Por Venceslau Borlina Filho
Foi na garagem de uma casa em Santo André (Grande São Paulo) que o empresário Mauro de Paula Ferreira, 57, começou a usinar pequenas peças para indústrias de componentes automotivos, mecânicos e eletrodomésticos.
Passados 30 anos, Ferreira e mais dois sócios se consolidaram como um dos mais de 70 fornecedores nacionais exclusivos de peças para aviões da Embraer, um negócio que movimentou R$ 381 milhões só no ano passado.
Hoje, a Globo Usinagem tem duas fábricas -Jambeiro (120 km de SP) e Botucatu (238 km da capital)- e 330 funcionários divididos em dois turnos e meio para a produzir 40 mil peças mensais. Para atingir essa produtividade, o empresário e os sócios fizeram uma série de ajustes para reduzir custos, eliminar desperdícios e melhorar a qualidade. Vários desses ajustes foram fomentados por cursos e treinamentos da própria Embraer.
Em cinco anos, a Globo Usinagem dobrou a produção de peças e aumentou para 4.000 o número itens produzidos. A empresa agora avança a outros setores e se prepara para novas demandas da empresa aeronáutica. “Eles [Embraer] abriram a nossa mente. Nosso faturamento cresceu 30% nos últimos cinco anos e vamos repetir isso até 2020”, disse.
Os cursos e treinamentos dados pela Embraer estão dentro do PDCA (Programa de Desenvolvimento da Cadeia Aeronáutica), a evolução de um programa iniciado em 2011 para fomentar a cadeia de fornecedores.
“Sem uma base de fornecedores capaz, não teríamos condições de desenvolver esses projetos. São vitais as ações para aumentar a produtividade e a eficiência”, disse Francisco Soares, vice-presidente de suprimentos da Embraer.
Nos últimos cinco anos, o número de peças do portfólio dos fornecedores da Embraer mais que dobrou: passou de 32 mil para 66 mil.
Para uma aeronave da família E-2, o volume de compras da cadeia subiu de 6.900 para 9.500 itens. Segundo Soares, 80% da fuselagem do novo avião, que chegará ao mercado em 2018, é de fabricação nacional.
“Uma cadeia nacional de fornecedores nos garante menor tempo e mais eficiência. Se não fosse isso, teríamos que importar as peças, o que geraria pelo menos 50 dias a mais no processo de produção em razão do transporte.”
“O raciocínio da Embraer foi o seguinte: se for crescer, preciso que minha base também cresça. Foi daí que surgiu o PDCA”, disse Amauri Silva, 52, um dos três sócios da Usimaza, em São José dos Campos (97 km de SP). Atualmente, 85% da usinagem de peças da empresa é destinada à Embraer. Até 2018, a expectativa do empresário é a de aumentar o faturamento em 40%, com a demanda de peças e componentes montados para o E-2.
FONTE: FSP