Por Gabriel Rocha Gaspar
A Airbus pretende costurar uma parceria com empresas brasileiras para entrar no mercado de lançamento de satélites de pequeno porte, a partir da base de Alcântara, no Maranhão. Atualmente, a instalação é usada para lançar foguetes ucranianos, numa parceria que a presidente Dilma Rousseff optou por interromper, por considerar pouco vantajosa. O ministro da Defesa, Jaques Wagner, que está em visita oficial à França, conversou com a companhia europeia nesta terça-feira (12) e prometeu apresentar ao empresariado brasileiro a proposta de criação da joint venture.
O interesse da Airbus em uma cooperação deste tipo existiria desde 2009 – bem antes, portanto, de vir a público a vontade do governo brasileiro de descontinuar um acordo bilateral com a Ucrânia, ainda formalmente em vigor. A interrupção desse contrato foi pedida há pouco mais de um mês pela presidente Dilma Rousseff, sob a alegação de que o acordo tinha mais custos do que benefícios.
Anulada a parceria, as instalações de Alcântara, no Maranhão, ficam disponíveis para outros usos. A estrutura é particularmente cobiçada por sua posição equatorial, o que diminui o gasto com combustível, já que os satélites de comunicação circulam em órbitas paralelas à linha do Equador. Outras propostas de uso comercial de Alcântara devem aparecer – os Estados Unidos, concorrentes dos franceses no setor aerospacial, são grandes interessados.
“A reunião de hoje de manhã (com a Airbus) era nesse caminho”, explicou o ministro, esclarecendo que “eles estão falando de lançadores de menor capacidade, mas para satélites que hoje são muito demandados, que são os satélites de observação, usando a estrutura brasileira”.
Vantagens para os dois lados
Para a companhia europeia, a vantagem de uma joint venture com o Brasil seria o potencial de concorrer no mercado de satélites de até 700 kg, que orbitam a 700 km de altitude. Atualmente, a empresa se especializa em satélites geoestacionários de grande porte. “Eu acho que seria um ganho grande para nós (…) porque eles querem fazer via Embraer”, avaliou Jaques Wagner.
Além disso, na Europa, os franceses não têm mais possibilidades de parcerias e enfrentam a concorrência de players agressivos, como os próprios Estados Unidos, a China e a Rússia. O Brasil apareceria como uma ótima alternativa, num programa que previsse transferência de tecnologia e desenvolvimento de infra-estrutura local, ao contrário do que acontece no caso do acordo ucraniano.
A conversa, no entanto, foi “absolutamente prospectiva”. “Eu acho que foi demonstrado um interesse verdadeiro. (…) Eu disse a eles que vou levar o dever de casa. Vamos chegar lá e vamos reunir nossa equipe para saber o que há de real e falar. Porque tem de haver uma contraparte nossa. Se a contraparte for uma estrutura empresarial, melhor ainda”, afirmou Jaques Wagner.
Ajuste Fiscal
O ministro se disse satisfeito com o saldo da viagem de três dias, que contou com visitas a usinas em Cannes e Cherbourg, onde estão sendo construídos os submarinos brasileiros, além de uma bateria de reuniões com empresários. O contexto, no entanto, não é dos melhores, dado o ajuste fiscal promovido pelo governo, que cortou de quase metade do orçamento da Defesa para o primeiro trimestre deste ano.
“Estamos trabalhando na manutenção daquilo que já está contratado, eventualmente, renegociando a velocidade de entrega em função exatamente desta questão (orçamentária)”, afirmou. Um dos contratos renegociados foi o do helicóptero HX-BR. A previsão inicial era que a Airbus entregasse 13 equipamentos por ano, mas, para reduzir o fluxo de caixa, esse número foi revisto para sete entregas anuais, aumentando em dois anos o prazo inicial. Jaques Wagner garantiu que nenhum programa será descontinuado.
“Creio que, ao final de 2016, a gente já terá um horizonte mais confortável na área orçamentária”, estimou o ministro. “Falar agora de novas aquisições é impossível”. Na quarta-feira (13), Jaques Wagner se encontra com o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drien e embarca para Brasília ainda na parte da manhã.
FONTE: RFI
É também o que penso , este acordo com a Airbus aparece quando a Russia entra no Jogo, para mim um Acordo com a Russia ,de longe é a mais interessante ,vamos bancar os Bobos novamente se não fizermos um Grande Acordo com a Russia !!!!
Por que só agora??? Por que só depois da proposta dos russos aparece a Airbus com esse convite? Me explique s`il vous plaît …
…………essa parceria sugerida pelos franceses realmente deixa o pessoal desconfiado até porque eles tem a base de foguetes de Kourou,na Guiana praticamente ali perto…hummm… e pra que querem Alcantara?não podem lançar de Kourou?…. será melhor primeiro conversar com os russos e ver quais propostas…depois trata com os franceses ……ooooo,um olho na missa.outro no padre…ai tem….
Concordo! Aí tem coisa viu, temem um possivel acordo com os russos!
Estranho e ler uma coisa absurda, como essa que esta nessa reportagem !
“Atualmente,a instalação é usada para lançar foguetes ucranianos …“
Quem escreveu a matéria parece não estar a par do assunto,pois todos nós sabemos que nenhum foguete ucraniano foi lançado de nossas bases, nessa famigerada parceria brasilo ucraniana !
Espero somente que o governo tenha bom senso nesse acordo e não faça como fez com o acordo com a Ucrânia que não trouxe nenhum benefício para nosso desenvolvimento e ainda nos custou caro.
flw
Embora interessante a proposta me parece uma manobra francesa uma vez:
1) Eles seriam concorrentes diretos com seu centro de lançamentos em Kourou na Guiana francesa, portanto um projeto de satélites de pequeno porte PODE esconder a intenção preemptiva de evitar que outro projeto de porte similar ao ucraniano volte a ameaçar no futuro a competir com eles a partir de Alcântara;
2) o Brasil JÁ TEM um projeto de lançador de pequenos satélites com a Alemanha, o novo projeto teria que ser de um patamar superior aos foguetes em desenvolvimento atuais;
É claro que se deve analisar a proposta, mas com as devidas análises e cautelas.
É Giba, a impressão é que os franceses procuram “bloquear”Alcântara, ainda mais agora que os russos fizeram uma proposta. Mas qualquer coisa tem os norteamericanos também…;)
Disse tudo. Pensei escrever a mesma coisa. Pra mim é isso mesmo, pura manobra francesa. Direcionar os parcos recursos oferecendo parceria naquilo que não compete com eles.
Espero que alguém do governo tenha o mesmo entendimento
Mais atraso.
Até a onde vai a paciência de nossas força.