A Embraer realiza hoje, em Évora, Portugal, o lançamento da primeira peça produzida para os E-Jets E2, a segunda geração da família de aviões comerciais que entrará no mercado a partir de 2018. A produção da peça, que compõe a estrutura metálica da asa do primeiro protótipo do jato E190- E2, acontece no prazo que havia sido estipulado, de dois anos após o lançamento do programa, na Feira de Le Bourget, em Paris.
Inaugurada em 2012, com investimentos de € 177 milhões, a fábrica de Évora será responsável pelo fornecimento de materiais compósitos e metálicos para os jatos E2. A montagem final e o processo de entrega aos clientes continuarão sendo realizados em São José dos Campos, nas mesmas instalações da atual geração de E-Jets.
O presidente da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar Silva, disse que o mercado vem respondendo positivamente à estratégia da empresa de manter seus produtos atualizados com tecnologias inovadoras. “O volume de pedidos que recebemos mostra que a empresa está no caminho certo.” A família E2, composta pelos modelos E175- E2, E190- E2 e E195- E2, já tem 210 pedidos firmes e 380 opções de compra.
Em 2013, a Embraer anunciou 195 pedidos firmes e mais 60 reconfirmáveis para a atual geração de E-Jets. Os jatos E2 receberam 150 pedidos firmes e 150 opções de compra. Este ano foram 70 encomendas firmes e três opções para o E-1 e 60 para os E2, que também tiveram 230 opções, direitos de compra e cartas de intenção.
Silva diz que a principal mudança incorporada nos jatos E2 em relação a atual família está relacionada ao motor. Serão usadas turbinas da Pratt & Whitney, que prometem economia de consumo de 16% e redução de 20% nos custos de operação das aeronaves.
Outra alteração importante está nas asas. Serão duas novas asas – uma para o 175 e outra para o 190 e o 195. “A combinação do novo motor dos E-Jets E2 com as novas asas é que irá trazer a eficiência operacional maior”, afirmou.
O executivo comenta que o Boeing 737-8 Max e o A320 Neo mudaram apenas o motor e mantiveram a mesma asa. Silva afirma que o E195- E2 (que terá 134 passageiros em classe única e 122 em duas classes), em função das suas características operacionais e o fato de ser maior (12 assentos a mais), terá custo por assento próximo ao do A320 Neo e do 737-8 Max e 10% menor que o CS 100 da Bombardier.
Com a carteira de pedidos em volume recorde, US$ 22,1 bilhões, o executivo disse que a companhia vive um grande momento. “Atingimos liderança sólida no segmento de 70 a 130 assentos, com mais de 60% dos aviões entregues e uma participação de 52% nas vendas mundiais na categoria.”
A empresa, no entanto, não vê concorrência direta com os jatos Boeing e Airbus, mas sim uma oportunidade para os E-Jets complementarem a operação dessas aeronaves, em mercados secundários ou regionais, ou mesmo em horário de menor demanda em rotas premium, como ocorre nos EUA e na Europa.
Além disso, a atual geração de E-Jets, por seu custo operacional mais baixo, deve motivar as operadoras a abrirem rotas com baixo risco. “O E195- E2 está bem posicionado para operações de empresas de baixo custo em mercados de média densidade”, afirmou.
Entre os aspectos que chamam a atenção dos operadores dos E-Jets no mundo, segundo Silva, está um índice medido a partir do número de voos que não saíram do gate até 15 minutos da hora estipulada por motivo técnico do avião. O índice da brasileira é de 99,3%. “No caso dos nossos E-Jets, isso quer dizer que em cada mil voos, apenas sete saem do gate atrasados”, explicou.
Na Europa Ocidental, o executivo da Embraer diz que o mercado ainda não se recuperou totalmente da crise, mas que existem boas oportunidades para a substituição de jatos antigos como os Fokker 70 e Fokker 100 e também os BAE 146. Os mercados emergentes da Europa do Leste, segundo Silva, onde a Embraer tem registrado crescimento em vendas, já operam 70 aviões da empresa.
A Ásia-Pacífico, de acordo com Silva, é uma região que a Embraer ainda precisa ter mais presença. “Esse mercado traz um desafio grande, pois os operadores da região têm tido uma preferência pelos aviões narrow bodies [corredor estreito]. ” O executivo afirma, no entanto, que a nova família E2 e, especialmente o E195- E2, por ser custo unitário próximo aos de corredor estreito, ajudará a Embraer a expandir sua presença na região nos próximos anos.
FONTE: Valor Econômico por Virgínia Silveira