Por Luiz Padilha
A Babcock marcou presença no 2º Seminário de Manutenção de Navios Militares, com o CEO Marcelo Ferraz que apresentou a empresa ao público presente, destacando as atividades em diferentes áreas, com gestão inclusive nos mais importantes aeroportos do Brasil.
Na sequência o engenheiro Juan Carlos Portillo, Chefe de Vendas Internacional, apresentou as capacidades da Babcock na gestão e manutenção dos meios de defesa, com foco na apresentação de técnicas para uma potencial redução de custo e prolongamento de vida útil dos ativos da Marinha do Brasil.
Durante sua palestra, Juan Portillo explicou que todos as dificuldades que a Marinha do Brasil enfrenta atualmente, a Royal Navy já enfrentou anteriormente, como política de defesa, orçamento, despesas com pessoal, uso extensivo de equipamentos e falta de manutenção por exemplo.
A Babcock implementou 3 mudanças no modelo de gestão utilizado pela Royal Navy:
- Gestão de sobressalentes por categoria
- Gestão de sobressalentes a bordo dos navios
- Contratos de manutenção por disponibilidade
A redução do estoque por grupos melhorou a disponibilidade. Onde antes haviam peças caras que não eram utilizadas, passou-se a ter em estoque as peças que realmente os navios precisam, com a Babcock atualmente sendo responsável por 90% das categorias de sobressalentes.
A melhoria e efetividade do inventário e a redução dos custos pode ser comprovada através da análise de gestão do inventário de bordo da fragata HMS St. Albans, que possuia 7.589 itens a bordo, a um custo de 20 milhões de libras e uma efetividade de apenas 8,56%. Após a Babcock assumir o controle, o custo foi reduzido a 8 milhões e seiscentas mil libras e a efetividade disparou para 98,15%, mostrando que a decisão da Royal Navy em passar a gestão de sobressalentes para a Babcock, foi acertada.
Mudança de paradigma
Para se chegar aos resultados expostos, houve uma mudança radical na forma como os contratos passaram a ser feitos. A RN define suas necessidades e a Babcock assume o controle de todos os aspectos dos contratos, assumindo a responsabilidade e capacidade de decisão nas áreas de Engenharia, Suporte Técnico, Planejamento do Ciclo de Vida, Manutenção, Reparação, Revisão Geral, Suporte de Engenharia e Gestão de Inventário de Compra.
PHM Atlântico ex-HMS Ocean
Enquanto o PHM Atlântico esteve ativo na RN como HMS Ocean, o navio possuia alta taxa de disponibilidade devido a gestão da Babcock, que lhe proporcionava 9 meses de operações por ano, com 4 meses em operação e 1 mês de manutenção, na sequência mais 5 meses de operação e 2 meses de manutenção, conferindo-lhe 93% de disponibilidade por ano.
Esses são apenas alguns exemplos de como a mudança de gestão, proporcionou uma melhor utilização das verbas, proporcionando maior disponibilidades dos meios navais da RN, o que pode vir a ser, caso assim deseje, uma opção para a Marinha do Brasil.
Panorama Orçamentário da MB para Área de Manutenção e Perspectivas Futuras
Em sua palestra, o Contra Almirante José Vicente de Alvarenga Filho, Subchefe de Logística e Plano Diretor do Comando de Operações Navais, expôs o desafio da Marinha em superar a baixa disponibilidade de sobressalentes no Sistema de Abastecimento da Marinha (SAbM), a dificuldade na obtenção de sobressalentes para os navios, pelo fato de que 90% dos sobressalentes cadastrados no Banco de Dados da Marinha são de procedência estrangeira, o que eleva o custo e o tempo de obtenção.
A dificuldade exposta é melhor observada através do quadro onde aparecem todos os Distritos Navais e os meios que cada um opera, sendo que nem todos os distritos possuem um dique para docagem e manutenção mais profunda dos meios. Mas o desafio não para na dificuldade de obtenção apenas, ele passa pela logística em após receber as peças, envia-las para diferentes regiões do país, afim de possibilitar o retorno dos meios ao setor operativo o mais rapidamente possível.
Seria a solução apresentada pela Babcock, um caminho a ser seguido pela Marinha, para a solução desses problemas?
E como vc … um ex militar … vc vê uma empresa privada gerenciando esse setor? … Pois na minha otica a empresa privada desperdiça menos … e pode ser demitida se não fizer um bom trabalho.
Sou Engenheiro de Tecnologia Militar, especializado em manutenção e tecnologia militar, ênfase em eletrônica. Prestei serviços de manutenção na MB por toda minha vida profissional, até me aposentar 32 anos servidor e 12 anos prestador de serviços. Apesar de não atuar na logística de material, percebia e criticava (desde 1974) a forma como a MB montava seus estoques de material. Os paióis estavam repletos, cheios de material, no entanto, como mantenedor e reparador, na hora que eu precisava de determinados material, este nunca constava no estoque. Milhares de dólares em estoque, parados por anos e nunca utilizados. Acredito que a logística de gestão de material não era observada por pessoas que atuavam na manutenção. Acho o conteúdo deste Seminário muito interessante. Se levado a sério por Intendentes que entendam de logística de manutenção, e não simples compradores, funcionará.
Escrito por Engenheiro João Augusto Santos Freitas – ex-ETM do CETM hoje CMS e atuante por 12 anos na reforma das Fragatas Classe Niterói e Corvetas Classe Inhaúma.