A Marinha do Brasil (MB) reinaugura, no dia 14 de janeiro, a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). As novas edificações configuram uma área de aproximadamente 4.500m2. Destacase no projeto arquitetônico a substancial ampliação da capacidade de pesquisa da nova estação em comparação à antiga, saindo de quatro para dezessete laboratórios no total, projetados e equipados para atender a uma multiplicidade de necessidades da comunidade científica brasileira, dentre os quais destaca-se: meteorologia, biociências, química, microbiologia, biologia molecular, bioensaios e de múltiplo uso.
O prédio principal da EACF está dividido em três grandes blocos, distribuídos da seguinte forma:
• Bloco Leste: destinado às pesquisas, convívio e serviços da EACF. Nele, estarão 14 laboratórios, refeitórios, cozinha, setor de saúde, sala de secagem e oficinas;
• Bloco Oeste: setor privativo e de convívio dos hóspedes da estação, onde estão instalados os 32 camarotes, uma biblioteca, uma academia e sala de vídeo/auditório. Em seus níveis inferiores, encontram-se os paióis de mantimentos e os tanques de água potável e para combate a incêndio; e
• Bloco Técnico: responsável por todo o controle e demanda da rede elétrica, sanitária e automação da estação, além de possuir espaço destinado à garagem de viaturas. É composto, dentre outros, por estação de tratamento de água e esgoto, praça de máquinas, geradores, sistema de aquecimento de água, setor de tratamento e incinerador de lixo e paióis diversos.
A execução de obras no continente antártico é uma atividade complexa, que envolve uma grande quantidade de variáveis, levadas em consideração para que a construção do empreendimento pudesse transcorrer com o menor número de imprevistos. Em razão das condições severas do clima da região, as obras foram planejadas para ocorrer somente no período do verão antártico, situado entre os meses de outubro e abril. Dessa forma, foram necessários três anos para que as instalações da EACF atingissem o ponto que permitiu sua operação com segurança, o que ocorreu em março de 2019. No entanto, em função da necessidade do comissionamento e teste dos novos sistemas, além do adequado treinamento do Grupo-Base, optou-se pela inauguração no início de 2020.
Nesse período da construção, estiveram envolvidos, direta e indiretamente, diversos colaboradores, dentre os quais destacam-se os engenheiros e operários da empresa China National Electronic Imports and Exports Corporation (CEIEC), chegando a somar 263 na área da estação no verão de 2018/2019; fiscais do MMA/IBAMA responsáveis por fiscalizar e mitigar possíveis impactos ambientais da obra no sensível ecossistema antártico; Engenheiros Navais da Marinha que acompanharam todas as etapas da empreitada, desde a elaboração do projeto técnico, pré-montagem dos módulos na China e sua efetiva construção na Antártica; militares dos Grupos-Base da EACF auxiliando na fiscalização e provendo os meios necessários para a permanência do pessoal na região com segurança e conforto; as tripulações dos Navios Polar “Almirante Maximiano” e de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, auxiliando no transporte de pessoal e material; e os militares do PROANTAR, no planejamento e condução das Operações e coordenação do apoio logístico necessário.
Desde a decisão pela reconstrução da EACF, tomada logo após o incêndio da antiga estação, decorreram várias fases até que tudo estivesse pronto para a inauguração. Dentre essas fases destacam-se:
– Em agosto de 2015 – Assinatura do contrato de construção em agosto de 2015 com a empresa CEIEC;
– De janeiro a fevereiro de 2016 – Execução de serviços geológico-geotécnicos complementares na área da construção na Antártica, a fim de adequar o projeto às características geológicas da região;
– De março a novembro de 2016 – Fabricação, na China, das fundações e estruturas. Nesse período foi feita a montagem em Xangai de um modelo em escala natural das instalações (MOCKUP), de forma a verificar e solucionar possíveis problemas de projeto e construção.
– De dezembro de 2016 a março de 2017 – Execução das obras de fundação na Antártica. As edificações utilizam fundações em blocos de concreto que, devido às dimensões e peso final, foram fabricados em peças prismáticas menores, as quais foram montadas diretamente nas cavas, cujas profundidades variam em torno de 2,0 metros.
– De abril a outubro de 2017 – Fabricação e pré-montagem da estação ainda na China. Nesta fase, toda a estrutura e todos os módulos foram fabricados e pré-montados. Em seguida, foram desmontados e preparados para transporte ao continente antártico. A pré-montagem foi utilizada para minimizar os riscos de falta de material e para reduzir a possibilidade de problemas durante a montagem.
– De dezembro de 2017 a março de 2018 – Fase 1 de montagem da EACF na Antártica. Os trabalhos foram iniciados pelo Bloco Oeste da estação. Ao final do verão, este bloco foi parcialmente concluído. Além disso, o Bloco Leste teve sua estrutura inferior montada e os Módulos Isolados de Comunicações, Meteorologia e Ozônio e de Very Low Frequency (VLF) foram instalados.
– De setembro a outubro de 2018 – Pré-montagem de equipamentos e conclusão de serviços internos nos módulos da estação.
– De novembro de 2018 a abril de 2019 – Fase 2 de montagem da EACF na Antártica. Foram instalados os blocos leste e técnico e finalizadas as redes e infraestrutura externa, a instalação dos aerogeradores e a construção da Área de Pouso Administrativo.
– De abril de 2019 a março de 2020 – Realização dos testes de aceitação, comissionamento dos sistemas e equipamentos e o treinamento do Grupo-Base “FERRAZ” para a operação e manutenção da EACF durante o inverno de 2020.
FONTE: MB
NOTA do EDITOR: O DAN estará na Antártica realizando a cobertura da reinauguração da EACF.
Que notícia fantástica!
Haverá a transmissão ao vivo do evento por algum meio? Rádio, tv, internet?
Mais uma vez PARABENS por mais esta excelente materia. Vcs poderiam incluir nos proximas publicaçoes plantas mais detalhadas das instalaçoes. Serria bem interessante para termos uma ideia mais ampla. Abraços.
Um marco da engenharia chinesa…
Discordo amigo. Todo o projeto de arquitetura são de brasileiros, alias em um grande concurso. A execução das obras de engenharia é que foi executada pelo menor preço pelos chineses. Portanto não é um marco chinês. O prédios de Dubai e as obras de estádios de Pequim durante as Olimpíadas tiveram empresas holandesas em sua execução, então é um marco holandês?
Pera…. o projeto arquitetônico foi brasileiro? E a engenharia foi chinesa? Então…. grande marco da engenharia…. chinesa…
Eu fui excessivamente ufanista e você, em minha opinião pessoal, muito raso em sua afirmação. Sendo um projeto brasileiro, poderia ter sido executado, claro que com dificuldades, por empresas de engenharia nacionais. Já tínhamos algum know how em construção na Antártica desde 1980, visto as instalações da EACF. Para a nova empreitada foi aberto uma licitação internacional onde os chineses foram vencedores pelo menor preço. Não que a obra não pudesse ser feita por brasileiros, temos alguma capacidade para tal, mas o preço de execução chinês pesou. Revendo sua resposta, sim um grande feito da engenharia chinesa. Mas também com pontos positivos para a engenharia brasileira que ajudou no projeto.
Olá amogos, sou um dos autores do projeto arquitetônico da nova estação. Para dar corretamente os créditos, segue um breve resumo de todo o processo:
-O projeto arquitetônico vitorioso no concurso foi desenvolvido por nós do Estúdio 41, de Curitiba, e nesta etapa todas as consultorias foram feitas com engenheiros brasileiros. Após a vitória nós fizemos a contratação do escritório de engenheiros para desenvolvimento do projeto executivo para as 12 disciplinas complementares, sendo que só encontramos tal equipe com qualificação técnica exigida, em uma única empresa, no exterior. A empresa que desenvolveu o projeto executivo das engenharias foi de Portugal, a Afa Consult, enquanto nós desenvolvemos o projeto arquitetônico e coordenamos toda a etapa de projeto, que também contou com consultorias de empresas do Canadá, Alemanha, Argentina, Espanha e Mônaco. O processo da obra se iniciou com lançamento de licitação que só permitia empresas nacionais concorrendo, e não houve nenhuma empresa brasileira interessada/qualificada, sendo que esta licitação deu vazia. A segunda licitação para a obra foi internacional, com a empresa chinesa oferecendo um valor 40 milhões de reais mais barato do que a segunda colocada e 120 milhões de reais mais barata do que a terceira colocada, sendo assim vencedores do certame. Os chineses executaram muito bem a obra, e a Marinha do Brasil fiscalizou severamente e deu todo apoio necessário a execução deste tremendo feito da arquitetura e engenharia mundial, uma vez que sem a presença de pessoas de várias partes do mundo seria impossível tal tarefa ser realizada.
Obrigado pelas informações e parabéns pelo trabalho. Sabe informar se os refúgios Cruls e Goeldi, situados nas ilhas Nelson e Elefante, também foram ou serão modernizados no mesmo padrão da nova EACF?
Negativo.
Muito obrigado aos dois pelos esclarecimentos. Concordo com o colega quando diz que fui raso em minhas afirmações, confesso que não conhecia a fundo o processo ocorrido. Parabéns!
Comentário sem fundamento nenhum…como sempre
Pera…. o projeto arquitetônico foi brasileiro? E a engenharia foi chinesa? Então…. grande marco da engenharia…. chinesa…
Olá amogos, sou um dos autores do projeto arquitetônico da nova estação. Para dar corretamente os créditos, segue um breve resumo de todo o processo:
-O projeto arquitetônico vitorioso no concurso foi desenvolvido por nós do Estúdio 41, de Curitiba, e nesta etapa todas as consultorias foram feitas com engenheiros brasileiros. Após a vitória nós fizemos a contratação do escritório de engenheiros para desenvolvimento do projeto executivo para as 12 disciplinas complementares, sendo que só encontramos tal equipe com qualificação técnica exigida em uma única empresa do exterior. A empresa que desenvolveu o projeto executivo das engenharias foi de Portugal, a Afa Consult, enquanto nós desenvolvemos o projeto arquitetônico e coordenamos toda a etapa de projeto que também contou com consultorias de empresas do Canadá, Alemanha, Argentina, Espanha e Mônaco. O processo da obra se iniciou com lançamento de licitação que só permitia empresas nacionais concorrendo, e não houve nenhuma empresa brasileira interessada/qualificada, sendo esta licitação deu vazia. A segunda licitação para a obra foi internacional, com a empresa chinesa oferecendo um valor 40 milhões de reais mais barato do que a segunda colocada e 120 milhões de reais mais barata do que a terceira colocada, sendo assim vencedores do certame. Os chineses executaram muito bem a obra, e a Marinha do Brasil fiscalizou severamente e deu todo apoio necessário a execução deste tremendo feito da arquitetura e engenharia mundial, uma vez que sem a presença de pessoas de várias partes do mundo seria impossível tap tarefa ser realizada.
correção: a diferença nos custos foram de 16 milhões de reais em relação ao segundo colocado na licitação e de 40 milhões de reais em relação ao terceiro
correção, a diferença nos custos foram de 16 milhões de reais em relação ao segundo colocado na licitação e de 40 milhões de reais em relação ao terceiro
KKKK o Dan entrou numa fria, não podia perder a oportunidade, parabéns a marinha por reativar o complexo de pesquisa e ao Dan por estar lá nesta fria enquanto nós estamos cozinhando aqui neste calorão (aqui a sensação térmica hoje foi de mais de 45 graus e alta humidade) mas tenho certeza que virá uma ótima reportagem pra todos nós lermos e vermos, abraços a todos e boa viajem ao Dan.
Beleza as montagens e intalações no tempo previsto , e a oportunidade de controlar as variações magneticas do polo sul do planeta terra . Parabéns a toda equipe na antartica.
Parabéns ao DAN pela iniciativa de realizar a cobertura da reinauguração da Estação.