Por João José Oliveira
O presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, disse que a troca na pasta do ministério da Defesa não afeta as negociações que a empresa tem com o governo para combinar operações com a americana Boeing, mas admitiu que precisa ser apresentado ao novo ministro e retomar as conversas para provar à Brasília que a parceria com a fabricante dos Estados Unidos é a melhor opção para a companhia aeroespacial brasileira.
“A troca de comando na Defesa não afeta a interlocução com governo”, disse Souza e Silva a jornalistas, após evento em São José dos Campos, quando a Embraer recebeu as certificações das agências de aviação do Brasil (Anac), Estados Unidos (FAA) e Europa (EASA) para o novo E190-E2, primeiro jato da nova família de aeronaves da companhia que começa a ser entregue aos clientes neste ano.
Segundo Souza e Silva, o corpo técnico continua concentrado nas discussões com a Boeing. “Ainda não me reuni com o novo ministro, mas estou pronto. Basta ele me chamar”, disse o executivo da Embraer.
Recentemente, Raul Jungmann foi escolhido pelo presidente Michel Temer como o novo ministro da Segurança Pública. Para assumir o lugar de Jungmann na Defesa foi escolhido o general Joaquim Silva e Luna, de forma interina.
O presidente da Embraer rebateu perguntas sobre uma eventual oposição do novo ministro da Defesa ao acordo com a Boeing. “Não sei disso”, afirmou.
Souza e Silva admitiu que o tratamento que será dado à área de defesa na Embraer após uma eventual combinação de negócio com a Boeing é um tema das discussões de convencimento com o governo. “Não diria que é um problema, mas é uma questão”, afirmou.
Segundo Souza e Silva, as negociações continuam, mas ainda não há uma estrutura fechada. “Temos alternativas sendo avaliadas para que a gente encontre uma resolução rapidamente. Não temos prazo para fechar o acordo, mas não podemos ficar indefinidamente negociando”, disse o presidente. De acordo com ele, o horizonte é que o acordo possa ser definido ainda neste semestre.
Segundo Souza e Silva, existe uma preocupação grande com a Embraer, e a negociação com a Boeing é algo que corre em paralelo. O presidente da companhia rebateu a tese de que a Embraer seria esvaziada com a consolidação de um acordo com a Boeing, caso a combinação de negócio passe pela criação de uma terceira empresa para se ocupar das áreas de aviação comercial e executiva e que viria a ser controlada pela americana.
“O medo de esvaziamento da Embraer não faz sentido. O objetivo é tornar a Embraer mais forte”, disse o presidente. “Estamos prontos para mostrar isso ao governo.” Entre as garantias dadas, afirmou, está a de que os empregos no Brasil serão mantidos.
“A Embraer está focada, pode crescer. Mas é claro que com a Boeing torna a empresa parte da maior empresa aeroespacial do mundo e a companhia tem a possibilidade de crescer mais rapidamente”, afirmou Souza e Silva.
O presidente da Embraer reiterou que a empresa pode seguir sozinha caso o acordo com a Boeing não ocorra. “A empresa está muito bem, mas com Boeing pode crescer mais rápido”, afirmou o presidente.
FONTE: Valor
Pois é de novo. Fusão não sai. Seria ótimo. Mas a Boing não quer. Quer comprar.
Terceira empresa só na cabeça do jovem Jungmann. Não vi essa opção levada a sério em nenhum blog americano.
A 3G através da Heinz ofereceu 143 bilhões de dólares pela Unilever. Deixa o Jorge Paulo Lemann conduzir esse negócio. Em 15 dias ele compra a Boing.
Nos modelos que foram apresentados até o momento, este negócio não sairá. Ou a Boeing considera a Embraer um interlocutor ao seu nível, ou criará certamente um concorrente para a Boeing e Airbus no futuro. A Embraer sabe que terá que jogar contra os gigantes em seus no seu campo se desejar sobreviver, antes que uma asiática comece a fazer isso. O melhor seria uma nova empresa Boeing Embraer com troca de ações, sem uma controlando a aoutra mas decidindo em conjunto suas estratégias, plano de produtos, sistemas de produção, etc. sempre deixando uma porta aberta para desistência de uma ou outra da aliança. É que a Boeing veio para comprar tudo, mas embora o futuro seja incerto, a Embraer não está a venda. A Boeing deve pensar que seu futuro é mais incerto que o da Embraer. Com as novas tarifas de importação americanas ao aço externo, o que afeta principalmente a China, alguma guerrinha comercial vai começar e a Embraer pode se beneficiar por ser parte de país neutro, embora afetado pelas mesmas tarifas. Então, Embraer vá pra cima dos gigantes!
Pois é. Faz da Embraer parte. Hoje a empresa brasileira não é parte de nada. É dona de seu nariz. Sendo parte seguirá os rumos de outro negócio.
Vaias postagens da Embraer e de especialistas aqui no DAN explicaram que a Embraer não é um negócio estruturado em divisões como a Boing. Se comprada se transformará em um apêndice. Queremos isso?
Não se discute a qualidade da Embraer. A empresa está aonde está porque pessoas fizeram e fazem um trabalho sério. A Boing, também com publicações no DAN, acenou com cargos para os engenheiros da empresa brasileira nos EUA. Para levar engenheiros brasileiros não precisa comprar a Embraer. Basta oferecer uma proposta bacana. Eles vão. Quem não quer viver em terra de gente?
O que não faz sentido é a ideia do jovem Jungmann de criar uma terceira empresa. Por tudo que foi publicado não apareceu um único motivo. Claro, não estamos na mesa. Sabe-se lá do que tratam. Mas não vamos crescer criando macacos.
Boing e Airbus combinaram. Uma compra a de cima a outra fica com a debaixo. Talvez a Boing não tenha contado com a resistência do governo brasileiro. Talvez ela tenha imaginado que 6 ou 7 bilhões em terra de poucos ativos seriam uma dádiva.
Negocios de aplicativos nos EUA começam com 10. Se for negócio em evidência começa com 30. O UBER começa com 45. O Instagram começa com 25. O sócio da 3G nos EUA Warren Buffett comprou a Duracell por 6,4 bilhões de dólares. A brasileira 3G e Warren Buffett ofereceram 431 bilhões de reais pela Unilever.
Dizem os especialistas que negócios tradicionais estão sendo superados por novos negócios que trazem novidades e preços menores. É o caso da Embraer. Boa margem, custos menores, aviões mais econômicos, preços competitivos. O KC390 foi desenvolvido para a Amazônia. Que sucesso faria na Índia e na Ásia.
Mas os negócios no Oriente estão fechados para a Embraer. Como foram fechados para a Engesa seja lá por quais motivos na época. O preço do óleo caiu para liquidar as pretenções de países emergentes. Rússia, Brasil, Argentina estavam surgindo como concorrentes aos produtores dos países do Golfo. Bastou reduzir o preço do barril para 45 dólares que o custo do pré-sal de 55 liquidou nossas esperanças.
Não temos muitas saídas. Tem um gigante batendo na porta. A única maneira de enfrentar a ameaça é com ajuda de fora. Sabemos que a Embraer vale 5 vezes mais. Mas é pouco. Olhando para o futuro, é pouco.
Ou deixamos tudo isso esfriar como os chineses fizeram com a Embraer e os americanos desistem ou vamos buscar alianças na Europa, na Índia e na Ásia. Talvez na Suécia. Ou recompramos a Embraer dos acionistas como Erdogan fez com os estaleiros turcos. Ou. Temos que ter mais ous.
Não dá pra decidir o futuro de um negócio desses com somente uma proposta. Em último caso chamamos a 3G e vendemos a Embraer para eles por 15. Financiamos com o BNDES e a vida segue.
Avião ou cerveja o importante é deixar de ser um país de gente jovem.