Por Raul Mariano
A necessidade de adequação das contas públicas ao quadro econômico recessivo tem impedido o governo federal de realizar investimentos estratégicos em setores como a Defesa Nacional. Por consequência, a indústria ligada ao setor vive à mercê dos projetos de modernização das Forças Armadas que, nos últimos anos, ficaram praticamente paralisados.
Para especialistas da indústria da defesa, o maior receio do setor é reviver a crise dos anos 80, quando projetos governamentais foram descontinuados e diversas empresas fabricantes de equipamentos militares decretaram falência. Em Minas, pelo menos três grandes projetos desenvolvidos em parceria com as Forças Armadas andam em marcha lenta.
Em Itajubá, no Sul do Estado, a Helibras recebeu encomenda de 50 helicópteros do modelo H225M para as Forças Armadas. O projeto contou com transferência de tecnologia francesa para o Brasil e demandou um investimento de R$ 430 milhões desde 2008. O contrato assinado no mesmo ano estimava a entrega de todas as aeronaves em 2017. No entanto, apenas 19 foram entregues até o momento.
Fontes que acompanham o andamento do contrato afirmam que o projeto será concluído até 2022, com a entrega de quatro a cinco aeronaves por ano. Por meio da assessoria de imprensa, a Helibras informou que a produção “está passando por uma reorganização de cadência e prazos de entrega”.
Blindado
Em Sete Lagoas, a Iveco entregou ao Exército brasileiro pouco mais de 100 unidades do VBTP-MR Guarani, veículo blindado encomendado para renovar a frota nacional. Para atender à parceria com o Exército, a empresa chegou a inaugurar uma nova fábrica com 18 mil metros quadrados de área construída e capacidade de fabricar até 120 blindados por ano.
No entanto, a produção iniciada em 2008 perdeu força e, no último dia 3, a empresa colocou 105 trabalhadores em layoff até maio de 2016, segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Sete Lagoas (STIMMMSL).
“Apenas os blindados que são exportados para o Líbano estavam sendo produzidos e, mesmo assim, em ritmo lento. Demissões também aconteceram, mas ainda não sabemos quantas”, explicou o presidente do sindicato, Ernane Dias.
Em Itajubá, também no Sul do Estado, a Imbel fabrica os fuzis IA2, que vão substituir os antigos FAL utilizados pelo Exército desde a década de 1960. Assim como o helicóptero e o blindado, os fuzis também podem ter a fabricação paralisada.
A empresa não informou a quantidade média produzida, mas admitiu que “aguarda a definição do programa de substituição do atual armamento, FAL, pelo Fz IA2”.
Ministério garante continuidade das ações em curso
Todos os esforços para modernização da estrutura nacional das Forças Armadas estão reunidos na Estratégia Nacional de Defesa (END). Na prática, o plano é equipar as Forças Armadas e fortalecer da base industrial de defesa para que as tecnologias mais avançadas – especialmente civil e militar – estejam sob o domínio nacional.
Apesar das incertezas econômicas que colocam em xeque a continuidade dos programas estratégicos de defesa no país, o Ministério da Defesa garante que não haverá cancelamento de nenhum dos projetos já iniciados.
Por meio de nota, o órgão afirmou que “projetos como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos Nucleares (PROSUB), da Marinha, o Guarani, do Exército, e o FX-2, da Aeronáutica, poderão até sofrer alterações em seus cronogramas físico-financeiros, mas não serão interrompidos”.
Para especialistas, no entanto, com os investimentos cada vez menores por parte do governo, muitos projetos podem simplesmente deixar de existir. O pesquisador de Assuntos Militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Expedito Stephany de Bastos, explica que a ausência de políticas de Estado de longo prazo são o principal problema.
“O auge dessa indústria foi na década de 1970. De lá para cá, o mundo mudou. Tínhamos uma série de coisas tipo guerra fria que justificavam esses gastos. Hoje, poucas empresas conseguem sobreviver. A Mectron, empresa de tecnologia da defesa que pertence à Odebrecht está sendo vendida. A Avibras (fabricante de foguetes de artilharia) é uma das poucas sobreviventes que ainda consegue colocar alguma coisa no mercado”.
Perdas
Para o analista de projetos da Câmara da Indústria de Defesa e Compras Governamentais da Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Ricardo Coelli Xavier, a falta de investimentos tende a trazer perdas já que os equipamentos produzidos pelo segmento possuem alto valor agregado.
“O contingenciamento dos recursos destinados aos projetos estratégicos de defesa certamente pode impactar no desenvolvimento do setor e, consequentemente, na balança comercial”, explica. Xavier destaca que o setor responde, ainda, por parte significativa do que é produzido no país. “Os investimentos no setor de Defesa e Segurança entre 2009 e 2014 representam 3,7% do PIB do Brasil, ou seja, 202 bilhões de reais”.
De acordo com pesquisa da Abimde, a cada R$ 10 bi investidos no setor de Defesa e Segurança, o governo tem o retorno de R$ 5,5 bilhões em tributos.
De acordo com a Fiemg, a indústria da defesa conta com 23 empresas em Minas, sendo que 12 estão ligadas à Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança
FONTE: Jornal Hoje em Dia
Uai ! cadê o ministro do Comercio Exterior?
Vamos arrumar contrato de exportação para salvar os projetos , o importante é que alguém compre para mantermos a linha de fabricação. Nem que financiemos a venda via BNDES…
Uai ! cadê o ministro do Comercio Exterior?
Vamos arrumar contrato de exportação para salvar os projetos , o importante é que alguém compre para mantermos a linha de fabricação. Nem que financiemos a venda via BNDES…
Coitada! das nossas. …forças armadas. Será que vem por aí?
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