O jato Legacy 500 é a grande aposta da Embraer para aumentar a sua participação no mercado de aviação mundial em 2014 e conquistar a liderança na categoria mid-size (jatos de 8 a 12 passageiros e alcance de 3 mil milhas náuticas). No ano passado, a participação da Embraer no mercado de aviação executiva, quando medida pela receita, foi de 7,3%. Por unidades entregues, o percentual de participação passou de 3,3% em 2008 para 14,9%, em 2012.
Com mais de 500 horas de testes em voo e em fase final de desenvolvimento, o modelo começa a ser produzido no primeiro trimestre do próximo ano. “O Legacy 500 é um avião de US$ 20 milhões desenhado para ser a primeira escolha do cliente, com vantagens de conforto e tamanho de cabine de uma categoria acima, que custa da ordem de US$ 25 milhões e US$ 30 milhões”, diz o vice-presidente de Operações da Embraer Aviação Executiva, Marco Túlio Pellegrini.
Entre os principais diferenciais do novo jato, o executivo da Embraer cita o sistema de comando de voo eletrônico fly-by-wire, só utilizado em jatos executivos com valor acima de US$ 50 milhões e o volume de cabine, com 1,82 metros de altura (os concorrentes têm, em média, 1,35 metros) e piso plano, em substituição ao piso rebaixado no corredor.
A pressurização da cabine, segundo Pellegrini, também é um item que faz a diferença no Legacy 500, pois ele consegue voar a 45 mil pés com a sensação de cabine equivalente a 6 mil pés. Os concorrentes oferecem um nível de pressurização de cabine da ordem de 8 mil a 10 mil pés.
“Todas as tecnologias e opcionais que incorporados ao Legacy 500 atendem a uma demanda do mercado. Fizemos uma consulta aos potenciais clientes que disseram que estariam dispostos a pagar por isso”, disse. É o que o mercado chama de “luxo inteligente”, que valoriza os detalhes e as necessidades do cliente, diz o executivo.
Pellegrini afirma que os jatos executivos da Embraer aparecem na lista das 25 marcas de luxo mais inovadoras do mundo, segundo a publicação americana “Robb Report” em 2013. Os concorrentes mais próximos do Legacy 500 são os modelos Learjet 85, da Bombardier, e o Sorvereign, da americana Cessna, ambos um pouco mais baratos que o modelo brasileiro, com preço ao redor de US$ 18 milhões.
A categoria do Legacy 500, segundo a Embraer, foi uma das mais afetadas pela crise mundial, mas para os próximos 10 anos a expectativa é que esse segmento responda por 10% da receita de US$ 252 bilhões, prevista com a venda de um total de 9270 jatos executivos no mundo.
Para 2013, embora a empresa ainda mantenha uma previsão de crescimento da participação dos jatos executivos na receita total da companhia, o cenário macroeconômico traz muitas incertezas. “A compra de jatos executivos está muito associada à confiança na economia e no mercado, ainda que tenhamos sinais positivos de retomada, como o crescimento dos lucros corporativos americanos e do número de milionários no mundo”, diz Pellegrini.
No Brasil, de acordo com o executivo, a valorização do dólar e o desaquecimento da economia também deverão impactar os resultados desse segmento, fechando o ano com receita mais próxima da estimativa inferior já divulgada pela empresa, de US$ 1,4 bilhão. A participação do setor na receita total deve ficar em torno de 25%, ante os 21% de 2012.
Pellegrini lembra que, embora tenha registrado uma queda no volume de negócios com jatos executivos em 2013, nos últimos três anos o Brasil se tornou o segundo maior mercado para novos jatos executivos, atrás somente dos Estados Unidos. Este fato é visto como sinal de amadurecimento, na medida em que os empresários brasileiros cada vez mais veem este ativo como uma poderosa ferramenta de produtividade para os seus negócios.
Segundo dados da Embraer, em 2012 o mercado brasileiro adquiriu 43 novos jatos executivos, dos quais 37% da fabricante brasileira. No primeiro semestre deste ano a aviação executiva da Embraer gerou uma receita de US$ 544,9 milhões, com a entrega de 41 aeronaves.
FONTE: Valor