Por João José Oliveira
Em março, a Embraer, a maior fabricante de jatos comerciais de até 130 assentos do mundo, anunciou a abertura de novas bases de atuação, com equipes próprias de engenheiros, no Vale do Silício e em Boston, nos Estados Unidos. Um mês depois, em abril, firmou parceria com o Uber para participar do desenvolvimento e implantação do “carro-avião”. Trata-se de um pequeno veículo vertical elétricos de decolagem e aterragem, a ser usado em cidades para deslocamentos mais curtos.
O presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, usa esse projeto como um exemplo do valor que a companhia dá à inovação. Segundo ele, o “carro-avião” não estará na carteira de produtos no curto ou médio prazos, mas a empresa tem que estar conectada ao que será o padrão de demanda em um horizonte ainda não visível.
Investindo a cada ano 10% do faturamento de R$ 21,5 bilhões em inovação, a Embraer é a empresa mais inovadora do país, segundo a terceira edição do Anuário Brasil Inovação, que o Valor produz em parceria com a consultoria PwC Strategy&. A Embraer leva o título pelo segundo ano consecutivo.
“A indústria aeronáutica disputa um mercado totalmente globalizado e altamente competitivo, com demanda intensiva por tecnologia e inovação, em que oferecer os melhores e mais eficientes produtos é condição de sobrevivência”, afirma Souza e Silva. Por isso, diz, a Embraer não se limita ao desenvolvimento tecnológico de seus aviões, mas também busca novos modelos de negócios.
A Embraer tem hoje quase metade de seu faturamento determinado por produtos que foram desenvolvidos nos últimos cinco anos. Na prateleira das inovações destacam-se o cargueiro militar KC-390, maior avião já desenvolvido no Brasil, a nova família de jatos comerciais E-2 e os novos aviões executivos Legacy 500 – produtos que consumiram quase US$ 5 bilhões desde 2012.
O jato Legacy 500 entrou em operação no ano passado com tecnologias até então não disponíveis para essa categoria, como o sistema de controle de voo totalmente digital (o “full fly-by-wire”), que deixa o voo mais preciso e estável, além de reduzir o peso do avião e a carga de trabalho do piloto.
No Legacy 500, a Embraer também inovou ao substituir os manches convencionais por “sidesticks” (componentes semelhantes aos “joysticks” dos jogos eletrônicos) como meio primário de comando dos pilotos, de modo a tornar a cabine menos congestionada e mais agradável para a pilotagem.
Na aviação comercial, a companhia começa a entregar em 2018 a família de jatos E-2, compreendendo três novos aviões (E175 -E2, E190 -E2, e o E195 -E2). Neste projeto, que consumiu US$ 1,7 bilhão desde 2013, a companhia conseguiu desenvolver aviões que consomem menos do que suas versões anteriores.
O cargueiro militar KC-390 é equipado com um sistema eletrônico que tem por objetivo agilizar a interação entre pilotos e máquina, reduzindo a carga de trabalho da tripulação. O avião também usa o sistema “fly-by-wire”, por meio do qual os comandos são acionados de forma elétrica, dispensando o uso de cabos e hastes.
A Embraer informa que essas novidades fazem com que o KC-390 ultrapasse o turboélice C-130 Hércules, fabricado pela americana Lockheed e utilizado pela Força Aérea Brasil (FAB). Em termos de velocidade, por exemplo, o modelo brasileiro poderá voar a 850 km/h. O Hércules voa a 671 km/h.
FONTE: Valor Econômico
Inovação nos Eua