Por Mario Cesar Flores
O País está em crise grave. O Estadão pergunta, sobre a reconstrução do Brasil: o que é fundamental? As respostas que vêm de imediato à mente de seus leitores enfatizam temas como saúde, educação, segurança, desemprego, infraestrutura e outros que afetam o dia a dia da vida nacional. Mas o que seria mesmo fundamental? O destino histórico não é determinista inexorável. Nenhum país é desenvolvido ou subdesenvolvido, rico ou pobre em razão essencialmente de sua geografia – extensão, topografia, localização –, clima, abundância ou carência de recursos naturais e terra fértil.
Entendo, portanto, que a reposta à pergunta do Estadão é: a “reconstrução do Brasil” depende fundamentalmente da formação democrática de uma estrutura política e sua sistemática de funcionamento – elencos competentes e corretos, instituições e normas eficazes – capazes de conduzir o Brasil protegido dos percalços que o vêm atribulando, muito em anos recentes. Balizada pelo interesse nacional, a condução política competente e correta promoverá as soluções dos vários problemas nacionais.
Do Brasil colônia até hoje o desempenho da nossa condução política tem estado comumente aquém da complexidade do País e estamos vivendo hoje um surto grave desse déficit. A Constituição de 1988 induziu um modelo político em que o sistema partidário é permeado por legendas eleitorais travestidas de partidos sem consistência programática e ideológica, mas influentes no funcionamento do nosso regime de fato: o confuso presidencialismo de coalizão, naturalmente vulnerável à improbidade e no qual a governabilidade é condicionada por interesses e perspectivas dos partidos – de suas lideranças –, nem sempre coerentes com os nacionais.
As reformas que qualquer cidadão medianamente instruído e sensato entende como necessárias, hoje em evidência a da previdência do serviço público e do INSS, são vistas com cautela, se não com relutância, pelos agentes políticos institucionalmente envolvidos nelas. Cautela e relutância típicas da cultura do nosso sistema político, que cultiva a estabilidade no que deveria ser missão delegada. Os congressistas se sentem ameaçados pelos prováveis reflexos no humor do eleitorado atingido pelas correções. A síndrome da reeleição que (é justo admitir) não é apenas brasileira, é inerente a todo regime democrático, está presente nas suas decisões.
Também são vistos como influentes no humor do eleitorado, e por isso evitados ou objeto de abordagens periféricas, temas complexos e controversos, como as revisões da sistemática política (a reforma política que atinge os agentes reformadores) e do paradigma do serviço público corporativista poderoso.
Não existe solução singular que não afete a equação fiscal, hoje em risco dramático: toda solução singular exige recursos e a definição de prioridades, inexorável diante das limitações fiscais, é responsabilidade política também sujeita a dissabores eleitorais. Nossa condução política atual tem indicado ser difícil que ela venha a superar óbices e “reconstruir o Brasil”. Difícil, mas não impossível, e para adequá- la à necessidade do País não precisamos de atropelos institucionais como foram a Revolução Gloriosa dos 1600 na Inglaterra, as Revoluções Francesa e Meiji, que controlaram o absolutismo contrarreformista anterior – o que não aconteceu em Portugal, que ficou para trás, com reflexos no Brasil.
De fato: a democracia, com sua revolução pacífica e democrática – a eleição –, em que a arma do povo é o voto, permite-nos optar pelo progresso em tranquilidade, sem tumulto radical. O sucesso dessa hipótese – a formação de condução política com condições para promover a “reconstrução do Brasil” a tempo de evitar o pior – depende do “saber escolher”, quesito inseguro em razão do despreparo de parte ponderável da população.
Depende da revisão da sistemática político- eleitoral, que, embora a realidade sugira a renovação, vem favorecendo a continuidade praticamente à revelia do desempenho (novamente, parte do eleitorado é incapaz de avaliá- lo). E depende também da prevalência da esperança sobre a desilusão com a política, que vem alimentando a apatia conformada, o voto nulo ou o não voto – quesito que preocupa porque significa o aval do povo ao status quo.
Se essa hipótese não se confirmar, o poder virá a ser conferido, também democraticamente, a políticos que manterão os vícios do regime atual ou, no clima de crise em que vivemos, a políticos que manipularão nuanças flexíveis da democracia para exercê-lo com o viés autoritário típico de ilusões salvacionistas de direita ou esquerda. Viveremos o flagelo de devaneios e medidas redentoristas como a execração do “inimigo do povo” – imperialismo, elites, bancos… –, o controle social da mídia, a contenção de preços “na marra”, e por aí vai… Os tropeços da democracia autoritária e seu declínio rumo ao fracasso – a Venezuela hoje –, anestesiados pela consagração do messias mítico (Perón, Fidel Castro, Hugo Chávez…). A “reconstrução”, obviamente, ver-se-á postergada.
Reflexões de cidadão preocupado…
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
O BRASIL não precisa ser reconstruído ,precisa é de uma ELITE COMPROMISSADA COM O PAÍS, o povo brasileiro nunca foi o causador das mazelas desse país, o nosso grande problema esta na elite, que é dona da imprensa ,dos meios de produção, da ”justiça” e de tudo que é crucial a vida do cidadão comum ! Essa elite suga esse país desde 1500 e se esconde feito rato ! Onde já se viu um país onde poucas famílias se apoderaram,são donas da imprensa e fazem oque querem como se fossem donas da verdade,semeando seus interesses próprios
como se fossem a verdade ?
Então Cesar seguindo o teu pensamento um exército de mil homens vence fácil outro exército de 100 mil homens, hora como o problema é a elite se quem coloca este pessoal lá pra fazer esta bagunça é o povo e não me vem dizer que o povo é engando pela elite que temos bons exemplos de gente que prefere garantir os seus cento e tantos reais por mês sem trabalhar a ganhar mil reais ou mais trabalhando, que vai e faz protesto e quebradeira por sanduíche de pão com mortadela, a culpa é de todos nós que não cobramos e não nos interessamos por estes assuntos e só queremos reclamar, não importa o partido ou quem esta lá mandando, enquanto o povo não tomar as rédeas do Brasil isso nunca vai mudar, temos que ter um povo mais educado que valoriza suas tradições, família e que procure fazer o que é ceto e não em levar vantagem sobre o próximo. Não esqueça que o míssil bom é aquele que derruba a aeronave ou afunda o navio não importa se é moderno ou antigo.
Meu caro Beto Santos, o seu comentário só vem a afirmar o meu,como eu disse antes é a elite sem compromisso com a nação,que detém o controle e mantém o povo na ignorância,porque isso lhe convém,esse ”povo” que você se refere que recebe ”cento e tantos Reais” é uma minoria,a maior parte do povo brasileiro trabalha duro !
Você fala em um povo que valorize as suas tradições,eu conheço muitos que fazem isso,mas convenhamos como poderemos aumentar esse número em um país onde a mídia (controlada pela elite sem compromisso com a nação) estimula o contrário ?
Agora vou responder a pergunta inicial, um exército de 1000 homens vence fácil outro exército de 100.000, se o primeiro exercito (o de 1000 homens) tiver táticas e tecnologias que submetam o de 100.000, como ocorre no BRASIL !
Eu lhe aconselho a ler a Arte da guerra de Sun Tzu ,vai lhe ser bem útil ! Grande abraço !