Visualize a cena: em meio a uma guerra, com meios aéreos e terrestres, as unidades de artilharia antiaérea, da Força Aérea Brasileira (FAB), inseridas no interior do Rio Grande do Sul, em Santana da Boa Vista, recebem um ataque cibernético aos seus radares e sistemas de comando e controle, provocando uma queda nas suas comunicações.
Como manter a capacidade de identificar aeronaves inimigas em aproximação sob ataque eletrônico? Como manter as comunicações seguras entre equipes deslocadas e observadores avançados?
Essa foi justamente uma das simulações realizadas com as Unidades de Artilharia Antiaérea no contexto “Escudo” do EXCON Escudo-Tínia 2023, sob a coordenação do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE). Entre os objetivos dessas simulações está o adestramento do efetivo na atuação em operações multidomínios, que é um dos grandes diferenciais da sexta edição do Exercício.
Mas como entender o conceito de operações que envolvem multidomínios? No que diz respeito às Forças Armadas, o propósito dessas operações é realizar ações em um domínio de modo a potencializar ou intensificar as operações em outros domínios, visando a criação de efeitos convergentes a partir dos domínios aéreo, terrestre, marítimo, espacial e cibernético. Esses efeitos criam um problema amplo e único para o adversário lidar.
“Em 2023, o EXCON Escudo-Tínia é um marco para a Força Aérea Brasileira, pois representa a nossa eficiência no emprego multidomínio. Podemos nos comparar com grandes nações no aspecto de segurança e defesa. Imagine, por exemplo, um cenário onde imagens de satélites identificam um alvo inimigo. Isso será utilizado para fazer levantamento sobre o terreno e a defesa inimiga, o que poderá facilitar o lançamento de paraquedistas com segurança e, simultaneamente a isso, será possível também realizar um ataque cibernético às comunicações do inimigo enquanto as nossas aeronaves mantêm a superioridade aérea. Portanto, vejo que o Exercício Escudo-Tínia representa não apenas a nossa capacidade atual, mas também o nosso compromisso contínuo com a inovação e a excelência nas operações”, ressaltou um dos integrantes da Célula de Programação de Guerra Eletrônica do EXCON Escudo-Tínia, Major Aviador Raoni Avilez Fiedler.
Nesse cenário, vale destacar a atuação do espaço cibernético, como um dos cinco domínios operacionais, que permeia os demais, visto que as movimentações advindas dessa área podem criar liberdade de ação para atividades em outros domínios, assim como atividades em outros domínios também criam efeitos dentro e através do espaço cibernético. Tudo com um objetivo central: alavancar capacidades de vários domínios, obter efeitos ofensivos e defensivos e promover consciência situacional no efetivo, que passa a trabalhar com dilemas que exigem soluções complexas, rápidas e dinâmicas.
Um dos integrantes da Célula Aeroespacial do EXCON Escudo-Tínia, Major Aviador Antonio Pereira Damasceno Neto, destaca a importância do domínio aeroespacial nas atividades do EXCON Escudo-Tínia deste ano. “Nessa operação, utilizamos mais de 90 imagens obtidas em diferentes horários do dia e da noite, e nas mais diversas condições meteorológicas. Isto fortalece nossas capacidades de realizar atividades de busca, vigilância e detecção de mudanças continuamente durante uma Operação. O uso destas capacidades reforça o potencial das imagens de satélite como fonte de inteligência do planejamento estratégico ao tático”, explicou o militar.
A influência do domínio cibernético se estende também no emprego das aeronaves que estão atuando nas missões aéreas compostas (COMAO). Nesse sentido, foi criada uma Célula Conjunta de Defesa Cibernética, cuja finalidade é acompanhar a execução de atividades, contribuir para a proteção cibernética do EXCON Escudo-Tínia e inserir aspectos de guerra cibernética nas missões de Supressão das Defesas Aéreas Inimigas (SEAD, do inglês, Suppression of Enemy Air Defenses).
“O nosso papel no EXCON Escudo-Tínia 2023 é atuar no domínio cibernético, entender o nosso espaço de interesse e poder integrá-lo com demais domínios, como o espacial, o terrestre e o aéreo”, destacou a integrante da Célula Conjunta de Defesa Cibernética do Comando de Preparo (COMPREP), Tenente Engenheira de Computação Bruna Hoffmann Medeiros Alves.
Em complemento ao assunto, o integrante da Célula de Cenário da Direção do EXCON Escudo-Tínia, Major Aviador Felipe De Barros Lima Duarte Pereira, pontua a integração dos domínios cibernético e aéreo. “Quando integramos as capacidades de satélites e cibernéticas para degradar a capacidade do inimigo e aumentar a das nossas aeronaves, começamos a ter resultados muito mais expressivos com os mesmos meios, para garantir a soberania do espaço aéreo”, pontuou.
O responsável pela Coordenação do Exercício e Chefe da Célula de Controle do EXCON Escudo-Tínia, Coronel Aviador Daniel Ferreira Manso ainda destaca a importância da atuação da FAB em multidomínios. “Esse Exercício é um ponto de inflexão para a Força Aérea Brasileira e marca o término de um ano de planejamento e treinamento intensos. Além disso, também nos coloca no mesmo nível de outras Forças Aéreas em termos de emprego multidomínios’, concluiu.
Escudo ……?
Radar e Estilingues ..