Para diretor da United Shipbuilding Corporation, empresas russas estão prontas para construir porta-aviões, mas destaca que o montante envolvido é muito alto.
No início da semana, o diretor do departamento responsável pelos contratos do governo ligados à defesa da USC (United Shipbuilding Corporation), Anatóli Shlemov, declarou que a indústria russa é capaz de construir porta-aviões. De acordo com ele, isso é confirmado pela experiência da profunda modernização do porta-aviões Almirante Gorshkov, destinado à Marina indiana.
“Do ponto de vista da Marinha, para uma grande nação marítima como a Rússia, essa questão é conceitual. Muitos cientistas acreditavam e acreditam que, considerando as especificidades de nosso país, os porta-aviões são realmente necessários. Além disso, todas as principais potências marítimas, como EUA, Reino Unido, França, Índia, China, assim como a Espanha e até a Itália, possuem ou pretendem possuir porta-aviões como parte integrante de suas forças navais. A tendência global é evidente”, disse Shlemov, citado pela ITAR-TASS.
“Esse tipo de força naval está se desenvolvendo muito intensamente na região asiática. A China, de acordo com fontes fidedignas, trata com muita seriedade o assunto. A Índia, nosso parceiro estratégico, receberá impreterivelmente esse ano o porta-aviões Vikramaditia [sob esse nome, o porta-aviões Almirante Gorshkov será integrado à Marinha da Índia]”, afirma Shlemov.
Quando pronto, o porta-aviões leve Vikramaditia deverá se tornar o carro-chefe da Marinha indiana. O navio foi construído na base do pesado cruzador porta-aviões Almirante Gorshkov, por meio de uma profunda modernização. O contrato firmado em 2004 previa a liberação de US$ 974 milhões para a reconstrução e modernização do porta-aviões e de US$ 530 milhões para o fornecimento de 16 caças MiG-29 k e helicópteros marítimos antissubmarino Ka-31 e Ka-27. De acordo com o contrato, a Índia deveria ter recebido o Vikramaditia ainda em 2008, mas a entrega foi adiada para 2012. No entanto, no final do ano passado soube-se que o cliente não poderia receber o navio de combate antes de 2013 devido a problemas com as caldeiras e os motores (que surgiram, inclusive, devido aos defeitos apresentados por uma parte de equipamentos provenientes da China, do Reino Unido e da Polônia).
“E nós, o que temos? Lembro que atualmente temos apenas um porta-aviões, o Almirante Kuznetsov. Entretanto, são necessários vários navios desse tipo baseados tanto na frota do Norte quanto na frota do Pacífico”, comenta o representante da USC.
De acordo com Shlemov, “existe ainda outro argumento a favor: nós devemos salvar todo um gênero dentro das forças navais, a aviação de convés”.
“Afinal, eles são os melhores pilotos da Marinha e da Força Aérea. O encorajador é que agora, no distrito de Eisk, está sendo criado o Complexo Universal de Treinamento da Rússia, o NITKA (complexo de solo de treinamento e testes de aviação)”, comunicou Shlemov.
“Infelizmente, o Programa de Armamento do Governo que foi aprovado e está sendo implementado não prevê a construção de um porta-aviões. No entanto, a Comissão Militar-Industrial da Rússia e o Ministério da Defesa estão trabalhando ativamente no programa de armamento do governo, que será executado no período de 2016 a 2025. É possível que, se houver certo grau de vontade política, os trabalhos de criação de um complexo de porta-aviões serão especificados, definidos e finalmente solicitados”, completou Shlemov.
“Todos os equipamentos associados ao grupo de aviação são novos, feitos sob encomenda dos indianos. Tudo isso foi testado e funciona”, disse ao jornal “Vzgliad” o especialista do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, Vasíli Kashin. “Logo, a Rússia é capaz de construir um porta-aviões. Mas o problema da construção é a alocação de recursos.”
“Trata-se de uma questão muito estratégica e, em parte, de política externa: será que estamos dispostos a investir na construção de um porta-aviões? E se queremos construí-lo, como ele deverá ser? No meu entendimento, os líderes da Rússia não formaram uma opinião definitiva, não estão seguros em relação a esse tema”, diz Kashin.
“Tudo depende da vontade do governo”, completa o ex-chefe do Departamento de Armas de Artilharia e Mísseis da Marinha, almirante Viacheslav Apanasenko.
“Muitas vezes começamos a construir do zero. Lembremos que de dez a 15 anos depois da revolução nós construímos uma frota bastante considerável para a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião, a situação era muito mais difícil, nós começamos do zero. Agora temos experiência.”
“É um brinquedo muito caro”, disse ao “Vzgliad” o diretor do programa de armas convencionais do Centro de Estudos Políticos da Rússia, Vadim Koziulin.
“Na minha opinião, eles não se encaixam muito bem com a doutrina militar da Rússia. Aliás, eles também não se encaixam muito bem no orçamento. Embora eu tenha certeza de que, se existir o financiamento, a indústria russa será capaz de produzir, e a frota, de assimilar.”
FONTE: Gazeta Russa