Por Virgínia Silveira
O ex-presidente e um dos fundadores da Embraer, Ozires Silva, foi convidado pela direção da fabricante brasileira para avaliar a proposta de uma potencial combinação de negócios feita pela americana Boeing, iniciativa classificada por ele como “muito elegante”. As negociações tornaram-se públicas na semana passada. Sem dar detalhes das conversas entre as duas empresas, Silva afirmou que a Boeing está disposta a encontrar uma solução que atenda aos interesses das duas empresas e, ao mesmo tempo, tenha o aval do governo brasileiro e dos acionistas.
O objetivo, segundo ele, é aumentar o poder de competição das duas empresas no mercado mundial de aviação. Silva lembrou que o processo de privatização da Embraer também enfrentou desafios e oposição, mas que se não tivesse sido feito, a Embraer não teria sobrevivido. Veja a seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Valor.
Valor: Como o senhor avalia as discussões entre a Embraer e a Boeing sobre uma potencial combinação de negócios?
Ozires Silva: Embora não tenha nenhum cargo na Embraer, fui chamado pelo presidente Paulo Cesar [de Souza e Silva] e o presidente do conselho de administração da empresa, Alexandre Gonçalves Silva, para conversar sobre a proposta feita pela Boeing. Eu li a carta que a empresa enviou à Embraer e considerei a proposta muito elegante. Apesar de haver uma exploração contrária a esse processo, principalmente por parte do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, lembro que o mesmo aconteceu no processo de privatização da empresa, em 1994, mas se ele não tivesse sido feito a Embraer não teria sobrevivido.
Valor: A Boeing tem interesse em adquirir o controle da Embraer?
Silva: O controle não está em discussão. A ideia é continuar como está. Existe um novo posicionamento no mercado de aviação mundial e os grandes fabricantes como a Boeing, Airbus, Bombardier e Embraer têm que responder a isso. A aproximação entre a Boeing e a Embraer também é uma reação natural à compra que a Airbus fez das operações de jatos regionais da canadense Bombardier. O governo brasileiro não é contra essa parceria e os acionistas da Embraer estão conversando com as autoridades, que entendem que a empresa precisa buscar o mercado dela.
Valor: Que tipo de parceria está sendo avaliada entre as duas empresas?
Silva: O que está sendo discutido é a questão mercadológica, que vem mudando bastante e de forma acelerada. Os custos de operação das aeronaves estão subindo muito e, por outro lado, aviões muito grandes, como o Airbus A380 não estão atendendo às expectativas do mercado. Os passageiros querem mais frequência de voos e os modelos na faixa de 250 a 350 lugares têm se mostrado mais lucrativos para essa nova demanda e devem se tornar o mercado dominante num futuro previsível.
Valor: Quais os benefícios que essa composição traria tanto para a Embraer e como para a Boeing?
Silva: Não se trata de uma composição entre uma empresa grande com uma empresa pequena. As duas companhias decidiram se unir movidas por interesses diferentes, mas que se somam. A soma é maior que a diferença entre elas. A Boeing, por exemplo, tem enfrentado problemas com suas equipes técnicas, com vários colaboradores experientes se aposentando. Ela avalia que seria necessário mais cinco anos para fazer a reposição tecnológica que ela tinha no passado. A Embraer, por sua vez, possui uma equipe técnica ágil, jovem e muito competente. Os aviões precisam ser adaptados às novas tecnologias para reduzirem seus custos operacionais. O inimigo do avião é o peso e os materiais compostos tem se tornado cada vez mais uma opção interessante. As empresas podem somar forças e trabalhar nisso juntas.
Valor: A liderança da Embraer no mercado mundial de aviação regional é o principal fator de interesse da Boeing nessa possível composição?
Silva: Aviação regional é o maior mercado do mundo, mas a lucratividade desse segmento depende de custos laterais, como infraestrutura aeroportuária e combustíveis. No Brasil as oportunidades são imensas, pois o país só atende a 100, das suas 5.500 cidades com transporte aéreo. A China é outro mercado gigante e muitas de suas cidades não tem transporte aéreo porque os aviões que operam no país são muito grandes. A ideia é que as duas empresas tenham flexibilidade para atender a toda a demanda do mercado. A Boeing, por outro lado, ajudaria a Embraer a entrar no mercado que ela não está, de aviões de maior porte, na faixa de 250 a 350 passageiros, por exemplo, com uma solução que pode ser desenvolvida em parceria.
FONTE: Valor
Eu acho que o governo deve manter o poder de veto mas passar a direção dos jatos regionais para a Boeing, porque se não fosse a privatização essa quadrilha que governam o país quando acabou o regime militar a Embraer não existiria mais.
Devemos lembrar que este homem mentiroso foi presidente da Varig e como ex funcionario fomos todos enganados com sua conversa mole.
Esperem e verao que a embraer sera engolida pela Boeing.
O Brasil que abra o olho muitas empresas já deixaram de existir após essas fusões, sou a favor de somar forças para competir no mercado internacional, mas tem que manter a soberania de desenvolvimento, produção e é claro a marca.
É engraçado como os comunistas de plantão, falam mal dos EUA, mas se esquecem que sem o mercado e a tecnologia americana a EMBRAER jamais teria sobrevivido. A Embraer é basicamente uma integradora de tecnologias americanas. Mérito dela. Isto é muito bom.
Vou ser direto. Se a Embrear não se aliar a Boing será o fim dela no ramo civil em alguns anos ou décadas. Não tem condições economicas para competir contra Airbus ou mesmo a Boing caso ambos queiram se aventurar no mercado em da Embrear. Airbus já deu seus passos, cabe a Embraer entender onde ela esta pisando.
Exatamente! Mas como explicar isso para pessoas em uma país onde 99% jamais tiveram sequer 1 aula de economia ou gestão? Onde 50% da população está endividada com cartão de crédito e cheque especial? País onde sites de cunho totalmente ideológico/politiqueiros dão voz em temas técnicos.
Se a Boeng não quer o controle da Embraer,então oque ela quer realmente? Ozires Silva fala,fala e não diz nada nessa entrevista ,é óbvio que os EUA querem o controle da EMBRAER e ainda há muita coisa que nós não sabemos á respeito dessa negociata !