O Conselho de Defesa da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (CONDEFESA FIEB) é um elemento-chave no fortalecimento da indústria de defesa na Bahia. Atuando como um elo entre governo, academia e indústria, o CONDEFESA promove inovação e desenvolvimento tecnológico no setor. Nesta entrevista, Luiz Garcia Hermida, presidente do Conselho fala sobre os desafios enfrentados pela indústria de defesa e segurança no Brasil e a importância da Mostra BID para o fortalecimento da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS).
Mostra BID: Fale um pouco sobre a atuação do CONDEFESA da FIEB?
Hermida: O CONDEFESA FIEB desempenha um papel fundamental no fortalecimento da Tríplice Hélice na Bahia e região, promovendo a interação entre governo, academia e indústria para fomentar a inovação e o desenvolvimento no setor de defesa. O CONDEFESA FIEB atua como um elo de ligação, facilitando a comunicação e a cooperação entre esses três pilares essenciais. Esse esforço é crucial para criar um ambiente propício à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, essencial para o progresso da indústria de defesa na Bahia.
Além disso, o CONDEFESA apoia vigorosamente as indústrias baianas, ajudando-as a se posicionarem no competitivo mercado de defesa. Isso é feito através de iniciativas que incluem a promoção de parcerias estratégicas, a facilitação de acesso a recursos e a oferta de suporte técnico e operacional. Um destaque importante é o avanço nas negociações e implementação dos acordos de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação (RDT&E) e do Reciprocal Defense Procurement (RDP) entre Brasil e Estados Unidos. Estes acordos são vitais para a transferência de tecnologia e a colaboração em projetos de defesa de alto impacto, fortalecendo a capacidade tecnológica e industrial da Bahia e do Brasil como um todo.
Mostra BID: Quais são os principais desafios enfrentados pela indústria brasileira de defesa e segurança?
Hermida: A indústria brasileira de defesa e segurança enfrenta diversos desafios complexos que limitam seu crescimento e sua competitividade no cenário global. Primeiramente, o elevado custo tributário e trabalhista, conhecido como Custo Brasil, representa uma barreira significativa, tornando os produtos nacionais menos competitivos no mercado internacional. Outro desafio importante é o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Comparado a outros países, o Brasil investe relativamente pouco em P&D na área de defesa, o que dificulta a inovação e a capacidade de competir tecnologicamente. Adicionalmente, a indústria é composta majoritariamente por pequenas e médias empresas, muitas com menos de 40 empregados, o que limita a economia de escala e a capacidade produtiva para competir com grandes players globais.
A dependência das compras governamentais também é um fator crítico. A maioria das empresas do setor depende fortemente das aquisições feitas pelo governo, criando incertezas na demanda e dificultando o planejamento estratégico a longo prazo. Além disso, há uma carência de políticas públicas contínuas e eficazes para fomentar a inovação e o desenvolvimento tecnológico no setor. A necessidade de desenvolver tecnologias de uso dual, que possam ser aplicadas tanto em contextos civis quanto militares, é outro desafio significativo. Esta versatilidade tecnológica é crucial para a sustentabilidade e o crescimento da indústria de defesa. A infraestrutura inadequada e a falta de programas de capacitação contínua para os profissionais do setor também afetam negativamente a capacidade de inovação e desenvolvimento tecnológico. Superar esses desafios requer uma abordagem coordenada entre governo, indústria e academia, bem como a implementação de políticas públicas robustas que incentivem o investimento e a inovação no setor de defesa.
Mostra BID: Na sua opinião, de que forma a Mostra BID pode contribuir com a BIDS (Base Industrial de Defesa e Segurança)?
Hermida: A Mostra BID Brasil é uma plataforma estratégica essencial para o fortalecimento da BIDS do Brasil. Este evento facilita a criação de negócios ao proporcionar um espaço onde empresas do setor podem apresentar suas inovações e estabelecer parcerias comerciais. A exposição de produtos e tecnologias avançadas durante a Mostra BID abre oportunidades de exportação e colaborações internacionais, ampliando o mercado para as empresas brasileiras.
Além disso, a Mostra BID é fundamental para o aumento do conhecimento setorial dentro da BIDS. O evento reúne especialistas, pesquisadores e profissionais da indústria, promovendo o compartilhamento de informações e melhores práticas. Workshops, seminários e painéis de discussão realizados durante a mostra permitem o debate sobre os desafios enfrentados pelo setor, ajudando a identificar soluções e estratégias inovadoras. A Mostra BID também serve como um fórum para o compartilhamento de casos de sucesso, onde empresas podem aprender com as experiências de outras organizações que superaram desafios semelhantes. Este compartilhamento de conhecimento é vital para o desenvolvimento contínuo da BIDS, promovendo a adoção de tecnologias emergentes e práticas inovadoras que podem ser replicadas em toda a indústria.
Ao reunir os principais stakeholders do setor de defesa e segurança, a Mostra BID facilita o debate sobre os desafios enfrentados pela indústria, incluindo questões de financiamento, regulação, inovação e competitividade. Este diálogo é essencial para a formulação de políticas públicas que apoiem o crescimento sustentável da BIDS, garantindo que o Brasil continue a desenvolver uma base industrial de defesa forte e autossuficiente. O grande diferencial da Mostra BID Brasil é que ela é uma vitrine para as capacidades produtivas, tecnológicas e inovadoras brasileiras, na qual somente participam empresas com produtos nacionais.
FONTE: Rossi Comunicação