Por Drake Bennett | Bloomberg Businessweek
Para aqueles que sonham com a multiplicação de forças – como estrategistas militares e adolescentes “nerds” – não há muitas coisas capazes de superar o uso de um drone. A não ser que se tenha uma frota inteira de drones trabalhando de maneira coordenada. Essa visão ficou um pouco mais próxima da realidade em 15 de maio, quando a DreamHammer, uma companhia novata de Santa Mônica, na Califórnia, lançou uma versão de teste de um software que permite a uma pessoa controlar múltiplos veículos não tripulados. O software, chamado Ballista, serve para todos os tipos de drones: veículos aéreos, exploradores com rodas, navios ou submarinos. Em tese, uma única pessoa com um iPad pode comandar seu próprio “Dia D robótico”.
O Ballista pretende resolver um problema pouco percebido nos drones atuais: eles não são tão eficientes, em termos de pessoal, quanto os veículos tripulados. Cada drone que os militares e os serviços de inteligência dos Estados Unidos enviam em uma missão exige toda uma equipe operacional e de apoio, incluindo um piloto, uma pessoa que cuida dos equipamentos periféricos (geralmente uma câmera ou sensor), outra que planeja as rotas e outra que entende os dados.
O Ballista consolida grande parte disso. Um único operador pode controlar uma frota de drones usando uma interface parecida com a de um videogame, rodando em um PC, tablet ou smartphone. Uma pessoa pode pilotar um avião Global Hawk, por exemplo, junto com o Predator e um ScanEagle, embora eles sejam fabricados pela Northrop Grumman, General Atomics e Boeing, respectivamente.
Um programa como o Ballista “é algo que o Departamento de Defesa busca há muitos anos”, diz Dave Deptula, um general aposentado que comandou as áreas de inteligência, vigilância e reconhecimento da Força Aérea dos EUA e hoje é consultor da DreamHammer. O Ballista torna mais fácil a automação de tarefas básicas como itinerário ou mesmo busca. Isso poderá ser útil em todos os tipos de situação. Tome, por exemplo, os incêndios florestais. Um satélite que detecta fumaça poderá encaminhar para o local uma frota de drones não tripulados carregados de água, tudo isso sem esperar por uma iniciativa humana.
Parte da dificuldade de se coordenar múltiplos drones é que os vários fabricantes usam seus próprios softwares. Essa é uma maneira útil de “prender” clientes, mas torna difícil a comunicação entre veículos de companhias diferentes, além de prejudicar a inovação. Nelson Paez, diretor-presidente da DreamHammer, compara isso ao mercado de computadores das décadas de 50 e 60, dominado pela IBM e poucas outras gigantes. “Se você precisasse de um chip de memória, tinha que recorrer à IBM”, lembra ele. “Era muito caro.”
Mas no fim da década de 70, Microsoft, Oracle e outras companhias de software começaram a oferecer aplicativos e sistemas operacionais que trabalhavam em qualquer computador. Isso unificou a experiência em todas as máquinas e permitiu aos desenvolvedores de softwares imaginar novos usos – planilhas, design, animação. Paez afirma que o Ballista faz a mesma coisa com o ainda “feudal” mundo dos drones. Como interface, o Ballista opera sobre o sistema operacional de um drone, mas também pode ser usado para agregar funções que os sistemas originais não oferecem.
A maior parte da receita da DreamHammer resulta da venda de kits de desenvolvimento de softwares para o governo dos EUA e fabricantes de drones. Em agosto, a companhia começará a cobrar dos fabricantes uma taxa de pré-instalação do Ballista, do mesmo jeito que a Microsoft cobra de fabricantes de PCs como Hewlett-Packard (HP) e Dell pela instalação do Windows. Paez afirma que essa conectividade poderá permitir uma grande variedade de novas aplicações para os drones – assim como houve a multiplicação do uso dos PCs na década de 1980 -, em um momento em que o mercado de drones civis prepara-se para explodir. A Federal Aviation Administration pretende abrir o espaço aéreo dos EUA para as aeronaves comerciais não tripuladas em 2015.
A possibilidade de um futuro em que qualquer pessoa poderá controlar sua própria frota de drones certamente desperta preocupações óbvias sobre as liberdades civis, sem mencionar as preocupações com segurança. Paez não teme o futuro com os drones. Ele está animado com as possibilidades: pacotes da FedEx transportados rapidamente pelos céus por formações de aviões sem pilotos, aeronaves não tripuladas trabalhando em conjunto com tratores não tripulados no manejo de fazendas gigantescas – e até mesmo garçons robóticos. “A GM e outras fabricantes de automóveis vêm usando robôs desde a década de 60”, diz ele. “Precisamos sair da Idade da Pedra em que estamos.