está mudando rapidamente. A competição tem vindo firme. Empresas como Mitsubishi, Sukhoi, Honda e Tata estão entrando no mesmo segmento. Com isso, a Embraer iniciou um debate interno para decidir se deveria permanecer na mesma classe de aviões, com menos de 200 lugares, ou passar a fazer aeronaves para até 350 passageiros, numa categoria acima. É justamente essa categoria que mais deve crescer nos próximos anos, enquanto o nicho em que ela atua hoje tende a encolher, daqui para a frente.
DINHEIRO – Qual foi a escolha?
SILVA – A decisão do conselho de administração, tomada no fim do ano passado, foi permanecer no mesmo segmento, usando a experiência nessa classe para aperfeiçoar cada vez mais seus aviões e derrubar a concorrência. A única saída para a Embraer é a competência. Dominar o mercado fazendo produtos melhores e mais baratos.
DINHEIRO – Mas se justifica operar em um segmento que tende a encolher?
SILVA – É melhor ser a líder mundial de um mercado menor do que um participante pequeno de um mercado maior, que impõe custos bem mais elevados e uma concorrência já estabelecida. A Embraer optou por ser a cabeça do rato em vez do rabo do leão (risos).
DINHEIRO – E como fica a relação da empresa com os EUA, que cancelaram a compra dos Super Tucanos, alegando problema na documentação?
SILVA – Esse argumento deles foi completamente estapafúrdio. O que ocorre é que estamos em época eleitoral nos EUA, e falar em comprar produtos de uma empresa brasileira em vez de preferir uma companhia americana é algo extremamente sensível. O cancelamento foi claramente uma decisão política. Informalmente, espera-se a retomada dessa concorrência após o fim do processo eleitoral. Tudo indica que a empresa vença de novo, até porque o avião da Embraer é infinitamente superior ao da concorrente.
DINHEIRO – Falando em dificuldades, a crise financeira mundial tende a diminuir?
SILVA – A turbulência que nós temos hoje é uma crise financeira. Tenho dito claramente que os financistas não vão conseguir resolvê-la. Isso porque o dinheiro tem uma característica extraordinária, que é a de gerar valor, mas o financista usa o dinheiro para gerar mais dinheiro. Temos de trocar os interlocutores. Não são os economistas ou o pessoal dos bancos que vão resolver os problemas, mas sim os empreendedores. Os EUA cresceram dessa maneira. O risco reduzido para os empreendedores carregou os EUA e os trouxe para o posto onde estão. Como não temos isso no Brasil, nós ficamos para trás.
DINHEIRO – Mas o Brasil foi menos afetado pela crise do que os EUA e a Europa.
SILVA – Isso acontece porque o dinheiro no Brasil não corre risco. Quem está em crise colocou dinheiro no risco, para gerar valor. Progrediram um bocado com isso, mas chegou o momento em que eles exageraram. Isso gerou um estoque de dívida mundial que não está sendo pago e que precisará ser perdoado de algum modo. Já por aqui nossos bancos estão bem porque não correram risco algum. Quem corre risco no Brasil é o empreendedor, o empregado, o produto e a empresa. Esses quebram. Mas isso dificilmente acontece com os bancos aqui no Brasil.
DINHEIRO – Na prática, como usar o dinheiro para criar riqueza?
SILVA – Veja a quantidade de dinheiro que o governo arrecada via impostos. Se ele alocasse uma parte desses recursos para gerar capital de risco para financiar novas empresas, como a Embraer, você teria resultado. Não seria preciso muito, não mais do que uns 2% ou 3%. Veja só: o governo deve ter alocado uns R$ 80 milhões para criar a Embraer, e isso é o que ela fatura hoje em cinco dias. É um retorno extraordinário.
DINHEIRO – Como ex-presidente da Petrobras, como vê os vazamentos de petróleo na perfuração da Chevron?
SILVA – O que fica claro é que vamos ter que desenvolver mais a tecnologia para explorar o pré-sal. E fazer parcerias, tal como fizemos na Embraer. Trouxemos partes, peças e equipamentos de vários fornecedores de outros países. E formamos recursos humanos de altíssimo nível por meio do Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Juntamos esses dois recursos e trabalhamos a partir disso. É o que a Petrobras vai ter que fazer, aproveitando os cursos universitários que têm surgido na área do petróleo.
DINHEIRO – O sr. é um pregador da inovação. Como analisa a situação das empresas brasileiras nessa área?
SILVA – Nem precisamos analisar muito. É só ver a resposta a uma pergunta: quantas marcas o Brasil tem no mercado mundial? Pouquíssimas, em um mundo em que a inovação é muito clara. Veja o iPhone, por exemplo. O Steve Jobs e a Apple desenvolveram tudo, mas não pararam na tecnologia. Também levaram o produto para as prateleiras, fizeram a comercialização. É justamente o que falta por aqui. Nossas faculdades estão atulhadas de tecnologias desenvolvidas a partir de pesquisas que terminam no relatório técnico. Não viram produto. Os americanos dizem que a inovação é uma criação que virou um produto. Mas nós não temos os mecanismos adequados.
DINHEIRO – Quais são esses mecanismos de incentivo?
SILVA – Capital de risco, espírito empreendedor e redução da ameaça ao patrimônio pessoal do empreendedor. Veja o exemplo do Estado da Califórnia. Por que ele é o mais rico dos EUA? Porque é o mais inovador e o que tem os melhores mecanismos de incentivos. O risco é gerenciado através do portfólio, em que os investidores financiam dez projetos. Se um único deles der certo, por exemplo, o lucro já paga os outros nove. Por aqui, todos os projetos têm obrigatoriamente que dar certo. Se não derem, o cara que o lançou vai ter de pagar a conta, em vez do investidor. Isso aniquila os potenciais criadores.
DINHEIRO – É uma questão de mentalidade, então?
SILVA – Faz parte da estrutura da sociedade. Precisamos aprender a lidar com o fracasso e a diversificar os erros. A Boeing já lançou aviões que não deram certo e teve prejuízo de bilhões com isso, mas não quebrou. Se a Embraer falhar em um avião, será fuzilada aqui no Brasil. Estamos habituados a destilar fracassos, e não a louvar sucessos. Lá fora não se coloca na rua da amargura o sujeito que falha em um projeto, como acontece por aqui. No Japão, o Soichiro Honda construiu a montadora após dois fracassos empresariais. Se fosse por aqui, ele nunca mais teria conseguido se reerguer. Não podemos esquecer que quem fracassa tem um valor extraordinário porque tentou.
FONTE: ISTO É DINHEIRO
Vejam aqui um exemplo de tres ṕaíses que os EUA colocaram a mão para reconstruir :
Alemanha, Japão e Coreia do Sul
alguém aqui pode enumerar em qual porcentagem o brasil tem tecnologia comparada com esses paises e qualidade de vida?
se eu fosse colocar um numero ele teria um zero seguido de virgula e outros zeros assim: 0,0001% ~ , dá pra dizer que se a alemanha fosse enfrentar uma ameaça grande ela seguraria as forças invasoras ate a chegada do protetor norte americano, ‘ neh memo ‘?
Se fosse o Brasil em apuros os americanos viriam certamente em ajuda mesmo que fosse nestes dias ainda. ok?
O brasil eh um pais ocidental e aliado americano por pura conveniencia?
O brasil nao pode repudiar a ajuda de um pais tao melhor organizado e desenvolvido como os ESTADOS UNIDOS esta eh a verdade, e com isto seriamaos a segunda maior economia do mundo. Certo?
Respondam a vontade.
Tem 100 bilhões do BNDES enfiados na Oi e na JBS. 50 bilhões em cada uma.
Isso deveria ser mais preocupante do que aceitar a Boing + Embraer.
Os americanos fabricaram em torno de 50 mil blindados M4. Os russos produziram 100 mil T34, uma cópia dos blindados americanos da década de 1930.
Nenhum blindado superou o alemão Tiger. A proporção de destruição foi de 20 X 1 contra o M4 e 40 X 1 contra o T34. Os alemães produziram menos de 2 mil Tiger.
Patton venceu os blindados alemães porque usou conceitos modernos de agilidade, furtividade e resultados. Nenhum general da segunda guerra mundial ousou enfrentar os Tiger.
A guerra acabou por absoluta concentração de recursos contra os nazistas. O desembarque na Normandia foi a maior demonstração de força que o mundo conheceu: 1 milhão de pessoas, 750 mil soldados, 5 mil embarcações de guerra.
Patton queria empurrar os russos de volta. O general americano juntou um exército de 500 mil soldados e mais de 20 mil blindados. Patton queria enfiar a ofensiva russa pela garganta de Stalin. Teria conseguido? A fraqueza e a doença de Roosevelt impediu.
O mundo deve muito aos americanos. As maiores pragas da humanidade (nazismo e comunismo) foram exterminadas graças ao empenho americano. Sem contar a birutice nipônica que foi enfrentada ilha a ilha, homem a homem.
A entrevista do Ozires Silva é esclarecedora. Mesmo sendo a cabeça do rato (se vai rugir ou não iremos descobrir) não há futuro para uma empresa que produz aviões regionais. O futuro será dos aviões de 300/350 assentos.
Essa bobagem de comparar o T29 com o A10 é outra grande tonteria. Em uma única missão, o A10 destruiu mais de 1 mil blindados russos no Iraque. Não se tem notícia que os americanos perderam mais de 4 ou 5 A10.
Se a Embraer se juntar a Boing será sinal que ainda existe vida inteligente no Brasil.
Sr Esteves , claramente o vencedor e destruidor do Nazismo foram os Russos sem eles estaríamos usando o Alemão como língua mundial , não coloque tolices , apenas porque receberam ** Blindados ** dos EUA , pois sabemos que os T34 derrotaram todos os Blindados alemães , que eram superior a todos os Blindados Ocidentais , o próprio Tiozinho reconhece isto, embora não coloque em seus Filmes !
Os Nazistas até hoje devem se perguntar , porque atacaram a URSS ? Pois seriam vencedores do Ocidente com os Pés nas Costas !!
Imagina se hoje estivessemos falando na privatização da Embraer, consigo ler os discursos nacionalistas, entreguistas, facista. Falando que a Embraer é uma empresa estratégica nacional, que jamais poderia passar por uma privatização entre outras falácias.
Agora novamente nos deparamos com uma oportunidade em que a empresa pode receber uma injeção de capital absurda, ganhar novos mercados, receber um novo portifólio quem sabe uma nova carteira de clientes aliada a Boieng. Mas o discurso segue o mesmo.
Fiquem tranquilo, não é a Boeing que vai acabar com a Embrear, é o próprio mercado que pode fazer este serviço em algumas décadas.
Possível título de material jornalistico ao ano 2021 ‘O Brasil não possui industria estratégica nacional porque essas; ou foram absorvidas por estrangeiras ou fecharam as portas.’ advinha quem é o culpado, e não venha colocar a responsabilidade nas costas do sofrido povo brasileiro, que não tem sequer meios de ficar empregado nestas industrias, nem tem apoio do governo para formar uma industria importante.
Percebi, nas palavras do Sr. Ozires Silva, que o interesse da poderosa Boeing pela Embraer, vai além do enfrentamento à concorrência da também poderosa Airbus, que se associou recentemente à Bombardier. A mencionada empresa aeronáutica norte-americana tenta impedir de todas as fomas que a brasileira Embraer consiga alçar vôos mais altos, como por exemplo, a construção de aeronaves com capacidade acima de 200 ou 300 lugares, cujo sonho, se concretizado, poderia inserir a empresa brasileira em uma concorrência dominada apenas pelas duas maiores grandes empresas de aviões, Boeing e Airbus. Vejo, também, nessa estratégia de aproximação da Boeing à Embraer, uma tentativa do governo dos Estados Unidos no sentido de inibir o avanço do setor de defesa da Embraer, que depois do sucesso do Super Tucano, aparece agora com o KC-390, cargueiro com capacidade para destronar o Hércules (C-130) deste nicho de aeronaves.
Como que você pode afirmar que a Boeing quer barrar o crescimento da Embraer, impedido de construir aviões maiores de 200 – 300 lugares se na própria matéria o ex-presiente co-fundador da empresa falou que a Embraer não quer se aventurar neste mercado, para se dedicar na liderança do seguimento em que ela já domina ?
E pior ainda você finaliza que o Governo Americano quer impedir a venda do Kc-390 e do Super Tucano, quando o próprio governo Americano é que mais promove a venda do Super Tucano, levando em conta que são construidos em solo americanos gerando empregos lá. Senndo que eles mesmo são os maiores potenciais clientes que a Embraer possa ter na face da terra. Essas teorias conspiratórias não se sustentam.
Luiz vc parece viver em um mundo paralelo, antes de opinar vc deveria pelo menos ler a matéria.
A Embraer já é bem crescidinha.
A URSS enfrentou os nazistas em uma frente de mais de 3 mil km. A frente ocidental não tinha nem 1 mil km. Quem forneceu blindados para os russos foi a Chrysler. De graça. Quem salvou o mundo da ameaça nazista e depois, da ameaça comunista foi Tio Sam. Claro…isso teve um preço.
Quem nasceu nos anos 1940/1950 e lê bobagens nacionalistas dos anos 1960 pensa, como eu penso, que o mundo tá cheio de gente ingrata. Quando leio tonterias como leio aqui que o Brasil deveria fazer negócio com chineses e russos…acho que o mundo tá virado.
Óbvio está que a Embraer sabia que esse dia chegaria. O Brasil precisa aprender a rugir mesmo sendo um rato. O Rato que Ruge famosa comédia com Peter Sellers.
Senta na mesa como gente grande. Senta com os americanos. Senta com gente decente. Podemos mostrar a Boing do que somos capazes. Se der certo, ok.
Vida que segue.
Pai nosso que estas no céu. É somente um negocio. Uma empresa interessada em comprar outra. Parece que os marines invadiram Copacabana.
Talvêz se os marines invadissem Copacabana ficasse mais claro, mas nunca tão contundente.
Infelizmente o BRASIL é o lugar onde as inovações morrem, o complexo de inferioridade abunda por aqui,estamos sempre babando nos EUA e Europa, e menosprezando e ridicularizando oque é nosso,mas temos a chance de mudar tudo isso,pois já detectamos o erro,agora basta a coragem para mudar !
A entrevista é de 30 de março de 2012!
Sim. Está especificado no abertura que não é recente, mas vale ler sobre a Embraer para entender porque as coisas estão acontecendo.
Será que a Embraer quer ainda montar os F16,. Estão com medo da chegada da Saab. Será o Lobby ainda funcionado.