Na última segunda-feira, 19 de junho, quando soldados israelenses entraram em Jenin, na Cisjordânia, para, segundo a Força de Defesa de Israel (IDF), deter dois palestinos procurados, o caos se instalou na região. Alguns soldados estavam disfarçados entre a população local (os chamados “mistaaravim”, que se fazem passar por árabes) mas, assim que foram descobertos, o conflito teve início.
Dado o contexto, a ação logo escalou para uma troca de tiros e explosões de coquetéis molotov e outros artefatos pelo lado palestino. Um veículo blindado de Israel foi atingido por um desses explosivos e oito militares, entre soldados e policiais de fronteira, ficaram feridos. Para evacuá-los, pela primeira vez em 20 anos, desde a Segunda Intifada (2000-2004), um helicóptero israelense modelo Apache realizou ataques aéreos para afastar os palestinos do carro.
Segundo a população local, cinco moradores de Jenin foram mortos e cerca de 100 outros ficaram feridos nos confrontos. A ala local da Jihad, conhecida como Batalhão Jenin, admitiu que membros do grupo detonaram explosivos perto de veículos do exército e atiraram contra o helicóptero.
Segundo a jornalista Daniela Kresch, correspondente no Oriente Médio do Instituto Brasil-Israel (IBI), é fundamental ter atenção ao tipo de narrativa que se impõe sobre os acontecimentos: “Os israelenses estão certos de que entrar em vilarejos palestinos de madrugada e prender pessoas em suas casas – muitas vezes sob olhares traumatizados de seus filhos – é justificável para evitar ataques terroristas. No caso dos palestinos, eles estão certos de que os judeus – é assim que eles chamam os israelenses – estão ocupando toda a Palestina histórica, incluindo Tel Aviv ou Haifa, que para eles também estão sob ocupação, e que tudo o que eles fazem é lutar contra isso”, explicou Daniela.
“Essas duas narrativas, esses dois pontos de vista sobre a História, não se encontram em ponto algum, são paralelas e contraditórias. No momento em que se entende que elas justificam as ações de cada lado – que age com ‘racionalidade’ de acordo com sua narrativa -, é possível começar a desfiar o novelo desse conflito”, analisou a jornalista do IBI.
Para entender o conflito na Cisjordânia – Os conflitos na Cisjordânia têm raízes históricas e religiosas profundas, relacionadas à disputa pela posse da terra entre judeus e palestinos. Desde a criação do Estado de Israel, em 1948, houve uma série de guerras e conflitos entre os dois grupos, com a Cisjordânia se tornando um dos principais campos de batalha. Essa situação tem se agudizado nos últimos anos, com o aumento dos assentamentos israelenses na região e as reivindicações palestinas por um Estado independente. A violência perpetua ainda mais, na Cisjordânia, a polarização e a desconfiança entre os dois grupos, dificultando ainda mais a possibilidade de paz duradoura.
FONTE: Instituto Brasil-Israel