Por Patrícia Campos Mello
Empresa nega que produção em Portugal seja motivada pela ‘lógica dos custos’, mas transparência tributária pesa. Companhia brasileira também vê vantagem em mão de obra qualificada no país europeu
Com a queda da competitividade brasileira, a Embraer está fabricando peças de aviões em Portugal e exportando para o Brasil.
Nas duas fábricas que a empresa tem em Évora estão sendo montados componentes para a cauda e as asas dos jatos Legacy 500. As peças são mandadas por navio para o Brasil e aí entram na montagem final do avião.
No início de 2014, as fábricas da União Europeia passam a fabricar também componentes para o KC 390, o avião militar que a Embraer vai produzir, segundo João Taborda, diretor de relações externas da Embraer Europa.
“Isso demonstra que o Brasil não perdeu competitividade apenas para a China, mas também para países europeus”, diz Antônio Corrêa de Lacerda, professor de Economia Política da PUC-SP.
“Fabricar em outros países está relacionado à lógica de se integrar a cadeias globais de fornecimento, mas, se o custo não compensasse, não fariam isso.”
Segundo Lacerda, todos os indicadores de competitividade no Brasil –carga tributária, logística, custo de mão de obra– pioraram, e a questão cambial se agravou.
“Agora, com a desvalorização cambial, a situação pode melhorar; se o real permanecer em um patamar mais desvalorizado, a Embraer terá de rever sua estratégia.”
Segundo a Embraer, não foi a “lógica de custos” que motivou a instalação das fábricas em Portugal.
As fábricas fazem parte de uma estratégia global da empresa –e, no caso de Portugal, a oferta de mão de obra qualificada e o sistema tributário transparente foram fatores que pesaram muito.
A Embraer tem outras fábricas no extetior, nos Estados Unidos e na China, mas lá a produção é voltada primordialmente para o mercado daqueles países, e não para exportação para o Brasil.
“Chegamos à conclusão de que valia a pena fabricar aqui, também do ponto de vista dos custos”, disse.
Segundo ele, Portugal tem diversas vantagens comparativas: excesso de mão de obra, com muitos técnicos altamente qualificados e engenheiros; governo empenhado em desenvolvimento industrial e a base tecnológica na Europa. “Mas a questão de base é a necessidade da Embraer de ser globalizada.”
TECNOLOGIA
Segundo a empresa, a função das fábricas de Évora é estimular desenvolvimento tecnológico em duas áreas muito específicas, passando a fazer dentro da Embraer atividades que antes eram realizadas em fornecedores.
A Embraer não quis entrar em detalhes sobre a diferença de custos para fabricar no Brasil e na União Europeia.
“A Embraer não disponibiliza detalhes sobre custos. E analisar essa decisão estritamente em termos de custos induz a um erro de leitura, porque não foi essa a diretriz determinante para a instalação das unidades. É preciso considerar que a parceria é estratégica, e não uma simples alocação em razão de custos de produção ou logística, conquanto estes também tenham sido analisados e, naturalmente, precisavam ser competitivos para não inviabilizar o investimento.”
O investimento total da Embraer foi de € 177 milhões, incluindo empréstimo do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. A empresa também assumiu o controle, em 2005, da Ogma, estatal portuguesa, e lá se concentra a manutenção de aeronaves.
As fábricas em Évora ainda estão em implantação. Começaram a produzir em novembro de 2012.
Segundo Luis Afonso Lima, diretor-presidente da Sobeet, é possível que, diante da crise europeia, a fábrica de Portugal pode estar enfrentando baixa demanda na região, por isso a Embraer teve de direcionar as vendas para o Brasil.
FONTE: Folha de São Paulo
É mesmo, tá legal, a Embraer coitadinha só quer se defender do Brasil e seus impostos…
Está em pleno planejamento de uma estratégia global para deixar em aberto a opção de sair de mala e cuia do Brasil e escapar do controle do estado brasileiro…