Em Maryland, em uma zona florestal, é possível avistar o muro da base militar de Fort Meade, sede da agência mais secreta do mundo e um dos principais centros de espionagem militar dos Estados Unidos.
A base mantém sob rígidos padrões de segurança uma pequena cidade em crescimento de 17 mil soldados e suas famílias, com novos projetos de casas e, como não poderia ser diferente, um centro comercial com planos de se expandir, no qual não faltam as redes de fast-food e lojas de artigos militares.
Sob esta discrição idílica e campestre estão as sedes da Agência Nacional de Segurança Nacional (NSA) e do Serviço de Segurança Central (CSS), que conformam a maior agência secreta do mundo; o ciber comando do Pentágono, encarregado do setor de espionagem, e a DISA, o departamento que desenha a rede de comunicação de Defesa do país.
A NSA, cujo orçamento secreto multiplicou na última década e já poderia superar os US$ 10 bilhões – o maior de toda a rede de inteligência -, é o motor da bonança de Fort Meade.
Na agência trabalham cerca de 35 mil empregados civis e militares, e milhares devem se somar ao projeto nos próximos 15 anos.
O estacionamento da NSA, com tamanho equivalente ao de 45 campos de futebol, mostra a dimensão deste grupo de ciber espionagem que é completamentado com um centro de empresas privadas próximo, também em expansão.
À frente deste império está Keith Alexander, de 61 anos, um general de quatro estrelas que em 2010, ao assumir após cinco anos como diretor da NSA/CSS também a chefia do ciber comando, se transformou no czar da ciber espionagem e da inteligência digital.
Além de buscar pistas sobre ameaças terroristas no mundo, Alexander é encarregado de melhorar as capacidades dos EUA na “ciber guerra fria” com potências como China, Rússia e nações como o Irã.
O jornal “The Washington Post” revelou no início deste mês uma carta assinada pelo presidente Barack Obama em outubro na qual ordena que os responsáveis pela segurança nacional, entre os quais Alexander ocupa um lugar central, desenvolvam capacidades ofensivas para realizar um ataque cibernético se for necessário “com pouco ou sem pré-aviso”.
Alexander dirige um corpo de matemáticos, criptógrafos e especialistas em informática na NSA e suas adjudicatárias privadas que tem a capacidade de tombar infraestruturas de rede vitais para um país ou inabilitar armamento com um alto componente digital.
Uma pista do modus operandi destas operações foi o vírus Stuxnet (criado em meados da década passada pela NSA, a CIA e os serviços secretos israelenses), que permitia manipular o sistema de controle industrial que é utilizado em complexos como usinas de tratamento de água ou uma usina nuclear.
O vírus, amplamente estudado após ficar conhecido em 2010, permitiu danificar milhares de centrífugas que enriqueciam urânio na central iraniana de Natanz, um ataque do qual os Estados Unidos nunca se responsabilizou.
Para a agência de ciber segurança europeia ENISA, o Stuxnet “foi realmente uma mudança de paradigma…uma nova classe e dimensão do malware (vírus informático) por sua complexidade e sofisticação ao combinar, por exemplo, quatro vulnerabilidades diferentes do Windows”.
Recentemente, um porta-voz da Microsoft, criador do sistema operacional Windows, reconheceu que a empresa trabalha de maneira estreita e constante com a NSA, avisando com adiantamento sobre as vulnerabilidades que encontradas em seus programas antes de publicar suas atualizações.
Com orçamentos que parecem alheios à crise, as agências de Fort Meade ajudam a levantar trincheiras virtuais, aperfeiçoar o armamento do futuro e filtrar o vasto barulho da internet pelo bem da segurança nacional dos Estados Unidos.
FONTE: Terra